sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O CAMINHO REAL

Aliás, vocês não estão fartos de ouvir a monótona cantilena de políticos com promessas de solução dos problemas de saúde, educação, segurança... puxa vida, que falta de imaginação! Prova cabal da ausência de um Projeto Nacional de Desenvolvimento.

Quem sabe podemos concordar que esse Projeto seja um PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, que pode ser entendido como aquele que considera que o crescimento do PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) traduzido em bilhões de dólares, somente significa progresso efetivo e atende às expectativas e necessidades da sociedade, se tiver sólidas perspectivas de continuidade e se cumpre ou está orientado para atingir, pelo menos, as seguintes condições:
  • melhora, de forma visível, a distribuição de renda;
  • minimiza, de forma palpável e permanente, as principais carências sociais;
  • mantem a inflação, as contas públicas, os endividamentos interno e externo, sob absoluto controle e dentro de metas ajustadas aos interesses do Pais;
  • estabelece políticas claras, de longo prazo, para cada um dos setores chaves da economia
  • orienta os investimentos para que, além de contribuir para o crescimento, cumpram sua função social;
  • prioriza e incentiva, de forma absoluta, em todas as instâncias, os micro, pequenos e médios empreendimentos;
  • os grandes gargalos de infra-instrutora entram no rol de prioridades dos investimentos públicos. Do mesmo modo, a ciência e a tecnologia recebem tratamento preferencial;
  • o funcionamento da máquina pública é regido por princípios de austeridade, eficiência e produtividade. E, condição essencial, honestidade:
  • humaniza e harmoniza as relações entre o capital, a tecnologia, o governo e o trabalho;
  • contribui para colocar os indivíduos, sem distinções, em igualdade para competir;
  • tem um profundo RESPEITO E CUIDADO PELO MEIO AMBIENTE, como lógica de sobrevivência e imperativo do bom senso. Além de mais, deve contribuir para reduzir os efeitos nocivos dos desmandos do passado;
  • confirma a posição do país com relação aos valores básicos do ser humano, tal como elencados na Carta das Nações Unidas, assim como restabelece como componente fundamental de qualquer PROJETO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL o estrito cumprimentos dos Artigos 1º ao 11º da CONSTITUIÇAO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Naturalmente, esses pontos não esgotam as condições para um desenvolvimento sustentável. Mas, já é um começo bem interessante.

E, ou mais importante, outorgam um selo de autenticidade, firmeza e continuidade à esse esforço para pavimentar o caminho para um futuro melhor.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

GLOBALIZAÇÃO & CRISE

A pergunta

O tempo tinha deixado suas marcas no rosto curtido pelas intempéries do velho João. Mas também, tinha somado em sabedoria, temperada pela íntima compreensão das incongruências das ações humanas.

Naquela tarde, reunidos na mesa do café, com a turma de sempre, ele disparou com aquele tom malicioso:

- Tu que ás vezes pareces saber das coisas, me conta porque essa tal de globalização é boa para o Brasil. Ou não é?

- A resposta não é fácil - quis esquivar-me - O tema é muito complexo e, no caso do Brasil, tem prós e contras. Mas, no conjunto, acho que o saldo é francamente positivo.

- Ah, te peguei – retrucou seu João – Falando fracamente, eu acho que esse processo é apenas o rótulo para um esquema muito inteligente dirigido pelos poderosíssimos LFP - Lobos Famintos Planetários – conluio entre as 1. 000 maiores empresas e as 1.000 maiores fortunas do mundo, que entregaram a gestão de seus negócios a nata da tecnocracia internacional, gente excepcionalmente inteligente, impiedosa, ambiciosa e totalmente apaixonada pelo lucro, objetivo e prêmio máximo de seu trabalho.

Uma resposta

- Não, claro que não – quis rebater - O Sr. está sonhando, fantasiando, lendo e acreditando demais em novelas que misturam aventura e negócios. Jamais pode sequer pensar-se na possibilidade de um movimento tão sinistramente orquestrado. Muito pelo contrário: é um processo que atende e se ajusta aos novos condicionamentos da economia mundial e, o mais importante, a globalização abre mercados, permite acesso a novas tecnologias, atrai investimentos para os países menos aquinhoados, facilita o desenvolvimento...

