sábado, 22 de fevereiro de 2014

UM MUNDO MUITO DESIGUAL


Panorama desolador

Uma avalanche de dados e informações provenientes de respeitáveis organismos internacionais confirma um aumento assustador da desigualdade global, fato que pode sintetizar-se na chocante comparação de que 85 das pessoas mais ricas de nosso planeta ganham anualmente o mesmo que os 3,5 bilhões – 50 % da população mundial – dos mais pobres. E também que as três pessoas mais ricas do mundo reúnem uma fortuna equivalente àquela de 600 milhões de pessoas de 85 países do terceiro mundo.

Dá para acreditar tamanha discrepância? Bem, quem afirma isso é a OXFAM INTERNATIONAL, uma das mais prestigiosas organizações internacionais que ajudam no combate à fome e á pobreza no mundo. E que, entre outras credenciais, é uma entidade assessora das Nações Unidas sobre esses temas.

 Outro registro: o Escritório do Orçamento do Congresso dos EUA publicou um relatório que revela que nos últimos 30 anos a parcela dos cidadãos mais ricos dos Estados Unidos quase triplicou sua renda, enquanto as famílias mais pobres viram seu patrimônio crescer apenas 18% no mesmo período! 

Joseph Stiglitz,  Premio Nobel de Economia, afirmou em recente artigo no New York Times: “Desde os anos 80, o capitalismo foi fortemente desregulado ao estilo americano, logo imitado pelos demais países ricos. Na verdade, a promoção dessa ideologia trouxe bem-estar material para os ricos do mundo, enquanto os demais viram sua renda estagnar ou  diminuir ano após ano".

Complemento: As Nações Unidas mostram no seu informe anual que o aumento das desigualdades de ingressos em todo o mundo é um dos fatores básicos que contribuem para ampliação do conjunto calamitoso das mazelas sociais – violência, consumo de drogas, prostituição, corrupção, impunidade, insegurança, racismo, descrença nos valores éticos, desemprego, etc. – que travam um desenvolvimento contínuo, sustentável e livre de crises, essencial para conservar uma condição de vida que mantenha viva a esperança de um futuro melhor.

Davos

No recente Fórum Econômico Mundial de Davos, celebrado sob o marco da análise das causas e conseqüências da desigualdade planetária, o secretário geral da OXFAM, Ricardo Fuentes-Nieva, na presença de uma boa parte da elite mundial, ressaltou o risco que enfrenta a humanidade em conseqüência dessa injusta distribuição da riqueza, destacando: “Nas últimas três décadas o abismo que separa os rendimentos dos mais ricos do restante da humanidade ganhou as dimensões de um flagelo intolerável, o que tem levado a uma ameaçadora ruptura social, palpável quando parcelas crescentes da população passam a desacreditar nos governos, na democracia e nos valores humanísticos.É importante lembrar que isso é o primeiro passo para o crescimento de extremismos, cujas implicações nefastas a Historia é abundante em exemplos que marcaram, sempre de modo trágico, situações insuportáveis pelas maiorias”.

Nada mais irrefutável que o desafio enviado pelo papa Francisco aos 2.500 participantes do Fórum: "Eu lhes peço que assegurem que a humanidade seja servida pela riqueza, e não comandada por ela", disse o papa na mensagem lida na cerimônia de abertura pelo cardeal Peter Turkson, presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz. E prossegue: "A ampliação da igualdade requer algo mais do que crescimento econômico, mesmo que ele seja o pressuposto para isso. Demanda em primeiro lugar uma visão transcendente da pessoa. Requer também decisões, mecanismos e processos direcionados a uma melhor distribuição da riqueza, à criação de fontes de emprego e a uma promoção integral do pobre que vá além da simples mentalidade do bem-estar social."

Em tempo: A crescente disparidade de renda e a conseqüente revolta social foram apontadas  como a maior ameaça ao mundo, de acordo com o relatório anual  "Riscos Globais 2014", publicado pelo Fórum Econômico Mundial.

No encerramento do evento, quem sabe com a consciência mais que pesada, sobraram declarações dos mais ricos do planeta sobre a necessidade urgente de acionar mecanismos para tentar diminuir essa sombria injustiça.

Tomara que sejam sinceros!





domingo, 16 de fevereiro de 2014

EMPRESAS VENCEDORAS



Competitividade

Quando se analisa os motivos do crescimento das empresas “vencedoras” – consideradas como tais àquelas que ingressaram no circuito virtuoso de uma evolução sustentável, com faturamento  crescendo acima da taxa setorial; lucratividade de dois dígitos; patrimônio líquido acima de 25% das vendas anuais; investimentos em pesquisas e desenvolvimento de produtos, sistemas, processos e mercados nunca inferiores a 3% da receita bruta; taxa de investimentos em novos negócios na faixa de  20% de seu capital; políticas eficientes de valorização de seu pessoal; missão pautada em princípios compartilhados; compreensão de seu papel social e ambiental e liderança esclarecida com visão estratégica com relação ao futuro – é possível perceber-se que compartilham a mesma visão da importância estratégica das exportações como mecanismo de singular utilidade para ganhar competitividade em todos seu múltiples aspectos.

