quinta-feira, 16 de julho de 2009

DEUSES E DEMONIOS

Nossa civilização pode tanto ser definida como a última etapa da rebelião dos gênios da energia, tal como a conhecemos e usamos negligentemente nos últimos 300 anos, ou o degrau inicial da utilização massiva de tecnologias ambientalmente não agressivas para produção daquilo que podemos, com toda propriedade, apelidar como o sangue vital de nossa era.

A base de geração de riqueza do “sistema” que, desde nosso nascimento, aprendemos naturalmente a aceitar como definitiva e intocável - é assim, não pode mudar, faz parte – tem como base a extração de materiais fósseis -
basicamente, carvão e petróleo – não renováveis, finitos, exauríveis, concentrados, sujos, mortais agentes de poluição que são.

Através dos tempos, essa dupla sinistra deixou um caminho de iniqüidades, crimes, ditaduras, monopólios, guerras, conflitos intermináveis, doenças, trabalho subumano, enfim, no dizer popular, “são do mal”. E, de um modo ou outro, a expansão e a essencialidade de seu uso foram suficientes para justificar e encorajar enxurradas de ambição, de falta de escrúpulos, de ânsia de poder, de questões de estratégia militar, de aventuras, de paixão e de preconceitos que, em parte, contribuíram para moldar politicamente nosso planeta.

De tudo isso, estamos matando o planeta por desleixo, incompetência e interesses de alguns grupos insensíveis às verdadeiras necessidades de nossa civilização.

Quero lembrar, apenas como registro, que os dois países responsáveis pela emissão de mais de 65% dos gases poluidores da terra, são a China e os EUA que têm no carvão a fonte de 75% e 50% de sua geração de energia elétrica, respectivamente. E são também os maiores consumidores de petróleo, devorando 40% da produção mundial.


Já que pelo que nos consta ninguém está bombeando de volta petróleo para as entranhas da terra, temos que aderir, nem que seja por simples questão de tentativa de sobrevivência, às energias alternativas – derivadas do sol, do vento, do hidrogênio, da água, da biomassa, do etanol e de diversas outras fontes renováveis e não poluidoras.

Essas fontes, que para a 2ª. metade deste Século s
erão parte fundamental de uma nova forma de dominar a ciência de produzir energia, têm algumas coisas em comum: receberam, recebem e continuarão a receber a oposição – aberta ou dissimulada – das grandes empresas multinacionais que extraem seus lucros fabulosos das formas tradicionais de produzir, processar e distribuir energia.

Algumas dessas fontes – sol, vento, hidrogênio - têm características que fazem o desespero dos grandes grupos que se aferram às formas que, em poucas décadas, farão parte do museu da energia: são descentralizadas, podem ser utilizadas sob medida às necessidades dos usuários e não podem ser objeto de monopólios.

São, essencialmente, um grito de liberdade no caos de interesses contrapostos de nosso tempo.

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