terça-feira, 31 de março de 2015

ÁGUA



 Especialistas das Nações Unidas em mudanças climáticas debatem e sugerem soluções para administrar mais eficientemente e evitar a crescente escassez da commodity mais preciosa do planeta, tentando propor ações para evitar aquilo que os pessimistas de plantão não hesitam em batizar como “uma das causas mais prováveis de guerras na segunda metade do Século XXI”.

 Como pano de fundo permanece a severa advertência do organismo internacional de que a mudança climática, o crescimento demográfico, a poluição e o uso inadequado, provocaram um aumento da pressão sobre a demanda da água disponível, o que obriga a repensar como satisfazer esta galopante necessidade que põe em risco o futuro do planeta.  

 Os fatos reclamam a necessidade urgente de melhorar substancialmente o gerenciamento dos recursos hídricos, sob pena de continuar reduzindo a disponibilidade de água de boa qualidade para uns 33% (2.500.000.000) dos habitantes da terra, dos quais quase 1.000.000.000 sofrem de forma crônica da falta desse elemento insubstituível.

Nesse panorama desolador, cabe lembrar a excelente posição do Brasil na posse territorial do liquido vital, já que com menos de 3% da população do planeta, possui 15% de suas águas doces.

 Mas, por outra parte, não podemos esquecer que essa aparente abundancia do recurso esconde a realidade de sua distribuição regional distorcida, com abundancia fora do alcance das áreas mais povoadas e necessitadas do Brasil. No último ano, isso foi cruelmente comprovado com a insuficiência de chuvas no Sudeste e Centro Oeste, o que trouxe à tona, uma vez mais, os riscos de nosso processo de urbanização e a necessidade de gerenciar eficientemente nossos recursos hídricos.

 Como exemplo, entre as grandes nações, a China, com 19% dos habitantes do globo dispõe de apenas 5% da água utilizável, fazendo desse um problema crucial cuja saída é um dos grandes desafios de seu governo.

 Como parte da solução, a China está construindo um canal de 2.500 km para levar água do Rio das Pérolas, no sul, para as secas regiões do nordeste. A obra, exemplo de como os chineses encaram os grandes problemas no longo prazo, foi iniciada há quase uma década, deve ser concluída até 2040 e tem um custo estimado em 62 bilhões de dólares!

 E tem mais provas do esforço desse país para administrar eficientemente o uso do valioso elemento: Nos últimos 10 anos, a duplicação da produção agrícola não gerou aumento do consumo de água nas lavouras chinesas.  E, desde 1990, cada 10% do aumento do PIB, significaram apenas um acréscimo de 1% no consumo de água para uso industrial!

 São exemplos notáveis que comprovam que o casamento da vontade política com a tecnologia e a qualidade da gestão dá excelentes resultados.

 No caso do Brasil, o grande destaque é o Projeto de Transposição do São Francisco, que pretende o desvio de 1,5% da vazão do rio para regiões carentes do Nordeste, contribuindo decisivamente para solucionar os problemas decorrentes da falta de água para 12 milhões de pessoas.  Sem dúvida, isso deve ocasionar um impacto de grandes proporções no ambiente social, econômico e político nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, com resultados muito positivos no ritmo e qualidade de seu desenvolvimento.

 Pensar no longo prazo é fundamental. O que significa que não é sem tempo para iniciar os grandes projetos que o Brasil precisa para atender as necessidades das gerações futuras.

 

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V

terça-feira, 24 de março de 2015

AS GARRAS DO DRAGÃO


Em 2014, o volume de empréstimos da China para os países da América Latina foi superior á soma dos desembolsos do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do BID (Banco Interamericano. de desenvolvimento). Ou, em outras palavras, os países da região continuam afastar-se gradualmente das fontes tradicionais de financiamento, lideradas por EUA e Europa, passando a receber fundos chineses para levar adiante seus projetos. Isso, se outra coisa não é, significa uma reviravolta no perfil de influencias externas da região, o que abre caminho para mudanças mais profundas no terreno econômico e político internacional nos próximos anos.