- Tudo isso é verdade – interrompeu seu João - Mas, na prática, quem são os mais beneficiados? Por acaso, os mais necessitados, como os países pobres ou emergentes, o Brasil no meio. Ou os países ricos, cada dia mais ricos, poderosos e mais distantes do resto do mundo, no dizer dos últimos relatórios sobre a economia mundial, patrocinados pela ONU. Sob esse prisma, a globalização não pode ser vista como um instrumento de desenvolvimento que beneficia os países mais carentes. E sim apenas como sendo um mecanismo a mais para concentrar riqueza.

- Não, seu João, não é bem assim – É um processo importante, moderno, dinâmico, que faz que a qualidade, a produtividade, enfim, a competitividade predomine nas relações entre as nações. E fortalece as empresas, cria novas oportunidades de negócios sem fronteiras, prepara seus participantes para enfrentar e vencer os desafios seculares da miséria, das doenças, da desesperança, das rivalidades entre povos e nações, da má distribuição da riqueza mundial, enfim, da maioria dos flagelos que castigam a humanidade desde o início da história.

O Seu João continuava imperturbável, sem dar a menor atenção a meus lúcidos (pelo menos, eu achava) argumentos.

As dúvidas

- Pára ai! Que estória mal contada! Olha aqui: é a mesma coisa que colocar a velha Romilda – minha égua de estimação – e aquele garanhão fogoso, que tu conheces muito bem, juntos na linha de largada para disputar o grande prêmio do predomínio mundial do século XXI. Claro, os dois começam ao mesmo tempo, do mesmo lugar, as regras são iguais, etc. etc. Agora, vamos apostar?

- Seu João, nada disso ! Essa é conversa fiada da esquerda pós-comunista que ficou sem bandeira e sem ter o que fazer. O processo pode até ter lá suas falhas, naturais numa empreitada gigantesca. Mas, todos os países têm as mesmas oportunidades para competir e vencer.

- Não vem com essa de esquerda ou direita - esbravejou meu querido amigo. Isso de esquerda e direita é conversa para boi dormir, usada por aqueles que, por falta de argumentos, usam antigos clichês como verdades absolutas. Porque, na verdade, tu tens a desfaçatez de afirmar que, por exemplo, se eu coloco nosso time “esperança nunca morre” para disputar um jogo com os campeões mundiais, nós temos chance de ganhar, porque ao final das contas, somos onze, a bola é redonda, até nos emprestaram umas camisetas para parecer que somos um time organizado. Bem, tem bobo que compra até bilhete de loteria premiado!

- Vamos por partes. Isto não é um jogo de futebol. É um assunto tão importante que, me atrevo afirmar, merece uma análise séria, até porque a globalização, entre outros benefícios, vai evitar as guerras futuras e vai colocar todos os países num patamar de progresso nunca antes visto.

- Tu acreditas ainda em contos de fada. Mas se os 500 homens mais ricos do mundo possuem um patrimônio equivalente à renda da metade da população deste sofrido planeta, e se as 200 maiores corporações internacionais, têm vendas equivalentes a 28% do PIB mundial, empregando apenas 1% da força de trabalho, não existe aí um formidável conflito de interesses?

- Naturalmente, esse é um dado a ser considerado, porém não exclui outras considerações de igual ou maior relevância, desde que...

