quarta-feira, 18 de julho de 2012

O CAMINHO DAS PEDRAS

Nos últimos anos, o avanço espetacular do processo de internacionalização da economia trouxe para mais perto da realidade o sonho de Adam Smith que já em 1776 alentava a visão de “um mundo unido pelo comércio, irmanado na busca da prosperidade e onde cada nação participava de acordo com suas capacidades”.

De certo modo, o insigne mestre antecipava que o capitalismo, através de sua filha predileta, a globalização, seria o sistema econômico mais promissor para a prosperidade mundial, acelerando a convergência entre as nações para compartilhar, de modo justo, os benefícios do progresso. Era, na sua essência, um sonho grandioso!

Uma breve análise da economia internacional nas duas últimas décadas revela à formidável evolução do processo de globalização, fortemente alicerçado nas impressionantes mudanças tecnológicas incorporadas as redes mundiais de comunicação e de transporte. E a internet tem lugar de honra!

O que, na vida real, nos coloca a todos no mesmo barco – as últimas crises servem de exemplos incontestes – ainda que alguns viajem de primeira classe e a muitos nas cabines abaixo da linha de flutuação. (Lembram o Titanic?)

É claro que o termo “globalização” suscita embates eletrizantes entre os que estão a favor - que apontam os resultados positivos derivados do crescimento espetacular do comércio, do turismo e dos investimentos internacionais - com aqueles preocupados com a concentração crescente da riqueza, o aumento do desemprego, o escasso dinamismo do crescimento em dois de cada três países do Planeta e a falta de respostas contundentes para as disparidades sociais.

Ou colocado sob outro ponto de vista: Ganha espaço nas mesas de discussão a idéia de que a globalização não favorece os povos, muito menos os países pobres e, pelo contrario, de forma intensiva, privilegia discriminadamente os países ricos e seus rebentos mais festejados, as grandes corporações, essas sim as grandes beneficiárias da internacionalização da economia mundial.

Mas, de qualquer modo, o processo parece irreversível e, possivelmente, definitivo. Até porque surgiu naturalmente, sem pais conhecidos, sem donos, sem profetas. E quem sabe por que, na sua forma primitiva, teve origem nos alvores da humanidade para dar vazão à curiosidade e o espírito aventureiro de nossos ancestrais, para muitos dos quais as trocas – o comércio – era uma questão de sobrevivência e de progresso, que justificaram e ajudam a entender um de seu momento mais glorioso: As viagens do Descobrimento, pouco mais de 500 anos atrás.

E também porquanto parece ser uma boa resposta para o uso intensivo do conhecimento, da inovação e da tecnologia, cuja expansão no último quarto de século ultrapassa os limites da mais otimista das previsões e hoje são parte fundamental na construção de um “Novo Mundo” que, essencialmente, encerra a promessa de um futuro melhor para todos os povos do Planeta.
Lógico, esse pode ser um bom caminho para o amanhã desde que seus habitantes – suas lideranças – não deixem transbordar os limites de sua cobiça, egoísmo e ânsia de poder, usando fortemente o freio da sensatez, da ética e da solidariedade.

Vale assinalar que nesta parte do mundo, especialmente na última década, as mudanças econômicas verificadas no Brasil são mais bem explicadas desde uma perspectiva global, desde que centradas na abertura da economia, na liberalização dos mercados financeiros, com significativo aumento dos investimentos provenientes do exterior, reforçando a presença, influência e dependência cada vez mais marcante do capital estrangeiro; e no efeito direto dos acontecimentos externos nas oscilações dos mercados.

De tudo, o importante é não esquecer que, para muitos, a virtude intrínseca da globalização reside no fato de ser a maior promessa de sustentação da paz que a humanidade, guerreira por natureza, conheceu no decorrer de sua fascinante e atribulada história. O que, de longe, justifica sua existência e os esforços para seu aperfeiçoamento e continuidade.





Nenhum comentário:

Postar um comentário