Uma coisa é certa: Pela sua eficiente atuação nos países da América Latina – aqui o Brasil é peça chave – já pode afirmar-se que a China na atualidade ocupa a mesma que posição que EUA desfrutavam no início do Século XX. Porém, com uma grande diferença: Sem ocupação de territórios, guerra, imposições ou violência, apenas negociações e ajuste de interesses, entremeados com generosos acordos de cooperação do poderoso país do Pacífico.

Na sessão de apertura da primeira do Fórum China-CELAC (Comunidade de Estados Latino Americanos e do Caribe), o presidente chinês, Xi Jinping, revelou que a China deverá investir 250 bilhões de dólares na região nos próximos dez anos. Nesse período, o comércio bilateral, deverá atingir um mínimo de 500 bilhões de dólares, 120% a mais que as cifras de 2014.

Tudo isso é coerente com a inteligente atuação do dragão chinês nos últimos dez anos, até aproveitando o período em que uma ventania tempestuosa sacudia as estruturas de nações ricas e poderosas, especialmente EUA, Alemanha, Reino Unido e Franca e, por isso, deixando a China livre para levar adiante uma ofensiva mundial para ocupar os espaços deixados pelos outrora “donos do mundo” e provar que é um país confiável, forte e que busca a paz, a amizade e a harmonia entre as nações. E que hoje, do alto de seus quase quatro trilhões de dólares de reservas, é a único que tem a bolsa cheia para investir, financiar e comprar. 

Em soma, atentos às inúmeras carências dos países da região e aos ensinamentos históricos, afirmam sua vontade de cooperação, concretizando negócios, assinando acordos, realizando investimentos, enfim, de todos os modos possíveis, tentam provar que China é um parceiro “do peito” nos momentos difíceis.

Sem dúvidas, na América Latina, no jogo de xadrez da geopolítica internacional, ocupam espaços vitais com a visão da importância estratégica da região, especialmente em relação às matérias primas, alimentos, água, biodiversidade e mercados.

Dezenas de acordos e convênios balizam as relações China-América Latina, cobrindo campos como biotecnologia, energia, agricultura, educação, comércio, novos materiais, transporte, turismo, etc.
Ao mesmo tempo, os investimentos e as empresas chinesas não param de chegar, tanto aproveitando as imensas oportunidades dos países emergentes da América Latina como abrindo novos caminhos na competição global por mercados e negócios.

Claro, sem deixar de cutucar os EUA, seu mais próximo adversário para ocupar o primeiro lugar como potência econômica e militar, acenando, entre outros grandes projetos de impacto, a possibilidade de colaborar intensivamente numa ligação Atlântico-Pacífico através de Nicarágua, numa via férrea Brasil-Perú pela Amazônia e numa ligação fluvial pelo Centro-Oeste entre os rios Amazonas e Prata. 

Está acontecendo. Se continuar, vai significar uma mudança revolucionária na América Latina, voltada do Atlântico para o Pacífico, que poderá ser plenamente concretizada na década de 2030.





segunda-feira, 16 de março de 2015

CRESCIMENTO SEM RUMO


 Mergulhado nas incertezas, o Brasil está passando por um de seus piores momentos no que vai desse Século XXI, debilitado sob o peso de uma governança desorientada, dos efeitos perniciosos da crise internacional, da falta de perspectivas críveis para sair do lamaçal no qual está metido e da perda da confiança nas suas lideranças políticas.

Nesse estágio, acompanha dezenas de outras nações em todos os cantos do planeta que perderam o rumo do desenvolvimento e que, de um modo ou outro, tentam retomar o “bom caminho” e atingir taxas economicamente sustentáveis de crescimento.

Para os pessimistas, é a hora da verdade. Para os otimistas, o pior já passou e trata-se apenas de ajustes necessários para voltar à senda do crescimento. Para o povo, resta esperar, agüentar as conseqüências do descalabro – a piora da inflação e do emprego são os efeitos diretos mais sentidos– e rezar para que a tormenta passe logo.

