terça-feira, 6 de abril de 2010

ATAQUE FRONTAL

Em março de 2010, no transcorrer da XI Assembléia Popular Nacional - a APN é o orgão legislativo máximo da China – foram analisadas, debatidas e definidas as grandes metas e os caminhos que o colosso asiático deve trilhar para atingir seus objetivos políticos, econômicos, financeiros, sociais, estatégicos, ambientais e internacionais.

As decisões dessa Assembléia, que reune 3. ooo representantes de todas as regiões do país e que, em geral, aprovam estudos e propostas dos grupos da elite do planejamento do governo, têm uma importância indiscutível e decisiva para pautar as ações executivas dos dirigentes chineses, sendo utilizadas como uma orientação fundamental para obter os resultados positivos que mais interessam ao dragão asiático que, é bom notar, abriga um quinto dos habitantes do planeta, com problemas, carências e anseios proporcionais a sua grandeza humana, econômica e territorial. E, acreditem, com os olhos fixos no horizonte onde deve alcançar seu objetivo maior:Vir a ser a primeira potência do globo... até 2030!

Não pode passar por alto que a China - marcando diferenças evidentes com as atuações das potências historicamente detentoras da coroa da dominação planetária - atua com a paciência e competência de um consumado jogador de xadrez para alcançar essa ascendência mundial, objetivo não confessado e não por isso menos desejado, ainda que cautelosamente disfarçado sob a cortina de sorrisos, amabilidades e declarações bem comportadas da diplomacia chinesa.

Sob a pressão natural da maioria de seus habitantes que anseiam por uma melhor qualidade de vida, a China tem pressa e sabe que precisa fazer muito mais que os avanços espectaculares alcançados nas últimas três décadas. O presidente Hu Jintao – que em poucos dias estará no Brasil – enfatiza no encerramento da XI Assembléia: "É necessário mudar o modelo de desenvolvimento econômico e dar maior atenção aos temas do interesse imediato da cidadania. Essa mudança é urgente e precisa acontecer no menor prazo possível, sob pena de consequencias potencialmente desastrosas para o futuro da China”.

Especialistas da Universidade de Pequim – que abriga o principal “think tank” do governo - assinalam que nos próximos anos a “aceleração da mudança” será o ponto-chave nas discussões, programas e ações executivas e indutoras do governo.

(Aliás, por favor, não confundir com nosso PAC ainda que, em muito, têm lá suas semelhanças. Apenas, fica no ar a dúvida se, por efeito emblemático das coisas da economia, nossos especialistas em desenvolvimento não repetem as mesmas receitas que deram certo na distante terra do urso panda. Ou pode, por magia, ser o contrário?).

Agora, no front externo, a China também tem pressa e acelera sua presença e influência com a atuação incansável de seus “caixeiros viajantes promotores das boas relações com todos os povos” - destaque especial para o presidente Hu Jintao; o primeiro ministro Wen Jinbao; e o Ministro das Relações Exteriores, Yang Jiechi – que percorrem todos os cantos do planeta numa peregrinação jamais antes conhecida no mundo da diplomacia, distribuindo generosamente apertos de mão, sorrisos e ...montanhas de dinheiro, especialmente para países da África e América Latina. Nos intervalos, fecham acordos para garantir os suprimentos de matérias primas, imprescindíveis para movimentar a gigantesca máquina de produção do país asiático e também, para não perder a viagem, conseguem o apóio – ou a neutralidade- para a realização de seu objetivo maior, logicamente não anunciado, para atingir o posto de maior potência do planeta, hoje ocupado pelos EUA.

No mais, tem comprovado condições para chegar ao ápice, lembrando que são discípulos aplicados dos ensinamentos do mestre Confúcio: “No trabalhoso caminho da vida, tudo se consegue com paciência, equilibro e persistência”.

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