Em conseqüência disso, uma inserção internacional – que pode girar no entorno de 20% dos negócios -  tem um efeito dinamizador  para a obtenção de resultados positivos no conjunto das operações, proporcionando as condições necessárias e suficientes para um crescimento sustentado do ponto de vista econômico, financeiro, tecnológico e mercadológico.

O que, por outra parte, é fácil de comprovar em qualquer listagem das melhores empresas industriais de qualquer país do mundo, onde “as exportadoras” revelam uma invejável condição de liderança, assim como uma invejável capacidade para se recuperarem das crises que teimam em assolar a conturbada economia globalizada.  

Mentalidade Exportadora

É claro que não é fácil ganhar e manter posições nos mercados externos, onde a concorrência é global, forte, impiedosa, onde os compradores dificilmente perdoam erros, onde é fundamental o uso inteligente das vantagens competitivas para ganhar as batalhas dos mercados. Mas que, apesar de todas as dificuldades,,  reservam para os vencedores, além dos resultados positivos, o raro prazer da vitória nas guerras dos mercados e dos negócios.

Para os novatos, em particular as pequenas e médias empresa (P&M), nunca está demais lembrar alguns preceitos que, corretamente aplicados, devem contribuir decisivamente para seu sucesso nas  lides internacionais, em especial: I) são necessários investimentos preliminares para ganhar posições nos mercados externos; II) é da máxima prioridade utilizar mecanismos adequados de marketing internacional; III) é decisiva a continuidade dos esforços, independentemente das flutuações dos mercados, no exterior e no Brasil; IV) a qualidade, a modernização, a eficiência e a inovação  são os ases das batalhas  dos mercado; nunca esquecer o importância do papel da gente que trabalha com a gente.

E vale uma anotação na primeira página do caderninho preto que registra as ações de internacionalização: partir para a luta sem olvidar que para exportar – processo interno e burocrático – é necessário primeiro vender – ação externa e competitiva.

Essa é a chave para o sucesso nos mercados internacionais!





sábado, 15 de fevereiro de 2014

MUDANÇAS FORMIDÁVEIS


Horizontes

Logo aí na volta da esquina ou muito próximo, na linha do tempo gregoriano marcando entre 2020 e o final da 3a. década do Século, seremos testemunhas, ou parte, de algumas mudanças ainda incríveis para a maioria dos habitantes desse atribulado planeta chamado Terra.
Na prática, apenas se cumpre um antigo aforismo árabe: “Tudo muda, inexoravelmente. Apenas, nem sempre sabemos quando”.

Como é habitual, respeitáveis instituições no mundo todo procuram divulgar uma síntese daquilo que pode causar mais impacto nos anos que virão, antecipando aquelas transformações que tem um enorme potencial para mudar nossas vidas, negócios,  comportamento, relacionamentos, visões do futuro, enfim, colocam em cartaz algo assim como uma pré-estréia de imagens avassaladoras sobre nosso futuro.

È fundamental a percepção de que nesse mundo novo - a diferença dos tempos passados, quando a terra, o trabalho, as matérias primas, a produção de bens tangíveis e a situação geográfica eram os símbolos máximos do poder e da riqueza das nações – componentes inovadores na forma de dados, informação, símbolos, cultura, valores, imagens, ciência, que sintetizamos como “conhecimento, a fronteira final da civilização”, no dizer do John Kenneth Galbraith, passam a fazer parte importante do patrimônio das nações. E, inevitavelmente, de sua importância e força.

Cuidados

 Mas, tem algo mais: esses “impactos transformadores” não terão o mesmo efeito em todo o globo, sendo de presumível que as sociedades atualmente mais avançadas entenderão e farão melhor uso de seus benefícios e do poder decorrente. Isso, na sua essência, como efeito colateral,  poderá aumentar a ruptura social - o abismo entre os que mais têm e os que pouco ou nada têm - a menos que os governos, sabiamente(?), estabeleçam políticas e mecanismos para que isso não aconteça. Ou, pelo menos, para atenuar os possíveis efeitos negativos dessa nova onda de tecnologia e inovação que, na sua essência, também pode dar um impulso indesejável e perigoso na revolta de grupos cada vez mais distantes dos benefícios do progresso.  

Sob tais circunstancias, é importante que esse cuidado para democratizar os benefícios desse mundo novo também faça parte da agenda dos gestores da governança planetária.

Flashes

Apenas nos atrevemos a listar algumas poucas entre as quase 120 “transformações de ruptura” identificadas pela Microsoft e que, seguramente, tem o potencial para fazer alterações substanciais em nosso modo de transitar por esse minúsculo pedaço de universo chamado Planeta Terra:

. Até o final da presente década, utilizando apenas as informações do ADN pessoal, os médicos poderão diagnosticar e prescrever tratamentos personalizados centenas de vezes mais eficientes que aqueles utilizados na atualidade.

