quarta-feira, 14 de abril de 2010

GUERRA SEM QUARTEL

Na Cúpula de Washington sobre Segurança Nuclear, finalizada em 13/04/2010, na qual participaram 47 nações, - inclusive o Brasil - foram alcançados importantes acordos para reduzir o risco de uma catástrofe de consequencias inimagináveis, sendo consensual entre os participantes o imperativo de uma intensa colaboração entre todos e a necessidade do estrito cumprimento das normas da AIEA – Agência Internacional de Energia Atómica – organismo diretamente subordinado às Nações Unidas.

Em resumo, um pouco de bom senso na estupidez do homem na sua volúpia de autodestruição por atacado, desde que, segundo especialistas, os arsenais nucleais no fim da Guerra Fria, em 1989, apenas considerando os EUA e a ex-URSS, eram suficientes para destruir toda a vida no planeta mais de 1.000 vezes. Que desperdício inacreditável!

Isso, sem considear a ameaça - potencialmente ainda mais terrível - dos arsenáis químicos e biológicos ainda em poder das grandes potências, o que também comprova a força da parte escura do ingenio humano a serviço de formas cada vez mais letais de destruição, infelizmente aperfeiçoadas (?) continuamente nos últimos 5.000 anos.

As terras de América colonizadas (ou escravizadas?) por Espanha e Portugal 500 anos atrás estão, aparentemente, livres desses pesadelos, pelo menos por agora. Porém, outros enemigos tão destruidores e sinistros ameaçan o progresso e o bem estar de seus mais de 500 milhões de habitantes, que suportam o ataque sem tréguas daquilo que podemos, com toda propriedade, batizar de “nossos” Quatro Cavaleiros do Apocalipse: A POBREZA, A VIOLÊNCIA, O NARCOTRÁFICO E A CORRUPÇÃO.

Os quais, tal hidra maligna, possui estreitas relações uns com os outros, formando uma corrente perversa que ocasiona danos irreparáveis á qualidade de vida, ofuscam a democracia e possuem um enorme potencial para gerar conflitos, internos e externos, solapando e fragilizando as instituiçõe e as perspectivas de progresso dos países–vítima, elevando progressivamente seus níveis de carências econômicas, sociais e psicológicas.

O triste exemplo do México está na vitrine e serve de alerta para a urgência de medidas práticas – não de retórica política – para empenhar todos os esforços e todos os recursos para combater esses fragelos.

Por outra parte, antes tarde que nunca, parece ganhar espaço no saber convencional dos governantes da América Latina de que esse combate pode ser muito mais efetivo se as ações são coordenadas a nível regional – pelo menos - com um trabalho conjunto de seus serviços de inteligência, seus organismos de segurança, seus sistemas judiciários e todas as forças responsáveis da sociedade organizada para combater e tentar ganhar essa guerra não declarada, porém não menos maléfica, e cuja virulência tem aumentado quase que exponencialmente nessa primeira década do Século XXI.

Pelo menos é o que se pode extrair das declarações, acordos e juras de boas intenções que, com uma visão do melhor dos mundos (irreal, na verdade!) encerram as cumes dos mandatários da UNASUL – União das Nações Sul-Americanas; do MERCOSUL – Mercado Comúm do Sul; da Comissão de Segurança Hemisférica da OEA - Organização dos Estados Americanos; e do MCCA – Mercado Comum Centro-Americano.

Nesse esforço conjunto, o Brasil tem o papel-chave de protagonista principal em razão de sua importância econômica, estratégica e geo-política e, sob qualquer ponto de vista, a sua vitória nessa cruzada para derrotar esses enemigos ardilosos terá importância decisiva no sucesso do esforço para construir um futuro mehor para os povos da América Latina.

terça-feira, 6 de abril de 2010

ATAQUE FRONTAL

Em março de 2010, no transcorrer da XI Assembléia Popular Nacional - a APN é o orgão legislativo máximo da China – foram analisadas, debatidas e definidas as grandes metas e os caminhos que o colosso asiático deve trilhar para atingir seus objetivos políticos, econômicos, financeiros, sociais, estatégicos, ambientais e internacionais.

As decisões dessa Assembléia, que reune 3. ooo representantes de todas as regiões do país e que, em geral, aprovam estudos e propostas dos grupos da elite do planejamento do governo, têm uma importância indiscutível e decisiva para pautar as ações executivas dos dirigentes chineses, sendo utilizadas como uma orientação fundamental para obter os resultados positivos que mais interessam ao dragão asiático que, é bom notar, abriga um quinto dos habitantes do planeta, com problemas, carências e anseios proporcionais a sua grandeza humana, econômica e territorial. E, acreditem, com os olhos fixos no horizonte onde deve alcançar seu objetivo maior:Vir a ser a primeira potência do globo... até 2030!

Não pode passar por alto que a China - marcando diferenças evidentes com as atuações das potências historicamente detentoras da coroa da dominação planetária - atua com a paciência e competência de um consumado jogador de xadrez para alcançar essa ascendência mundial, objetivo não confessado e não por isso menos desejado, ainda que cautelosamente disfarçado sob a cortina de sorrisos, amabilidades e declarações bem comportadas da diplomacia chinesa.

Sob a pressão natural da maioria de seus habitantes que anseiam por uma melhor qualidade de vida, a China tem pressa e sabe que precisa fazer muito mais que os avanços espectaculares alcançados nas últimas três décadas. O presidente Hu Jintao – que em poucos dias estará no Brasil – enfatiza no encerramento da XI Assembléia: "É necessário mudar o modelo de desenvolvimento econômico e dar maior atenção aos temas do interesse imediato da cidadania. Essa mudança é urgente e precisa acontecer no menor prazo possível, sob pena de consequencias potencialmente desastrosas para o futuro da China”.

Especialistas da Universidade de Pequim – que abriga o principal “think tank” do governo - assinalam que nos próximos anos a “aceleração da mudança” será o ponto-chave nas discussões, programas e ações executivas e indutoras do governo.

(Aliás, por favor, não confundir com nosso PAC ainda que, em muito, têm lá suas semelhanças. Apenas, fica no ar a dúvida se, por efeito emblemático das coisas da economia, nossos especialistas em desenvolvimento não repetem as mesmas receitas que deram certo na distante terra do urso panda. Ou pode, por magia, ser o contrário?).

Agora, no front externo, a China também tem pressa e acelera sua presença e influência com a atuação incansável de seus “caixeiros viajantes promotores das boas relações com todos os povos” - destaque especial para o presidente Hu Jintao; o primeiro ministro Wen Jinbao; e o Ministro das Relações Exteriores, Yang Jiechi – que percorrem todos os cantos do planeta numa peregrinação jamais antes conhecida no mundo da diplomacia, distribuindo generosamente apertos de mão, sorrisos e ...montanhas de dinheiro, especialmente para países da África e América Latina. Nos intervalos, fecham acordos para garantir os suprimentos de matérias primas, imprescindíveis para movimentar a gigantesca máquina de produção do país asiático e também, para não perder a viagem, conseguem o apóio – ou a neutralidade- para a realização de seu objetivo maior, logicamente não anunciado, para atingir o posto de maior potência do planeta, hoje ocupado pelos EUA.

No mais, tem comprovado condições para chegar ao ápice, lembrando que são discípulos aplicados dos ensinamentos do mestre Confúcio: “No trabalhoso caminho da vida, tudo se consegue com paciência, equilibro e persistência”.