Agora, olhando o futuro, tudo ficaria mais fácil se o Brasil tivesse um programa de desenvolvimento em longo prazo. Como não tem esse guia, fica por isso refém dos interesses imediatistas de grupos poderosos, das ações político-partidárias que raramente olham o bem geral, da pressão das circunstancias nem sempre favoráveis e, abusando do velho ditado para resolver grandes problemas, na esperança de que “Deus é brasileiro”. Será?

É mais que evidente que seria muito positivo é contar com uma diretriz firme - quem sabe na forma de um PLANO DECENAL DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO - que, qual farol no meio da tempestade, assinale o caminho a seguir evitando, inclusive, a sensação de que, sem rumo, a nau brasileira segue à deriva empurrada pelas suas fragilidades, lembrando que “para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho é bom”.

 O bom seria que esse esforço de crescimento integrado tenha como foco políticas permanentes para colocar todos os indivíduos, sem distinções, em igualdade para competir. Nesse particular, a educação de qualidade tem um rol absolutamente fundamental.

Também, como prioridade, ao mesmo tempo em que estabelece como norma constante um profundo respeito pelo meio ambiente, mantêm políticas claras para o crescimento dos setores chaves da economia, sempre de olho para manter o egoísmo natural das forças orientadas pelos mercados no justo calibre dos interesses maiores do País, humanizando e transformando positivamente as relações entre o capital, a tecnologia, o governo e o trabalho.

Igualmente, que tenha como missão fazer do governo uma bem aceitada estrutura, regida por princípios de austeridade, eficiência, transparência e produtividade, exercendo seu papel com eficiência para manter a inflação, as contas públicas e o endividamento, interno e externo, sob absoluto controle. 

Igualmente, que zele pela melhor distribuição de renda e a disseminação de conhecimentos para completar a formação de cada indivíduo como ser humano-social, preparando-o melhor para as mudanças dos tempos que virão.

Será pedir muito?



segunda-feira, 9 de março de 2015

COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL



Competir nos mercados internacionais agrupa um conjunto de exigências que são a base para o crescimento sustentável das empresas, fortalecendo a segurança, a rentabilidade e a continuidade do negócio no mercado interno.

 Esse aspecto não pode ser negligenciado, desde que a luta nos mercados internacionais determina uma atenção especial para componentes chaves de uma gestão competitiva “em casa”, como administração eficiente, qualificação, inovação, informação, qualidade e marketing, por citar apenas o essencial.

A experiência e os milhares de exemplos provam, sem sombra de dúvida, que a venda de produtos no exterior é o caminho natural para a eficiência. Em síntese:  Empresas exportadoras são empresas competitivas e, de muitos modos, trilham o caminho de excelência,  cujo resultado imediato é uma posição de vanguarda no mercado interno.

Isso é muito positivo, especialmente na atual conjuntura, e precisa ser muito mais intensamente aproveitado nesses momentos em que futuro dos negócios apresenta tons de cinza obscuros. Então, o que precisamos, urgentemente, é aumentar a participação internacional, ganhando mercados (negócios), não somente acrescentando vendas naquelas empresas que já trabalham com o exterior, senão somando milhares de novas organizações, em particular pequenas e médias -P&M- industriais.

Interessante é que, avaliando apenas características de produção, de mercado e de tecnologia, o exército atual de 15.000 P&M que exportam poderia ser entre três a quatro vezes maior, dando melhor sustentabilidade, em todos os sentidos, aos negócios internacionais do Brasil Bem, pelo menos essa é a opinião do MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - que tem sido, nos últimos 10 anos, um dos principais incentivadores para o aumento da participação brasileira nos mercados externos.

Então, precisamos (urgentemente!) mais soldados (empresas) que não vacilam em enfrentar os riscos e fazer parte do pelotão de vanguarda nas guerras dos mercados internacionais

Na prática, só resta uma solução: Persistir, trabalhar mais e ir a luta com todas as armas disponíveis para ganhar mercados, usando mecanismos criativos com a (agora) imprescindível participação governamental para facilitar a venda de produtos brasileiros nos mercados globalizados, esses sim, cada vez mais exigentes, ariscos e concorridos.


