terça-feira, 24 de julho de 2012

A GRANDE FALCATRUA


Um dos elementos que marcaram o início do Renascimento – um tempo magnífico que deu início a longa caminhada da Europa para afastar-se de vez da idade das trevas – foi à consolidação de um sistema bancário, lá por 1.400, liderado pela Casa dos Médici, de Florença, que alguns, com acre ironia, denominam de Banqueiros de Deus, tal sua íntima relação com a Santa Sé, para a qual monopolizavam os serviços de arrecadação e de corporate banking, no linguajar de hoje.
Foi, durante muitas décadas, a mais poderosa instituição financeira do mundo, apoiada numa rede de filiais e correspondentes que não deixava nenhum mercado importante fora de seu alcance. E, de certo modo, foi pioneira na criação e implantação de muitos dos instrumentos financeiros que hoje fazem a alegria e os lucros do sistema e de seus mais abastados usuários.
Daí, não é por casualidade que hoje chegamos aos 22 trilhões de dólares – aproximadamente 35% do PIB mundial ou equivalente à soma da riqueza produzida anualmente pelos EE. UU. e o Japão – que é, pasmem, o total financeiro desviado para paraísos fiscais por esses possuidores –sonegadores (?) – de uma parte substancial da riqueza do Planeta. E isso não é tudo: Existem indicações que podem ser acrescentados outros 10 trilhões em propriedade e outros ativos – uma China – a essa montanha de dinheiro que indica a distorção obscena, acima de qualquer justificativa ou análise, do sistema de distribuição da riqueza mundial.
Essas informações são parte do relatório “The Price of Offshore Revisited”, de autoria de James Henry, ex-economista chefe de McKinsey & Company, uma das maiores e mais prestigiosas firmas de consultoria do mundo, e foi preparado por solicitação de Tax Justice Network, uma das entidades líderes do globo no combate á corrupção, usando dados do Banco de Compensações Internacionais, do FMI, do Banco Mundial e de governos locais.
E tem mais: Os impostos devidos nos seus países de origem chegam aproximadamente a 11 trilhões de dólares que, comparativamente, é 100 vezes mais que a soma de todos os programas de ajuda humanitária patrocinados pelas Nações Unidas em 2010.
O informe listou 139 países que alimentam essa monstruosidade, encabeçados pela China (US$ 1,1 trilhão); Rússia (US$ 798 bilhões); Coréia do Sul (US$798 bilhões); e, ocupando um “honroso” quarto lugar, o Brasil com US$ 520 bilhões.
Lembrando que, para dar uma dimensão á essa falcatrua, os impostos que deixaram de ser recolhidos no país por esses privilegiados, são suficientes para cobrir os investimentos em Saúde e em Educação de todo o ano!




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