terça-feira, 10 de novembro de 2015

OS GRANDES AMIGOS DO ALHEIO

A difícil transparência

Integrada por 134 países, o Fórum Mundial para a Transparência e a Troca de Informações Tributarias, entidade crida pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), tem pressionado fortemente os governos para cooperar no combate os ilícitos fiscais, modernizando e fazendo cada vez mais eficazes os instrumentos que dificultam essa pratica que desvia centenas de bilhões de dólares de seu uso dentro da legalidade e que, como nefasta consequência, prejudica severamente a boa governança das contas públicas.

A chefe do secretariado do Fórum, Monica Bathi, afirmou recentemente: “A forte pressão internacional está fazendo cada vez mais difícil encontrar um lugar seguro para esconder recursos possuídos de forma tortuosa”.

É, sem dúvida, uma excelente notícia, ainda que os manipuladores (bancos) pertinazes do dinheiro possam realmente romper uma prática, nascida em Veneza no Século XIV, e deixem de buscar e encontrar médios para continuar recebendo os polpudos benefícios do dinheiro de origem duvidosa, venha de onde venha. Que, segundo a Transparência Internacional, produz algo próximo de 40% de seus lucros!

Para na esquecer

O impacto devastador do cataclismo das finanças mundiais em 2008 – e de sua irmã gêmea, a economia global – vai antecipar a necessidade de uma mudança radical da arquitetura do “sistema” - aqui definido como o "grande arranjo entre os amigos que monopolizam o poder” - que teve início, nos tempos modernos, quando Adam Smith - sem dúvida, uma das mentes mais lúcidas que enriqueceram o saber econômico da humanidade – publicou sua mais que famosa “Riqueza das Nações”, em 1776, proporcionando às minorias dominantes da época a base teórica do modelo capitalista&liberal, instrumento ideal para geração de riquezas........ás custas da maioria! Isso, sob a justificativa infalível de que “o fim justifica os meios”.

Os ingredientes

Obter ganâncias fabulosas no sistema financeiro globalizado é muito fácil, desde que a matéria prima para as safadezas é, infelizmente, tão abundante quanto à cobiça daqueles que jogaram a ética no mais obscuro canto de suas consciências. Depois, é só misturar os ingredientes na dose e no tempo certo, como muito expertamente os gestores do dinheiro (de outros) vem fazendo, de forma notável, desde há mais de 500 anos.  

Na vida real, é só reunir à aparência de uma entidade acima de qualquer suspeita à falta de escrúpulos e ao conhecimento apurado do funcionamento da “máquina”. E, para dar a necessária sofisticação ao imbróglio, somar uma formação econômica e legal (própria ou de terceiros) à habilidade de disfarçar a verdade com sofismas dignos dos maiores malandros do planeta. Podem ter certeza, funciona!

Depois, é só recolher as ganâncias. E contribuir para engordar os mais de 25trilhões (trilhões mesmo!) de dólares – algo como 32% do PIB mundial - depositados em mais de 60 paraísos fiscais, impecavelmente encabeçados, desde quando se tem notícia da existência dessa modalidade de esconder recursos mal havidos, pela “irrepreensível Suíça”.  


Nenhum comentário:

Postar um comentário