- Tudo blá-blá-blá - interrompeu João – Olha, é a mesma coisa que jogar um gato na jaula do leão, até porque os dois são felinos, e depois que o leão comeu o gato, sai por aí apregoando que foi uma luta justa. Tenha paciência! Só como exercício: pode alguém explicar – e dou absoluta preferência a qualquer analista de qualquer banco estrangeiro - a quem beneficia o fluxo de capitais internacionais de quase U$ 2,1 trilhões por dia, reciclando o PIB mundial em menos de 4 semanas. Outra, porque quando a bolsa da Rússia despencava, em meados de 1998, todo mundo tremia, o Brasil idem. Mas que coisa, a bolsa da Rússia movimenta apenas 1% dos negócios da bolsa de São Paulo! Ou será que, por essa e outras “pérolas” - variação de juros internacionais; mudanças de clima que favorecem, ou não, determinadas culturas; rumores de desvalorização, em qualquer canto do mundo; ministro que sai, ou que entra; presidentes cujos “pecadilhos” são expostos; comportamento das ações de determinadas empresas líderes; etc. etc. – podem ser consideradas como parte de um processo de justa distribuição da riqueza mundial. Olha, o que eu acho é que estamos comprando gato por lebre!

Outra resposta

- Bem, em realidade, não é fácil justificar esses movimentos, ainda que devem ser focalizados de um ponto de vista mais amplo, até como possíveis defeitos naturais de um processo tão complexo, que podem e serão eliminados no decorrer dos próximos anos. E uma ruptura, como a crise atual, tem que acontecer de tempos em tempos para depurar o processo.

-Tudo bem! Perfeito! Mas, os resultados para os países da “periferia” são conhecidos: menos desenvolvimento, mais desemprego, mais desigualdade, mais miséria, mais revolta, mais injustiças, menos oportunidades, enfim, a conta a ser paga é terrível. E, como sempre, os que menos têm são os que pagam mais, proporcionalmente! Tu nas achas que vale a pena reflexionar, analisar alternativas e tentar dar a essa nova estrutura do sistema econômico mundial uma feição mais humana., sei lá . Porque, que me desculpem os economistas e políticos entendidos, a paz sempre correrá perigo num mundo de tantas carências para a maioria da população. E a crise atual vai deixar tristes seqüelas, a começar por algumas dezenas de milhões de pessoas sem trabalho.

Não quis responder. No fundo, eu concordo com muitas das ponderações de seu João. E me atrevo a pensar que é fundamental analisar essa questão sem excluir nenhuma variável, até porque o Brasil precisa ganhar forças nas formidáveis guerras econômicas que começam a pipocar embaladas pela “crise”. Globalizada, é claro.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

VÔO RASANTE

Velocidade em queda

A China cresceu “apenas” 9% no ano passado, a menor taxa desde 2001. Bem, um dos fatores relevantes nesse desempenho inferior àqueles já tradicionais exuberantes 12-13% com os quais o país asiático costumava assombrar o mundo, foi a brusca queda das exportações, especialmente para os parceiros mais representativos no comércio exterior chinês, como os EUA, a UE e o Japão.

Mas, de qualquer modo, o desempenho da economia da China em 2008 pode ser considerado “bom”, segundo Wang Qing, economista chefe do banco Morgan Stanley para Ásia, quando compara esse resultado “robusto” com os dados do FMI que estima 3,7% para o crescimento da economia global em 2008, soma ponderada dos magros 1,4% das nações ricas com os importantes 6,6% alcançados pelos países em vias de desenvolvimento e emergentes.

No meio, o Brasil, que deve emplacar um crescimento próximo dos 5,5%, que é “bom” para os padrões desta parte do mundo e ainda, nada mau para um segundo semestre tão ruim que assolou a economia planetária.

Rumo firme

A pergunta de hum milhão, sobre cuja resposta exata diverge à vontade economistas e “analistas de plantão”: qual é o fundo do poço para a pujante economia chinesa? E, valendo outro milhão: para quando pode ser aguardado outro ciclo de crescimento acima de 10% ao ano?

Wang Xiaoguang, renomado especialista do Instituto Investigação Econômica de Pequim, aponta um fato, geralmente despercebido, que merece a mais cuidadosa atenção: “Não pode olhar-se apenas para a taxa de crescimento de um país como um valor absoluto. Temos que considerar algo muito mais importante, que é como essa riqueza adicional é distribuída entre a população. Porque ai sim temos uma sólida base para avaliar até que ponto a evolução presente, contribui com o equilibro social e aumenta o poder de consumo da maioria, que é uma das metas críticas de nosso Plano Qüinqüenal de Desenvolvimento 2007-2012. Felizmente, nessa área,temos alcançado excelentes resultados.

