terça-feira, 17 de novembro de 2009

UM VENTO DO OCIDENTE


Faz pouco mais de 37 anos , em Fevereiro de 1972, que numa reviravolta histórica o então presidente Richard Nixon visitou a China do carismático Mao e iniciou uma aproximação entre os dois gigantes que, ainda com altos e baixos, perdura firme até o presente.

Hoje (16/11/2009) não tenham dúvidas que o que vai prevalecer na visita de Barack Obama à China é uma visão compartilhada da realidade, com base na afirmação da Secretaria de Estado, Hillary Clinton: “Ainda que muitos relutem em admiti-lho, a China e os EE. UU. construíram nos últimos anos uma rede de interesses-econômicos, políticos, estratégicos – muito sólida e com um potencial significativo de crescimento nas próximas décadas, fazendo que a cooperação e a amizade entre os dois países sejam fundamentais para a paz e a prosperidade do mundo.”

É claro que existem importantes querelas comerciais assim como diferenças de fundo nos conceitos e na aplicação de direitos básicos das pessoas. Mas as declarações grandiloqüentes a esse respeito de Hu Jintao e de Barack Obama, comuns nesses encontros, podem ser interpretadas como a quota indispensável para atender e satisfazer lobbies e grupos influentes necessários para a manutenção do poder. E isso vale para ambos os lados.

Mas o que realmente importa, na vida real, é que os dois países são os maiores sócios comerciais do planeta; os baixos preços dos produtos chineses ajudam a controlar a inflação nos EUA e aumentam o poder de compra dos americanos; os EUA, - que são disparados, os maiores inversores de capital privado na China - têm participação em mais de 12.000 empresas no país, inclusive muitas de tecnologia de ponta, somando investimentos diretos de mais de US$ 600 bilhões; a China, por sua vez, tem mais de US$ 800 bilhões de suas reservas aplicados em bônus do Tesouro Americano; empresas e instituições de ambos os países fazem trabalhos conjuntos de pesquisa em dezenas de áreas estratégicas; o intercambio tecnológico, científico, educacional e cultural atinge níveis impressionantes e cresce aceleradamente.

Ou, em outras palavras, os EUA reconhecem a (a contragosto?) que a China confirma, ano após ano, paciente e persistentemente, sua vocação e sua capacidade para vir a exercer um papel de protagonista no cenário internacional. E que, além de fazer parte do seletíssimo clube das potências atômicas e do trio de nações que monopolizam a exploração espacial – o que traduz excelência tecnológica e científica nas principais áreas do conhecimento-mostrou que possui estruturas o bastantes sólidas para superar a recente crise do “sistema liberal&capitalista” com relativamente poucos danos e sem maiores abalos no seu potencial de crescimento para os próximos anos.

E que tem fortes credenciais para continuar assombrando o mundo com taxas de crescimento econômico inigualáveis, nunca antes verificado por nenhuma região na História conhecida dos dez milênios da saga civilizatória.

Mais de 200 anos atrás, Napoleão já predizia: “Deixai a China dormir, porque quando acordar, o mundo tremerá.”

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