. Em 2030, 80% das pessoas viverão em cidades. Antecipando um possível caos muitos governos avançam na construção de “cidades inteligentes”, onde a tecnologia de informação permitirá conhecer e antecipar as necessidades da população e, na medida em que os computadores aprendem a entender o que as pessoas precisam, o que gostam, o que fazem, como se movimentam, será possível transformar os conglomerados urbanos em locais muito mais agradáveis para se viver.

. Com o impulso das novas tecnologias os computadores poderão raciocinar e interagir cada vez mais intensamente com os humanos e, entre outra tantas utilizações, proporcionarão aos educadores novos instrumentos para conhecer seus alunos e assim desenhar programas de estudos ajustados às características de cada um, multiplicando notavelmente o volumem, qualidade e abrangência de seus conhecimentos..

. Pouco depois de 2020, 70% da população mundial terá acesso a dados móveis e o trafego planetário deverá crescer ate 11 vezes e, inclusive, será duplicada a velocidade media de transmissão, com potencial para continuar evoluindo exponencialmente.

. La pela metade da década dos 30 estaremos carregando no bolso aparelhos mais expertos,  inteligentes e capazes, acomodando o que, preliminarmente, os cientistas definem, como um 2º. celebro neural-positrônico, carregando bilhões de vezes mais informações que o mais potente de nossos atuais PCs.

Por mais incrível que isso tudo pareça, nossa civilização – ou pelo menos uma parcela privilegiada - caminha, inexoravelmente, nessa in direção.




UMA CORRENTE AMEAÇADORA


A globalização não tem pai nem mãe, não tem profetas nem fundadores, muito menos objetivos, compromissos ou responsáveis. Simplesmente aconteceu em algum momento esquecido nos primórdios da humanidade quando os homens, na luta pela sobrevivência, buscavam pela violência ou pelo convencimento, partilhar os bens que as circunstancias e a natureza colocava a seu alcance.
Como não tem regras nem códigos para obedecer é livre para fazer o bem ou criar o mal, favorecer uns ou prejudicar outros, impulsionar ondas destruidoras – vide “crise” atual – ou permitir que o mundo desfrute da bonança do crescimento, como já aconteceu tantas vezes.

Como ente sem fronteiras que paira como um deus onipotente sobre todo o globo, exerce um poder indiscutível sobre todas as coisas que envolvem as relações econômicas e financeiras entre as nações. E tem nas empresas multinacionais suas fortalezas espalhadas por todo o mundo cumprindo seu papel de acumular riquezas e poder, assim como de minar a autoridade dos governos. E, no final das contas, são também a ponta de lança do “sistema” para aumentar a desigualdade planetária, fortemente acentuada nesses últimos anos.

É bem verdade que através dos séculos, na sombra de toda teoria econômica arquitetada pelo homem, esse fenômeno foi se fortalecendo e ganhando espaço num planeta cansado de tanta exploração e desatinos. Isso, até chegar ao ápice nas últimas décadas, quando os interesses dos que tudo podem encontraram o aliado ideal no casamento da tecnologia com os mercados. Bem, assim a folia que festeja essa união pode continuar através dos tempos, proporcionando sempre novas energias aos felizes parceiros.
Esses três paradigmas – interesses, tecnologia e mercados - têm como padrinhos de honra a indiferença, o egoísmo, a cobiça e um materialismo desenfreado que não conhece limites na sua volúpia de mais, sempre mais.

Esse é o lado obscuro da globalização, em luta permanente com sua face radiante que busca a paz, a qualidade de vida, o desenvolvimento sustentável e a justa distribuição da riqueza universal. Que ainda é, para muitos, um sonho possível no caos de uma civilização que tropeça continuamente na sua jornada para um mundo melhor. 

De qualquer modo, a “crise globalizada” de nossos dias não deixa esquecer que todos dependemos de todos. E resulta importante destacar que tudo começou porque dezenas de políticos deixaram de lado os ditames da boa governança e tiveram nos banqueiros, sempre na caça de lucros crescentes, os aliados indispensáveis para ignorar os conselhos de prudência dos mais cautos. Naturalmente, para completar o circulo da felicidade, contaram com a colaboração de centenas de milhões de consumidores afoitos, daqueles que gastam mais do que podem.

Logicamente, com a “mão pra lá de amiga” da falta de ética – a corrupção desvairada é apenas um de seus efeitos colaterais – e da carência de normas adequadas para regular o sistema financeiro, sempre a postos para participar e liderar o grande cassino planetário.

Nota de rodapé para seu caderninho preto: as 500 maiores empresas e os detentores das 500 maiores fortunas do mundo são os verdadeiros donos do poder global, inclusive acima da autoridade e da força do Estado. E sempre, depois de cada “crise”, ficam muito mais ricos e poderosos. Ou seja: as famigeradas “crises” parecem ser um excelente adubo para os que tudo tem – empresas, pessoas – ganhem energia, poder e dinheiro... às custas daqueles que menos ou nada têm.
        Enfim, assim caminha a humanidade. Será que isso pode mudar um dia?