O ano da verdade

Prognósticos para 2009? Têm muitos. Pessimistas, uns; otimistas, outros; muitos, preferem ver o comportamento da economia mundial para depois opinar; outros, preferem ficam encima do muro; enfim, têm para todos os gostos e os palpites fariam a gloria de jogadores inveterados do jogo de bicho.

Que, no caso, o "bicho" da vez é una “vaca”, símbolo deste ano 4047 no calendário chinês, que se inicia em 26 de Janeiro de 2009, em nosso calendário gregoriano.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

CHINA EM FOCO (2)

Nosso amigo presidente

A China espera "reacender e consolidar" suas relações com os EUA já a partir da posse do novo presidente americano, Barack Obama, conhecido agora como o lider estrangeiro que soube cativar o imaginario de boa parte da população chinesa. Seu livro "Audácia da Esperança" praticamente esgotou-se quando chegou aos pontos de venda chineses e já esta ganhando fama de obra imprescindível nas delicadas mesinhas de cabeceira dos amantes da boa leitura, assim como de intelectuais, polìticos, empresários, estudantes, funcionários públicos, jornalistas e membros destacados do governo chinês, inclusive tendo criado fama como manual de auto-ajuda, do tipo " juntos podemos fazer mais e melhor".

Fica no ar uma questão interessante: Por que do outro lado da imensidão do Pacífico os chineses parecem ter encontrado seu "guru ocidental-americano"!

África & China

Nestes momentos de indefinições e dificuldades, a visita do ministro chinês de Relações Exteriores, Yang Jiechi, à Uganda, Ruanda, Maláui e África do Sul, tem o significado especial de uma mensagem de solidariedade ativa, apoiada em ações palpáveis que têm a forma de financiamentos, investimentos, comércio e apóio técnico. O alto funcionário chinês enfatizou que seu país não recortará sua ajuda devido à problemática atual e continuará impulsionando programas direcionados prioritariamente a projetos nas áreas de agricultura, saúde, infra-estrutura, educação e ciências aplicadas, todos fundamentais para incentivar o progresso da região.

Brasil-China: Cooperação & Negócios & Interesses

O ministro de Negócios Estrangeiros da China, Yang Jiechi, esteve no Brasil para reforçar o interesse do gigante asiático em aumentar e qualificar o intercambio comercial entre os dois países, assim como para verificar a possibilidade de novas parcerias mutuamente benéficas. E também, colocar à disposição recursos adicionais para financiar projetos do PAC, entre outros. É natural que o maior sócio da China nesta parte do mundo receba atenção especial, máxime considerando que os negócios bilaterais continuam vento em popa, com exportações do Brasil na casa dos 16,4 bilhões de dólares e importações de 20 bilhões de dólares, em 2008.

E ponderando que o dinamismo desse relacionamento comercial – que aumentou 18 vezes em 10 anos – tem como complemento estrutural diversos acordos e projetos conjuntos em campos estratégicos, como energia, monitoramento espacial, transporte, aviação, pesquisa de novos materiais, agricultura, meio ambiente, reflorestamento, gestão das águas, medicina, etc., resulta mais que evidente a conveniência e a necessidade de manter-se as melhores relações entre os dois parceiros, que sabem da importância e do potencial de suas afinidades.

Na ocasião, o ministro Yang Jiechi convidou o presidente Lula para visitar oficialmente a China, viagem que deve acontecer ainda em 2009.

Foto: Cartaz do livro de Barack Obama encontrado nas livrarias chinesas.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

VENDER NO EXTERIOR

Novos desafios

As negras nuvens no horizonte, empurradas pela ventania da crise globalizada, pressagiam tempos difíceis para as exportações brasileiras. E justo agora que as coisas estavam indo tão bem, com as vendas internacionais crescendo fortemente ano após ano, para bater os 198 bilhões de dólares em 2008!

