sexta-feira, 1 de maio de 2009

O MONSTRO DE MIL CABEÇAS


Numa antiga inscrição assíria, de 2.600 anos A.C. conservada no Museu do Homem, em Londres, pode ler-se: ”Nos dias atuais, a corrupção **envenena a sociedade; os filhos não obedecem mais seus pais; a moral já deixou de ser um guia para a conduta de nossos líderes; e assim o fim do mundo está se aproximando”.

Esse flagelo anda sempre de mãos dadas com a total falta de ética e uma extraordinária capacidade para atuar às escondidas. E, com uma desfaçatez impecável, seus adeptos sabem muito disfarçar sua face repugnante trás uma fachada de imponência, esbanjando importância e soberba, fazendo questão em vender uma imagem pasteurizada do tipo cidadão acima de qualquer suspeita.

.Entre seus aliados infalíveis e sempre dispostos a servir seus propósitos inconfessáveis, merecem destaque especial: a burocracia, em todos seus níveis e formas; as leis, que esquecem a Justiça e o Interesse Público; a ambição, que destrói o caráter; as organizações, quando seus líderes carecem de firmeza moral; os costumes, que petrificam os maus hábitos no altar do “sempre foi assim”; os controles, que entronam a fiscalização (e os fiscais). Bem, vocês podem também descobrir muitas cabeças mais para esse monstro que, abertamente ou às escondidas, cobra uma parcela de nosso bem estar.

Mas, ainda que antigo e com raízes profundas na sociedade, não por isso deve deixar de ser combatido com todas as armas possíveis, a começar pela manutenção de uma imprensa livre – o Supremo Tribunal Federal acaba de julgar procedente a revogação da antiga Lei de Imprensa, de1977, um dos rebentos bastardos da ditadura – e o fortalecimento da ação de quase uma centena de ONGs que no mundo todo lutam sem trégua contra esse ladrão empedernido.

Vale meditar sobre algumas manifestações de alguns soldados de vanguarda nessa batalha, que é também uma luta pela transparência, a democracia e a qualidade de vida:

* Barry O''Keefe, presidente do Conselho da Conferência Mundial Contra a Corrupção (IACC), acredita que “uma das principais razões da atual crise financeira mundial é a corrupção e a falta de moralidade e de ética".

* Constantinos Bacouris, presidente da Transparência Internacional grega, afirma que “a corrupção está dentro do núcleo dos desafios da humanidade e, por isso, é preciso combatê-la. Devemos avaliar melhor e entender sua relação íntima com a paz e a segurança, as energias renováveis, e o desenvolvimento sustentável”.

* Anup Shah, jornalista e estudioso dos efeitos da globalização, afirma que “é preciso entender que a corrupção é uma das causas fundamentais da pobreza em todo o mundo e seu impacto nos países mais pobres tem a dimensão de uma terrível tragédia humana. Também, o tipo de globalização implementada nas últimas décadas favoreceu a disseminação dessa prática criminosa que nasce da competição desumana na base do sistema capitalista”.

**“ Corrupção vem do latim corruptus e significa quebrado em pedaços. O verbo corromper significa “tornar pútrido”.

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