terça-feira, 25 de agosto de 2015

PINCELADAS


Numa era que parece afastar pessoas, empresas e países do caminho de um tempo mais venturosos, ajudam assentar nosso universo mental alguns episódios desse tempo de transição:

A grande transformação Num mundo globalizado, mutante, exigente e que teima em devorar as empresas que não conseguem acompanhar o rumo incerto dos negócios, a mudança para novos padrões de gestão empresarial é uma necessidade imperiosa para adaptar-se aos tempos modernos. E pouco importa o tamanho - vale para grandes, médias e pequenas organizações - porque os desafios da era digital são qual vendaval que arrasta todo o tradicional para abrir caminho para o “novo”.

A nova riqueza Se estivermos convencidos que nos tempos vindouros a nova riqueza das empresas passa a ter como paradigmas o conhecimento, a inteligência, a inovação, a ousadia e a criatividade, é preciso sair do comodismo simples do tipo os fatos do passado são uma boa base para entender o presente para a ousadia de acreditar que a visão do futuro deve dar forma ao presente.

Cuidados As turbulências do atual ordem mundial, que têm seu tripé de sustentação na tirania dos mercados, nos interesses ocultos no processo de globalização e na filosofia materialista do neoliberalismo, respingam seus efeitos ameaçadores para todos os países do globo, ricos, emergentes e pobres, conjuntura que exige da governança de cada estado doses elevadas de prudência, eficiência e capacidade para lidar com os novos paradigmas que assinalam o caminho do futuro.

Solução? No seu clássico a “Era da Incerteza”, John K Galbraith, Premio Nobel da Economia, destaca uma constatação intrigante: “Em tempos de crise, a solução salvadora que ocorre aos economistas, rapidamente apoiados pelos governos, é propor o aperto dos cintos e uma boa dose de conformação e paciência. Poucos podem acreditar que o sofrimento, especialmente dos outros, seja em vão. Qualquer coisa que seja desagradável deve, com certeza, trazer efeitos econômicos benéficos”.

Certeza Desde que participamos, queiramos ou não, gostemos ou não, de tempos difíceis surgidos na esteira de uma descrença generalizada em soluções legítimas para a crise que nos assombra, inegavelmente abastecida por incongruências, meias verdades, desatinos, ineficiências crônicas e interesses escusos, maldosamente atrelados para deitar por terra a esperança de dias melhores. Entretanto, o que não pode duvidar-se, é que esse novo tempo chegará muito mais cedo do que anunciam os profetas de períodos sombrios.

China De acordo com altas autoridades do gigante asiático, as turbulências das bolsas não tem sustentação na realidade dos fatos e devem passar na medida em que o bom senso prevaleça. O bom andamento da economia chinesa é muito importante para o Brasil, que tem naquele país o principal comprador de suas commodities de exportação assim como sua principal fonte de investimentos e com o qual está conduzindo dezenas de projetos vitais para a qualidade de seu desenvolvimento nos próximos anos.

Esse Brasil No seu relatório "Perspectivas Agrícolas OCDE FAO 2015-2024" diz que, se forem considerados os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e os membros da OCDE, que reúne principalmente economias desenvolvidas, o Brasil "é o país que mais melhorou a produtividade total de fatores (PTF) agrícolas”.

Complementando:A safra 2009 -2010 deve bater um novo recorde, emplacando um crescimento superior aos 8%!


quinta-feira, 20 de agosto de 2015

ENCRUZILHADA


Vivemos num mundo de complexidade crescente e distorções avassaladoras, onde forças potentes batalham pela hegemonia de países e de seus múltiplos agrupamentos sociais, tendo como máxima distinção seu apego, sem medida, ao poder, alimentado por seu desprezo aos interesses da maioria.

Muitos acreditam que estão presos a um sistema político, econômico e social que não entendem, não desejam e não acolhe suas expectativas. Consequentemente, precisa mudar. A grande dúvida é como mudar e para onde.

Num entorno de liberdade democrática temos que aceitar que no embate das forças contraditórias latentes em todo agrupamento social, por vezes marcam presença destacada aqueles que querem ver o circo pegar fogo, adeptos fieis da ideia do “quanto pior, melhor”. (Para quem?).

Não escapa para aqueles mais ajuizados que muitos, descrentes da possibilidade de tempos melhores, são induzidos à paralisação pela incapacidade, o comodismo e a preguiça de pensar por conta própria; outros, porque servem interesses. inconfessáveis; alguns, porque são geneticamente pessimistas convictos e, nesse agrupamento heterogêneo, não faltam aqueles mais afoitos, felizes de fazer parte de algo aparentemente grandioso, diferente e badalado pela mídia nossa de todos os dias, sempre ávida de novidades.