E, para 2009? Tão difícil parecem as coisas lá fora que nem o MDIC se atreve a prognosticar o resultado para nosso comércio exterior para este ano, tal o caos que se instaurou na economia mundial।

Então, só resta uma solução: trabalhar mais e ir a luta com todas as armas disponíveis para ganhar mercados, usando mecanismos criativos com a (agora) imprescindível participação governamenta para facilitar a venda de produtos brasileiros nos mercados globalizados, cada vez mais exigentes,ariscos e concorridos.

A chave

Mas, partir para a luta sem esquecer que para exportar – processo interno e burocrático – é necessário primeiro vender – ação externa e competitiva. Assim, fica muito mais fácil entender onde muitas empresas – especialmente as P&M - encalham suas expectativas de inserção internacional, desde que focalizam exageradamente os problemas internos e negligenciam ações de marketing no exterior, imprescindíveis para o sucesso nos mercados do planeta em mutação।

O Governo pode e deve ajudar muito nessa batalha, inclusive por uma questão de lógica econômica, desde que aproximadamente um terço do dinamismo da economia é resultado direto ou indireto do desempenho de nossas exportaões.

Interessante é lembrar que já fazem mais 35 anos da primeira investida do “marketing oficial”, na forma da organização, financiamento e promoção da Feira de Produtos de Exportação do Brasil, em Bruxelas, em 1973। Foi a primeira vez – se a memória não me falha – que os tecnocratas de Brasília, deixando de lado sua visão burocrática e fiscalizadora, tiveram a lucidez necessária para proporcionar apóio executivo a uma iniciativa privada para venda de nossos produtos no exterior.Foi, sem dúvida, uma bela jogada, centrada no potencial da União Européia que, na ocasião,, já estava firmando-se como o maior mercado do mundo para os produtos de exportação brasileiros.

E, enquanto se abrem novas trilhas, não está demais analisar as ações de marketing internacional dos países asiáticos, liderados pela China, que ajudam a explicar seu sucesso extraordinário nas batalhas do comércio exterior.

Quem sabe a gente aprende algo!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

DESAFIOS

No final de 2008, o Secretário Geral das Nações Unidas, o coreano Ban Ki-Moon, dirigiu um apelo especial aos 192 membros da organização, onde enfatiza a necessidade de enfrentar com coragem e determinação dois grandes desafios que põem em risco total o bem estar dos povos em 2009.

O primeiro desses desafios é a mudança climática, minimizada pelas grandes nações poluidoras no altar dos interesses econômicos e da ânsia desenfreada de ganância, típica do capitalismo liberal de mercado. Em geral, os países industrializados, liderados por EE.UU, resistem à aplicação do Protocolo de Kyoto, aduzindo, basicamente, que uma mudança no seu modo de usar a energia vai ser um freio inaceitávell para seu desenvolvimento.

E que, convenhamos, atropelar os fantásticos interesses criados na base do modelo econômico vigente vai exigir muito tempo, paciencia, negociação e novas lideranças com visão de um novo futuro ecologicamente sustentável.

Essa resistência para implantar medidas de proteção ambiental em benefício da manutenção de um modelo econômico esgotado recebe, cada vez com mais freqüência, a resposta indignada da natureza que revida, de forma implacável, o descaso dos inquilinos da terra.

Sem dúvida, muitas multinacionais, tidas entre as maiores predadoras da natureza, já estão vislumbrando o bilionário mercado das máscaras de gás, item de primeira necessidade num futuro não muito distante de continuar esse estado de coisas. Lógico, serão comercializadas em belas embalagens coloridas, tanto para humanos como para seus bichos de estimação. Que serão também obrigados a beber água engarrafada, fornecida por uma das grandes multinacionais do setor.

O segundo grande desafio é o econômico, detonado pela crise financeiro que estourou em Outubro e que, tal como a ameaça ambiental, é globalizado e não distingue raça, credo, posses ou localização geográfica.

