sexta-feira, 27 de junho de 2014

DESAFIOS


As causas ocultas
Em recente conferencia sobre as causas da crise global proferida para uma seleta platéia no Clube de Madrid - prestigioso fórum mundial integrado por antigos Chefes de Estado e de Governo – o ex Presidente Bill Clinton foi enfático em reconhecer que “os sistemas econômicos mais conhecidos e badalados nos últimos 100 anos– seja o liberal - capitalista, seja o socialista-guardam em suas entranhas os fundamentos do atual desordem na governança global, desde que encobrem e alimentam as verdadeiras causas desses infortúnios”.

 E, para assombro de muitos que esperavam ouvir alguns bem conhecidos dogmas do saber econômico, o famoso orador destaca: “Esses inimigos da humanidade são conhecidos pelos títulos de egoísmo; materialismo; soberba; consumismo; corrupção; ganância; ânsia de poder; pobreza; desigualdade e desrespeito pelo meio ambiente. Esses sim são, na sua essência, os grandes construtores de crises”.

A globalização
A crise que assola a economia desde a metade de 2007 deixou bem claro que a globalização – fenômeno, econômico, político, social, planetário e perversodesde que trata os desiguais de forma igual – tem força avassaladora, não reconhece fronteiras, não deixa ninguém de fora e colocam grandes e pequenos no mesmo redemoinho.

Ou seja, ficou mais que evidente que, direta o indiretamente, no curto ou médio prazo, todos dependemos de todos. E que a desgraça de uns, tal como a bonança, é tão contagiosa como a essas doenças repentinas que vêm, quem sabe de onde, para estropiar nosso bem estar.

O comércio internacional
 O papel do comércio internacional foi um dos temas que o presidente do Conselho Empresarial, China-América Latina, Wan Jifel, ressalvou no seu discurso de abertura do recente evento reunindo empresários de ambos continentes: “Nesses momentos de perturbação do clima de negócios, precisamos insistir para no cair no canto de sereia do protecionismo como penácea para corrigir as penúrias das economias em crise, buscando soluções que podem aparecer como politicamente atraentes no curto prazo, mas que, inevitavelmente, no médio e longo prazos, causarão males muitos maiores daqueles que se pretende remediar”

“A Historia e os fatos são eloquentes em demonstrar que o desenvolvimento sustentável, do ponto de vista econômico, é muito melhor servido com o crescimento dos fluxos de negócios entre as nações. Nós temos nas mãos um bom exemplo da cooperação exitosa sul-sul que não deve ser artificialmente estorvado. Isso, entre outros benefícios importantes, favorece a recuperação da economia mundial”.

 A função estabilizadora dos negócios internacionais é componente fundamental para materializar as boas relações entre os países e, como conseqüência, é vital para a criação do clima necessário para a manutenção da pazEsse aspecto dos negócios internacionais merece uma atenção redobrada de todas as entidades empresariais que, de um modo até agora pouco lembrado, são também parte importante do esforço para manutenção da harmonia ente as nações.

As Nações Unidas tem demonstrado exaustivamente que existe uma correlação direta entre comércio, desenvolvimento e paz, onde se verifica que quando existem laços comerciais fortes, as controvérsias são suavizadas pelo predomínio de interesses comuns. 

Nos últimos meses, Ucrânia pode servir de exemplo.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

PRECISAM-SE HERÓIS


 Exportar é a solução

Quase 50 anos atrás o slogan da campanha oficial para motivar as empresas a sacudir a poeira do letargo colonial das exportações tradicionais de café, cacau, açúcar, banana e madeira, tomava a forma de “Exportar é a solução”, colocando nas costas das vendas externas o encargo maior na ingente tarefa de acelerar nosso desenvolvimento. Em termos, seria algo assim como o PAC da época, só que, basicamente, sob responsabilidade de empresas privadas que conquistam mercados no exterior.

Historicamente, foi a primeira vez que a burocracia governamental demonstrava entender a importância crucial da inserção internacional do País - de suas empresas - como alavanca para a geração de riquezas e como incentivo para a melhoria da qualidade, da produtividade e do emprego, assim como elemento crucial para incentivar a aplicação de novas tecnologias e de novos sistemas de gestão. Ou, de outro modo, tinha a virtude de potencializar um elo fundamental no circulo virtuoso do desenvolvimento.

Hoje, num mundo onde o comércio internacional é uma das medidas mais importantes para julgar a capacidade de competir nos cenários globalizados, as exportações brasileiras têm também o rol estratégico de contribuir diretamente para manter e acelerar o processo de desenvolvimento que, convenhamos, nos últimos tempos tem andado de lado, mal arranhando uns minguados 2% anuais, claramente insuficientes para as necessidades de um crescimento economicamente sustentável e muito abaixo do imperativo de um País que, entre outras coisas, pretende atender a mudança para uma distribuição de renda menos injusta que, comparativamente, nos coloca entre os mais desiguais do mundo.

Por outra parte nossas exportações, representando pouco mais de 1% do total mundial e fortemente concentradas em poucas centenas de grandes empresas, muitas delas multinacionais, indicam a conveniência estratégica de multiplicar o número de vendedores nos mercados globalizados, motivando a mais empresas - especialmente as pequenas e médias (P&M), notadamente industriais - a competir internacionalmente, tanto pelo significado específico do negócio além fronteiras, como pela percepção de que o sucesso no mercado interno recebe a influência direta das atividades externas, desde que ambos os espaços mantêm, cada vez mais, íntimas relações de interdependência.