Em verdade, estamos vivendo, sofrendo e participando de um tempo onde é imperativo tentar seguir aquele inspirado refrão “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”. E, se isso serve para aguçar os ânimos e as esperanças de muitos, não está demais acrescentar doses generosas de grandeza e patriotismo, especialmente no caso de lideranças políticas, econômicas e de formadores de opinião.  Infelizmente, num ambiente perturbado, alguns esquecem suas responsabilidades e atiçam lenha na fogueira, evidentemente com finalidades pra lá de condenáveis.

 É muito importante, para o bem de todos, não cair no fácil pessimismo e no desanimo daqueles que acham que as negras nuvens que obscurecem o horizonte são o prelúdio de desastres maiores e não apenas signos dos eternos ciclos econômicos, de altos e baixos, que fustigam periodicamente os países. E suas empresas.

Nunca está demais recordar que vivemos num mundo onde todos, de uma forma ou outra, dependem de todos. E que, mais tarde ou mais cedo, com maior ou menor intensidade, recebemos os efeitos, positivos ou negativos, daquilo que acontece pelo mundo afora.

Mas, como sempre, depois da tempestade vem a calma. E depois das crises, sempre chegam tempos melhores, tal como a História teima em ensinar àqueles que se aferram a um presente complicado para espelhar os tempos que virão.

Vale registrar as palavras de Luiz Carlos Trabuco, presidente do Brasde4sco: "A crise política é mais forte que a econômica. Isso abala a confiança no país e retarda a retomada do crescimento.”.

O ex-presidente de Portugal, Mario Soarez, em recente conferencia no Clube de Madrid – think-tank espanhol que trabalha para um desenvolvimento de países emergentes sob inovadores conceitos de justiça social - assinala que “o neoliberalismo é responsável por estas sociedades sem valores onde florescem o egoísmo, o culto à violência e o princípio do salve-se quem puder: o dinheiro é o que mais conta”. E pergunta: “Será possível impor regras capazes de impedir essa epidemia de falta de ética que assola o mundo”.

Ressalta John K. Galbraith no seu clássico a Era da Incerteza que ”os governos não podem repetir os erros do passado e adotar medidas recessivas que possam contribuir para o aprofundamento da crise que pretendem combater. É importante injetar confiança nos mercados e buscar soluções que possam afastar a possibilidade de uma recessão”.



quarta-feira, 12 de agosto de 2015

UMA REVOLUÇÃO NECESSÁRIA


È importante destacar, uma vez mais, a definição do PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – que sublinha a imperativa necessidade de uma nova economia  que deve dar prioridade à melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica. Sustenta-se sobre três pilares: Ê pouco intensiva em carbono é eficiente no uso dos recursos naturais e é socialmente inclusiva”.

Ou melhor: Considerando nosso passado e presente, temos que alterar drasticamente nosso modo de vida e repensar os paradigmas que nortearão nossa civilização nos caminhos do futuro.

É natural que a passagem de um modelo predador – destruidor na sua essência, fincado desde o início no “modus vivendi” do homem na sua caminhada por nosso mundo azul, que foi exponencialmente acelerado nos últimos 200 anos - para um novo sistema, estruturado com diferenças tão significativas, não pode fazer-se do dia para a noite e, muito menos, sem resistências ferozes daqueles ainda aferrados tenazmente ao aparelho predominante de produzir riqueza.

E isso, na verdade, desde que incorporado ao saber convencional acontece quase que naturalmente, seja por incapacidade de migrar para um novo modelo, seja por ferir interesses ameaçados, seja por ignorância, seja por puro egoísmo, enfim, não faltam motivos, por mais desprezíveis que sejam para conservar inalterável o “sistema”.

E nesse modo de fazer as coisas que, sem dúvida, é contrário à sobrevivência do planeta, marcam presença muitas das maiores corporações desse nosso mundo globalizado, que fazem unicamente do lucro a razão de sua existência e que, vale lembrar, para maximizar seus logros recompensam regiamente seus altos executivos observando, sobretudo, os resultados obtidos, não obstante os métodos usados e os eventuais danos colaterais originados – ambientais, sociais, econômicos, humanos, culturais - na esteira de suas ações.  