A reunião dos G-20 – as 20 nações mais ricas do mundo, o Brasil no meio – realizada em Novembro em Washington, sentou as bases de uma cooperação planetária a partir do convencimento da uma realidade que salta aos olhos: todos dependem e precisam de todos. Claro, uns mais que outros.

Foi acordado que um grandioso esforço planetário - cujos detalhes serão sacramentados numa nova cume em Março de 2009 - será a base para uma cruzada para diminuir os riscos latentes de uma grave recessão global, pesadelo que deve assombrar as noites de muitos líderes mundiais por um bom tempo. E de dezenas de milhões de pessoas comuns, que temem que seus empregos virem fumaça, como já está començando a suceder neste começo de 2009.

Muitos lembram que esse filme já foi visto na Grande Depressão da Década dos 30, iniciada com quebradeiras monumentais de instituições bancárias “das mais sólidas", acompanhadas por quedas espetaculares e irreversíveis nas Bolsas de Valores pelo mundo afora

Situação que foi o empurrão para um desemprego brutal e a redução do comércio internacional, ontem como hoje, um dos esteios do crescimento econômico. E esses cavaleiros estavam escoltados pela queda dos preços de bens e serviços e a diminuição significativa de todas as atividades produtivas. E assim por diante.

E o pior: uma descrença generalizada tomou conta de toda a sociedade, lapidando aqueles tempos terríveis que, por ironia digna de um filme de horror, em muitos países só terminaram com a II Guerra Mundial, elevada assim à condição de motor do desenvolvimento deste sofrido planeta.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

CHINA EM FOCO (1)

• Números fabulosos

As contas revisadas de 2007 do PIB chinês colocam o colosso asiático como a terceira economia do mundo, com 3,74 trilhões de dólares de bens e serviços produzidos.
Fogos de artifício aparte, essa cifra impressionante precisa ser considerada no marco de sua relatividade, comparando-a com aquelas de outros grandes competidores na corrida pela produção da riqueza global. Assim, comparativamente, esse valor - que é aproximadamente o dobro daquele do Brasil - está 10% acima do PIB da Alemanha, agora na quarta posição no ranking; 18% abaixo do Japão, segunda potencia mundial; e corresponde apenas a 28% do PIB dos EE.UU, lider disparado.
Sem esquecer que tudo é calculado pelo conceito tradicional de medir o produto interno bruto dos países a preços de mercado, com base na cotação média da moeda local com relação ao dólar americano.

• Papel fundamental

O presidente Hu Jintao afirmou que com o crescimento previsto de 8% a 10% para 2009 a China reforça o papel do país como uma das peças chaves na recomposição da arquitetura financeira/econômica global.E isso será alcançado do modo que eles conhecem bem: crescendo de um modo contínuo, sustentável e acelerado.
Esse desempenho positivo deve continuar a criar mercados para o resto do mundo e ajudar a promover o avanço de outros países, especialmente aqueles que, como é o caso dos emergentes, têm na exportação de matérias primas uma das mais importantes fontes de divisas e riquezas.
Só como exemplo: em 2008 a China foi o segundo cliente brasileiro de commodities, superado apenas pela União Européia com seus 27 integrantes.

• Muito dinheiro

Com quase dois trilhões de dólares em seus cofres, a China fechou 2008 com as maiores reservas de divisas do planeta - 9,5 vezes maiores que as reservas brasileiras - equivalentes a 35% do total mundial.
Considerando também as reservas de outros países da região, – Japão, Índia, Kóreia do Sul, Singapura, etc – resulta que estão na Ásia mais de 75% dos recursos existentes à disposição dos bancos centrais o que, entre outros aspectos, traz à tona a pergunta: Porque as sedes dos principais organismos financeiros internacionais (FMI, BM, CFI, etc.) devem estar localizados em Washington?

