Novos paradigmas
Em 1944, no fragor infame da 2ª. Guerra Mundial, na
conferência de Bretton Woods (EUA) foi
criado o Banco Mundial (BM) e suas instituições satélites –o Fundo Monetário Internacional (FMI) é seu
braço financeiro mais importante - que dominaram o mercado de investimentos e
ajuda financeira para os países pobres e em desenvolvimento nos últimos 75
anos.
Nos tempos atuais, quando a globalização está liderando as
profundas mutações econômicas e sociais pelas quais estamos passando, em Julho
de 2014, em Fortaleza (Brasil), na 6ª. Cume dos BRICS – fórum que reúne Brasil,
Rússia, índia, China e áfrica do Sul - bate o martelo, após dois anos de
negociações, e criam seu próprio banco de desenvolvimento, o NOVO BANCO DE
DESENVOLVIMENTO (NBD) que, em princípio, será um concorrente de peso do BM,
sinalizando claramente a chegada de um tempo de mudanças, que, entre outras
conseqüências, pode ser o primeiro grande passo para a monumental construção de
um mercado livre Sul-Sul, projeto que tem na China um advogado tenaz e
conseqüente.
O bloco tem credenciais impressionantes: Reúnem 3,0
bilhões de habitantes, 43% da população mundial; seu PIB (Produto Interno
Bruto) já ultrapassa os US$13 trilhões, 16% do total global e, pelo andar da
carruagem, deve ultrapassar àquele dos EUA - e também o PIB da UE -
possivelmente bem antes de 2020; três deles - China, Rússia e Índia - são
potências atômicas e incursiona agressivamente na conquista espacial; possuem
recursos naturais imensos, especialmente o Brasil, que apenas devem ser
explorados racionalmente e com respeito integral ao meio ambiente; seu imenso
território conjunto, de mais de 44 milhões de Km2, é quase cinco vezes maior
que a superfície dos EUA; o crescimento de sua economia é, de longe, aquele que
dá a maior contribuição ao desenvolvimento mundial; e, de um modo ou outro, com
exceção da Rússia, compartem o mesmo passado de dominação e exploração por
parte dos países mais ricos, o que, de muitas maneiras, contribui para uma
visão diferenciada da realidade e dos mecanismos para solução dos graves
problemas que afligem a humanidade.
Uma mudança significativa
Mudando o eixo EUA-Europa no jogo do poder mundial, fica
ainda mais evidente a possibilidade de fragmentar muito mais a governança
planetária, com novas particularidades de confronto de interesses e com a
expectativa de que essa nova entidade financeira internacional contribua
diretamente para combater o presente “assimetria econômica” e abra caminho para
um desenvolvimento sustentável e mais acelerado dos países emergentes.
Os “5” chegaram a um acordo – para muitos observadores com
um amplo sentido histórico – que, a diferença do BM cuja liderança é sempre dos
países ricos e cujo presidente é escolhido pelos EUA, existem claros princípios
de igualdade entre seus participantes do NBD, que terá uma presidência
rotativa, escolhida a cada cinco anos, sendo a Índia a primeira a exercer a
esse cargo, seguido pelo Brasil, Rússia, África do Sul e China.
Outros cargos chaves nesse primeiro período ficam com o
Brasil, que indicará o primeiro presidente do Conselho de Administração e com a
Rússia, que exercerá a presidência do Conselho de Governadores. A sede do banco
será em Xangai – que já está entre os três maiores centros financeiro do mundo
– e a África do Sul vai sediar o Centro Regional Africano, lembrando que o
continente africano alberga o maior número de países clientes em potencial da
nova entidade.
Agora, esperar para
ver como o NBD vai minar o poder tradicional e contribuir realmente para a
construção de um mundo mais justo e de paz.