No entanto, é importante partir para a luta sem esquecer que para exportar – processo interno e burocrático – é necessário primeiro vender – ação externa e competitiva. Assim, fica muito mais fácil entender onde muitas empresas – especialmente as P&M - encalham suas expectativas de inserção internacional, desde que focalizam exageradamente os problemas internos e negligenciam as ações indispensáveis de competitividade internacional imprescindíveis para o sucesso nos mercados do planeta em mutação
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Ainda, não está demais insistir na importância de uma atitude ativa &empreendedora – ganhar mercados no exterior – de nossos empresários que não podem ficar abatidos por dificuldades naturais na conquista de novos negócios, que vão exigir o melhor de cada um para vencer as batalhas acirradas para vender no exterior o que, aliás, configura claramente a situação permanente dos mercados globalizados.


Em tempo: O Governo pode e deve ajudar muito nessa batalha, inclusive por uma questão de lógica econômica, desde que aproximadamente um terço do dinamismo da economia é resultado, direto ou indireto, do desempenho de nossas exportações.

segunda-feira, 2 de março de 2015

É HORA DE EXPORTAR


Uma taxa de cambio irreal sempre tem sido um dos principais reclamos dos setores exportadores e, sem dúvida, pode considerar-se como um dos maiores empecilhos que travam a participação de mais empresas e mais produtos na batalha para conquistar uma melhor posição do Brasil no comércio internacional.

Agora, especialmente a partir do último trimestre de 2014, temos – para alegria de muitos e tristeza de outros - uma relação real x dólar firme e fortemente favorável ao setor exportador, que já não pode usar a desculpa de um real forte para não realizar negócios pelo mundo afora.

È claro que a desvalorização de nossa moeda não é o único fator que alimenta as dificuldades para alavancar maiores exportações, mas, sem dúvida, um dólar mais valorizado representa um auxílio inestimável para fazer os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional que, é bom lembrar, começa a dar claros sinais de recuperação voltando a um ciclo positivo de aumento da demanda e do consumo de produtos importados.   

Temos que considerar com especial atenção nossas pequenas e médias empresas (P&M) – que somam 15.000 (75%) do total de exportadores – as quais com uma taxa de cambio mais realística podem receber um grande impulso para mais, melhores e mais diversificados negócios além fronteiras.

Não menos importante para aumentar as vendas para o exterior, é o crescimento do número de empresas exportadoras – em 2014 foram menos de 500 as “novas”- que agora, num momento propício, tanto do ponto de vista interno como externo, podem arregaçar as mangas e partir para a conquista de novos mercados para seus produtos e serviços. Para grande parte daqueles que não lidam ainda com o exterior, falta apenas uma atitude empreendedora internacional, imprescindível para trabalhar e vencer as dificuldades naturais de entrar em novos mercados.

Hoje, num mundo onde o comércio exterior é uma das medidas mais importantes para julgar a capacidade de competir nos cenários globalizados, as exportações brasileiras têm também o rol estratégico de contribuir diretamente para manter e acelerar o processo de desenvolvimento que, convenhamos, nos últimos tempos tem andado de lado registrando índices claramente insuficientes para as necessidades de um crescimento economicamente sustentável.
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Por outra parte nossas exportações, representando pouco mais de 1% do total mundial, estão fortemente concentradas em poucas centenas de grandes empresas, muitas delas multinacionais, o que, entre outros fatos indica a conveniência estratégica de multiplicar o número de vendedores nos mercados mundiais, motivando a mais empresas - especialmente as pequenas e médias (P&M), notadamente industriais - a competir internacionalmente, tanto pelo significado específico do negócio além fronteiras, como pela percepção de que o sucesso no mercado interno recebe a influência direta das atividades externas, desde que ambos os espaços mantêm, cada vez mais, íntimas relações de interdependência.

Ou, em síntese: È uma boa oportunidade para crescer mais e melhor no mercado interno a partir dos benefícios das ações nos mercados externos.