terça-feira, 15 de dezembro de 2009

UM PREÇO MUITO ALTO


Em Copenhague, na Conferencia da ONU sobre mudança climática, que reúne quase 200 países, no meio do entrechocar furioso dos interesses das grandes corporações e das tentativas de jogar “nos outros” a culpa e a responsabilidade pela solução do problema, os países ricos, os emergentes e os pobres não tem outra saída que chegar a um consenso sobre os compromissos, as tarefas e os custos exigidos pelo agravamento do aquecimento global, acertando, em conjunto, as medidas para diminuição drástica da emissão de gases de efeito estufa.

No final das contas estamos pagando um preço muito alto pelo modelo de desenvolvimento adotado pelo sistema capitalista &liberal & consumista, sintetizado no objetivo maior de produzir mais e consumir mais. E como não foram fixados limites, isso contradiz a lógica implacável da capacidade do planeta de suportar o delírio inconseqüente dos mercados que, escorados na ambição e no lucro, avançam qual tropel de cavalos sem freio para usufruir o máximo de um tipo de desenvolvimento que, no longo prazo, é claramente insustentável. “Duela a quién duela”.

Nas entranhas das contradições do sistema, o coitado do planeta emite um angustiado grito de protesto, na forma de degelos na Antártica e no Ártico; na diminuição da neve das alturas do Himalaia, fundamentais para alimentar os grandes rios da China; na desertificação crescente de grandes áreas do globo, inclusive no Brasil; nas loucuras do clima, com excesso de chuvas ou com a falta delas; na acidificação das águas dos mares, com implicações nefastas sobre todas as espécies marinhas; com a maior freqüência de temperaturas extremas, danosas para a produção de alimentos; enfim, por aí vai a longa lista de avisos da natureza de que muita coisa não vai bem e, de seguir nesse ritmo, catástrofes cada vez maiores açoitaram os inconseqüentes habitantes do planeta. E, ironia extrema, esse mal não pode ser eliminado com o poder de todos os exércitos do mundo, que nada podem fazer diante desses fenômenos imponderáveis.

De tudo isso, é preciso repensar com responsabilidade ambiental os fundamentos do sistema de produção de riquezas do planeta! Será uma mudança fantástica, inconcebível poucas décadas atrás, e que terá efeitos dramáticos no modo de vida de uma boa parte da população do mundo.

Alguns signos positivos já são visíveis e autorizam certo otimismo sobre o início do processo de reversão do ciclo perverso de degradação da “mãe terra”, como faz entrever a notória mudança de postura dos EE. UU, o maior poluidor do mundo, onde já é maioria os que começam a entender os benefícios de uma atitude positiva com relação ao clima E que contam com a ajuda inestimável de Al Gore, que esgrime seu estudo “Uma Verdade Inconveniente” como um alerta amarelo para a continuidade da vida no planeta e que, para assombro de muitos, foi encontrar em Arnold Schwarzenegger, governador da Califórnia, um novo defensor acérrimo do meio ambiente. Quem diria!

A China não fica atrás. Iguala os EE. UU como emissor de gases de efeito estufa e sofre as conseqüências desastrosas do um modelo de crescimento negligente com a natureza. Felizmente, essa atitude começou a mudar nos últimos anos e hoje é o pais que mais investe em preservação ambiental.

Exemplo dessa preocupação são as diretrizes da Conferência Econômica Central, órgão máximo de planejamento da economia da China, que na primeira semana de dezembro anunciou em Pequim que o governo patrocinará profundas mudanças no modelo de desenvolvimento seguido até o presente. E, dando força a essa nova política, o presidente Hu Jintao, preconizou “um obsessivo cuidado com a preservação ambiental com vistas a manter um sistema econômico equilibrado e sustentável para atender as necessidades das gerações futuras”.

Declaração muito importante desde que estamos falando de uma quinta parte da população do planeta!

O Brasil não fica atrás. Além de metas ousadas a médio e longo prazo, o Ministério de Minas e Energia habilitou recentemente 339 projetos para geração eólica com capacidade de 10 mil megawatts, o que significa uma vez e meia a capacidade do Complexo do Rio Madeira. Ou 60% de Itaipu.

De qualquer ponto de vista, a tarefa da reversão do efeito estufa é colossal. Mais perfeitamente possível no amparo das tecnologias já existentes e as muitas ainda em desenvolvimento. E sempre contando com a imprescindível ajuda de uma nova visão das responsabilidades desta geração.

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