• Investimento externo

Em 2008, com um aumento de 23% sobre 2007, a China recebeu mais de 93 bilhões de dólares de investimentos diretos do exterior, continuando na posição do líder entre os emergentes e superando o Brasil em aproximadamente 130% na preferência e na confiança dos investidores estrangeiros, especialmente das grandes multinacionais.

Foto: distrito financeiro de Shangai

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

LIÇÕES QUE A CRISE DEIXOU EM 2008

O vendaval financeiro que assolou nosso sofrido planeta em 2008, deixou algumas marcas e lições que, tais como feridas de guerra, não serão esquecidas tão cedo.

Em primeiro lugar, deixou bem claro que a globalização – fenômeno, econômico, político, social, planetário e perverso - trata os desiguais de forma igual e com sua força avassaladora não reconhece fronteiras, não deixa ninguém de fora e coloca grandes e pequenos no mesmo redemoinho.

Ou seja, ficou mais que evidente que, direta o indiretamente, no curto ou médio prazo, todos dependemos de todos. E que a desgraça de uns, tal como a bonança, é tão contagiosa como essas gripes repentinas que vêm, quem sabe de onde, para estropiar nosso bem estar.

Em tempo: o dito acima não se aplica só aos países, senão que também à empresas e pessoas.

Outra lição – e por favor, não vamos esquecer essa - é que o Brasil é uma peça muito importante (fundamental?) no futuro rearranjo da frágil arquitetura das finanças internacionais e no ordenamento mais justo das relações econômicas internacionais.

Depois, vale a pena lembrar que os badalados “gênios da administração” estão em forte baixa nas bolsas globalizadas de talentos empresariais. Para quem não lembra, são aqueles executivos que, em busca de melhores resultados, não vacilam em fechar fábricas, cortar empregos, desmontar organizações e pôr milhares de pessoas na rua da amargura. Mas tudo com classe, olhando de cima de seus vistosos títulos acadêmicos, com a soberba dos indiferentes às necessidades humanas. No fundo, no fundo mesmo, a maior habilidade de muitos desses ditos “salvadores da pátria” é de apenas deixar-se levar pela correnteza das circunstâncias, abraçados num excelente programa de promoção pessoal.

Outro interessante motivo para reflexão é analisar o papel da imprensa nessa estória toda. Sem dúvida, teve (e tem) um desempenho essencial para informar, questionar e analisar ainda que, de acordo com as declarações de muitos governantes, houve alguns exageros, do tipo “ um pouco de lenha na fogueira é sempre bom”. Quem sabe, nos tempos futuros, o eterno debate entre responsabilidade e liberdade seja enriquecido com novas idéias e conceitos.

Muitos afirmam – com razão, acho – que 2008 será lembrado também como o ano do início do fim do capitalismo, pelo menos tal como o conhecemos hoje, dependente que é do poder anônimo, tirânico e absoluto do “deus mercado”, que dita as regras e a forma do “sistema”.

Até pode ser. Será uma boa oportunidade para verificar-se o que tem de positivo um namoro (firme) de Karl Marx com Milton Friedman que, desde já, conta com o apóio incondicional de John K Glbraith.

De tudo essa baderna, os governos saíram por cima e o Estado ficou fortalecido. Tomara: não se tem memória de tantas e tão grandes empresas estendendo a mão para receber recursos oficiais, aparentemente inesgotáveis. Mas esse dinheiro público tem um custo nefasto, desde que significa ainda menos recursos – já insuficientes - para a infra-estrutura física e social dos países, a começar pelos pobres e os emergentes. Traduzindo: mais fome, mais doenças, mais miséria, menos esperanças, menos qualidade de vida, menos empregos, tudo alimentando o círculo vicioso do desespero.

Isso, em todo o mundo e de todos os modos imagináveis, seguindo um dos mandamentos imutáveis da história: os que mais precisam e menos têm vão pagar a maior parte dessa astronômica fatura.

Não é o fim do mundo. Tem saídas. Por agora, cabe lembrar que, apoiados na experiência de 5.000 anos de civilização, os chineses consideram as crises como o melhor adubo para o arvore da oportunidade e do empreendedorismo.