domingo, 5 de julho de 2009

OS DESIGUAIS



Poucos meses antes de sua morte, em 1948, o apóstol da não-violência, MAHATAM GANDHI, do alto de sua imensa sabedoria, profetizava,

Os povos do chamado “Terceiro Mundo” não podem continuar esperando indefinidamente pela compreensão e a boa vontade dos países ricos, ainda cegos no seu egoísmo de acumulação de riquezas. Eles não querem caridade. Não querem esmola. O que pretendem é uma distribuição mais justa da riqueza mundial para ter uma pitada de esperança e sentir que vale o esforço para construir uma nova ordem mundial. E, para começar, nada é mais importante que o acesso facilitado aos mercados dos mais ricos, especialmente com a eliminação das barreiras e dos subsídios agrícolas.”

Hoje, mais de 60 anos depois, os países produtores de bens primários- tanto os emergentes, como o Brasil, como os mais pobres, como Ghana - continuam tentando fazer-se ouvir por sobre o alvoroço dos colossais interesses defendidos, a qualquer custo, pelos grupos que, com a maior cara de pau do mundo, se intitulam favoráveis do “livre mercado” Naturalmente, deixam de mencionar que o livre mercado só interessa quando os favorecidos são os poderosos manipuladores da economia globalizada.

O caso das barreiras tarifárias do etanol brasileiro para entrada nos EUA - o Brasil é o maior produtor mundial e possui a melhor tecnologia do planeta no ciclo integrado da cana de açúcar – é típico e serve de (mau) exemplo de como age o lobby dos “reis” dos combustíveis fósseis – petróleo, carvão - para impedir, encarecer, atrasar ou eliminar concorrentes no “seu mercado”.

Outro triste exemplo é o andar de tartaruga das negociações da Rodada e Doha para liberação do comércio mundial, que sob a égide da OMC – Organização Mundial do Comércio – se arrastam há mais de 7 anos e onde a grande controvérsia sobre subsídios agrícolas serve de pano de fundo para a defesa irredutível dos interesses dos grandes operadores de commodities agrícolas do planeta.

Aqui se aplica muito bem o ditado de que “nada é mais injusto que tratar os desiguais de modo igual” Porque os países industrializados exigem dos países menos desenvolvidos reciprocidades e abertura indiscriminada para seus produtos que, caso aceitas, seriam fatais para muitas setores ainda despreparados para enfrentar a concorrência predatória das grandes multinacionais, ocasionando todo tipo de danos, a começar pela perda de postos de trabalho e uma não menos nociva eliminação de micro e pequenas empresas.

Apesar dos pesares, o comércio internacional entre os países ricos e o “resto", tem demonstrado ser importante para o crescimento da economia global. Mas tem ainda um longo caminho a ser percorrido para que a distribuição de seus benefícios não permaneça concentrada em mãos de poucos e possam cheguar à maioria, tanto de pessoas e comunidades, como de países.

As palavras do grande mestre sinalizam um caminho para harmonizar os vínculos entre as nações e aprimorar a qualidade de suas relações.

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