Ou, em síntese: Crescer mais e melhor no mercado interno a partir dos benefícios das ações nos mercados externos. Exatamente tal como fazem muitos milhares de empresas num mundo cujo comércio internacional atinge uma terceira parte do PIB planetário.

Precisamos heróis

Para vencer as batalhas além fronteiras é preciso programar políticas coerentes com a realidade, cientes que dezenas de milhares de competidores também procuram um lugar ao sol. Portanto, isso obriga a manter princípios de excelência & competitividade, com uma visão promissora do futuro e sempre mantendo a firme disposição de realizar ações sob o escudo de mecanismos de eficiência, inovação e criatividade.

Precisamos insistir na imperativa necessidade de colocar o aumento das exportações na cabeça das prioridades de todos os agentes, públicos e privados, na busca obsessiva de uma melhoria continua, em todos os aspectos – mais exportadores, mais produtos, mais mercados, mais rentabilidade - de nossas vendas além fronteiras. Não adiantam os lamentos - que as mais das vezes, apenas engrossam o coro de justificações que encobrem incompetências crônicas - desde que as exigências dos tempos modernos demandam claramente ações eficazes, pautadas na evidente capacidade de competir em mercados cada vez mais ariscos, difíceis e exigentes mais, por outra parte, visivelmente crescentes, promissores e lucrativos.

Precisamos de heróis obsessivos dispostos a participar - e ser vitoriosos – nessa guerra comercial permanente, que é a realidade dos negócios nesse nosso mundo globalizado. Heróis - empresário-empreendedores – com um apóio governamental inteligente e desburocratizado (?).

Mas, fundamentalmente, em todos os níveis, com o apóio, motivação e participação imprescindível das entidades privadas que associam as empresas em todo o Brasil.






sexta-feira, 6 de junho de 2014

PARA LER NA CAMA


Forças gigantescas pugnam pela supremacia global, num mundo onde a única certeza é que tudo deve mudar. No horizonte apenas perceptível dos tempos que virão e buscando acalmar a inquietude dos mais afoitos para decifrar os signos dos Oráculos para tentar predizer o futuro, nada melhor que fazer uma síntese de alguns poucos aspectos que, de um modo ou outro, vai contribuir para demarcar o futuro. E, para alguns, até pode ser bom para aprimorar sua postura como inquilinos temporários do Planeta Terra:

Vivemos num mundo de complexidade crescente, distorções avassaladoras e paradoxos inexplicáveis. Isso, em síntese, colabora para aumentar a insegurança material, social e psicológica dos seres que transitam por este atribulado pedaço do universo.
Muitos acreditam que estão presos a um sistema e político, econômico e financeiro que não entendem, não desejam e não atende suas expectativas. Conseqüentemente, precisa mudar. A grande dúvida é como mudar e para onde.
Nos países mais ricos, é natural que grande parte de seus habitantes tenha a esperança de desfrutar de um ganho adequado e crescente. Essa maioria habitua-se a que isso é perfeitamente natural, condicionando assim seus desejos e expectativas. Tradicionalmente, esse modo de ver o futuro parece não aceitar nem entender a existência de limites naturais nos recursos disponíveis do planeta.
 A globalização não tem criadores conhecidos, não tem início definitivo no tempo, não tem nacionalidade. Simplesmente, aconteceu. Então, em conseqüência, não tem compromissos. È livre para fazer o bem – como muitas vezes realmente faz. Mas também pode semear o mal e contribuir para as mazelas que afligem a humanidade, como muitas vezes acontece. Quem sabe, deve ser vista apenas como a continuação do processo milenar para tentar encontrar o caminho da prosperidade. Ou, eventualmente, como uma forma para impor a vontade dos poderosos – que tudo têm – para a maioria – que pouco ou nada têm.
 As 500 maiores multinacionais {empresas, conglomerados, entidades} são as verdadeiras detentoras do poder globalizante. Essa fantástica concentração de força permite decisões centralizadas que podem mudar, a sua vontade, o curso da vida de muitos povos da terra.
A verdade crua e nua é que o motor do crescimento da grande empresa è a ânsia incontrolável de lucro. E do poder a ele associado.
Desde o princípio dos tempos conhecidos, de um modo ou outro, os mais fortes impuseram sua vontade sobre os mais fracos.
Um novo colonialismo veste a aparência do conhecimento, da tecnologia, das patentes, dos direitos de quem chegou (o fez) primeiro. Persistentemente, com outra roupagem, recria o passado e pode considerar-se como o maior perigo que assombra o futuro dos países menos aquinhoados.
 É preocupante a semelhança, no mundo todo, entre os erros nefastos cometidos pelas lideranças políticas e os gestores econômicos nos últimos dois séculos e a crise que assola o mundo nesse começo de Século XXI. Nunca aprenderemos?
A História ensina que na guerra, na política e na economia, as primeiras vítimas são a verdade e a inocência. Por isso são, de muitas formas, os matadores encobertos das ilusões.
Predizer como será a China – considerada o maior fenômeno econômico da história conhecida da humanidade – é um exercício matemático usados profusamente por respeitáveis entidades pelo mundo afora. Para isso usam os dados do passado para predizer o futuro, repetindo velhos erros – a meu ver - e deixando de lado lições milenares.
Inevitavelmente, tudo muda. Apenas não sabemos quando isso vai acontecer.
 Confúcio e Buda, enigmaticamente, continuam a sorrir.