Essa forma de organizar a sociedade cindiu a humanidade de cima a baixo: Por um lado, criando um fosso enorme entre os poucos ricos e os muitos pobres – símbolo máximo da injustiça social - e, por outra parte, criando também uma iníqua injustiça ecológica. Assim, no afã de acumular, foram explorados de forma predatória bens e recursos, sem  qualquer limitação e respeito. O que se busca é o enriquecimento cada vez maior para consumir mais intensamente, esquecendo nessa volúpia que os recursos da Terra são finitos e que a Natureza passa, mais cedo ou mais tarde, sua fatura.

Em encontro internacional celebrado recentemente em Paris, com a presença de lideres políticos, religiosos e ativistas, o presidente da Francia, François Hollande, chamou à mobilização de todos para alcançar um acordo global com a finalidade de segurar a deterioração do clima afirmando que “a causa principal da degradação ambiental e do clima é um estilo de vida, um modo de produção e um modo de consumo que não é compatível com o desenvolvimento humano. Nossa relação com o Planeta deve ser repensada completamente, desde que se trata de uma questão de ética fundamental”.

As advertências dos líderes das maiores potencias mundiais são coerentes com a encíclica Laudato si, onde o Papa Francisco, desde o alto de sua indiscutível autoridade, afirma que “nos últimos dois séculos esta ofensiva humana contra a mãe Terra se utiliza da debilidade dos poderes deste mundo que, iludidos, pensam que tudo pode continuar como está como álibi para manter seus hábitos autodestrutivos com um comportamento que parece suicida”.

Precisa dizer mais?

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

UMA LUTA COLOSSAL


Na esteira de suas constantes advertências sobre o grave problema do clima e coerente com o histórico acordo celebrado com China para controle e redução dos perigos do aquecimento global, o presidente Barack Obama anunciou um plano ambicioso para mudar drasticamente a forma de produzir energia elétrica nos EUA, reduzindo gradual porem efetivamente o uso do carvão como principal fonte de geração desse insumo vital que sustenta “the way of life” da maior economia do mundo. Importante: Não esquecer que 50% da produção de energia elétrica no gigante do norte se originam na queima de carvão. Na China essa proporção é maior: Quase 75%!

O projeto – que contraria interesses formidáveis e que já está originando um vendaval de protestos por conta da poderosa turma que prefere ver o circo pegar fogo antes de perder privilégios e negócios – pretende reduzir à utilização de carvão em 32% nos próximos 15 anos, tomando o ano 2005 como base, e assim reduzindo o efeito nefasto da maior fonte de emissão de CO2 dos EUA, e deverá dar lugar à geração de “energias limpas”, especialmente aquelas geradas pelo vento e o sol.

Essa medida aumenta a credibilidade dos EUA e serve de preparação para a Conferencia Mundial sobre a Mudança Climática, que será realizada em dezembro próximo, em Paris, de onde se espera, ansiosamente, um consenso que inclua a maior parte, senão todas, as nações do globo, para chegar a um compromisso viável na grandiosa tarefa de adotarem medidas para salvaguardar o clima de nosso castigado Planeta.  

Vai precisar muita coragem e visão humanista para enfrentar a verdade mais que inconveniente sintetizada no modelo vigente nos últimos 300 anos de produzir riqueza, incorporado solidamente a nossa “sapiência” política- econômica.

É que, na verdade, o “sistema”, firmemente apoiado na lei férrea dos mercados, sustenta que é preciso crescer continuamente, a qualquer custo, cada vez mais, e mais, e mais... sem limites. Oba! Mais consumo, mais riqueza, mais uso dos recursos naturais. E - nunca está demais para dar uma mãozinha - muita desconfiança, insegurança, violência, discórdia e conflitos sangrentos, tudo para manterem aquecidos os mercados de segurança e de armamentos. Que são componentes muito importantes no modelo vigente.
  
Ironicamente, nos tempos atuais, no auge do conhecimento, da tecnologia e da riqueza global, esta é a única geração capaz de se autodestruir na longa história do homem na Terra. E não esta demais aproveitar essa ocasião para repensar alguns modelos - econômicos, social, político, moral, de comportamento e de códigos de relacionamento - que o saber convencional entronizou como definitivos e imutáveis.

O presidente americano, com o peso de sua autoridade e de sua responsabilidade de compartir com a China o ingrato papel de maior consumidor de energia e maior emissor de gases efeito estufa, afirmou que as ações humanas estão mudando o clima do mundo de forma perigosa. E lembrou que 14 dos últimos 15 anos foram os mais quentes já registrados.

"Nossa geração é a primeira a sentir os efeitos do aquecimento global", disse Obama. "E a última a ter a oportunidade de fazer alguma coisa”.