sexta-feira, 17 de agosto de 2012

UM LONGO CAMINHO

 


Com base no Programa de Metas do Milênio estabelecido pelas Nações Unidas em 2000 para ser cumprido até 2015, foi recém lançado um Plano que deve investir 40 bilhões de dólares nos próximos três anos destinados a acelerar o cumprimento de um desses objetivos: Eliminar as desigualdades entre os sexos e valorização da mulher.

O inédito é que esse Plano foi aprovado por unanimidade com o aval dos 193 membros da Entidade, incluso daqueles países da Ásia e da África que ocupam os últimos lugares no respeito pelos direitos da mulher.
Em verdade, ainda que representando 51% da população mundial, a mulher não comparte de forma proporcional os benefícios da educação, da remuneração do trabalho, da condição social, do respeito e reconhecimento pela importância de seu papel na estrutura de nossa civilização, muito mais preocupada em manter, com unhas e dentes, os privilégios dos mais fortes. Fisicamente.
O uso da força, como expressão de superioridade, é o melhor modo de explicar, desde tempos imemoriais, o longo predomínio do homem (gênero) sobre a mulher(gênero). É claro que, para aqueles que sabem decifrar  os resquícios  pouco comentados da História, isso também pode ser interpretado como uma das tantas aberrações da passagem da humanidade pelo Planeta, ocupando um lugar destacado entre os mais notórios exemplos de injustiça e preconceito,  escorados em traços de religião, ignorância e, muito especialmente,  costumes de eras remotas

Através dos tempos, mais especificamente a partir da segunda metade do Século XIX, a mulher iniciava a longa luta – que continua até hoje – para não ser um utensílio a mais num mundo dominado pelos homens, tradicionalmente ciosos por manter-se no poder pela submissão daqueles mais próximos.

Um momento histórico, que pode considerar-se que como um marco na luta pelos direitos femininos, aconteceu na Inglaterra, em 1857, quando foi promulgada a Lei Matrimonial que outorgava à mulher o direito ao divórcio e a partilha dos bens do casal. “Muitos historiadores afirmam que isso aconteceu por influência da Rainha Vitória (1837-1901), que comandava na época o maior império da humanidade e cuja dimensão era sintetizada na famosa frase ‘‘No meu império jamais se oculta o sol”, o que, direta ou indiretamente, muito contribui para dar forma ao mundo no qual existimos.

Nessa longa jornada, merece menção a assinatura da Lei de igual salário para igual trabalho, assinada pelo Presidente Kennedy nos EUA, em 1963, ao tempo que a russa, Valentina Tereshkova, era a primeira mulher a permanecer quase três dias no espaço. Sozinha.

Como alguns dos marcos que assinalam a quebra de tabus seculares no Brasil, vale assinalar 
as figuras de Maria Augusta Generosa Estrela, que se formou em medicina em 1876 em Nova York, e Rita Lobato Velho Lopez, que recebeu sua diplomação de medicina em 1887 pela Universidade da Bahia. Ambas, sem dúvidas, corajosas pioneiras na luta das mulheres para ter acesso à educação superior. Resultado: Atualmente elas já ocupam mais de 50% das vagas nas universidades do País.

Também, entre as dezenas de milhares de mulheres muitos especiais que fizeram e fazem a odisséia da trajetória feminina no Brasil, podemos citar Maria Helena Lourenço dos Santos, fundadora e presidente da Cooperativa de Floricultores da Paraíba, que liderou um grupo de 21 mulheres paraibanas, protagonistas de um dos tantos exemplos de coragem, persistência e iniciativa que revelam um Brasil distante das mazelas da política e da hipocrecia sem limites que poluem o ar de Brasília.

Fundadoras e integrantes da Cooperativa de Floricultores da Paraíba, receberam o Prêmio de Experiências Sociais Inovadoras, outorgado pelo Banco Mundial, e o Prêmio Sebrae Mulher Empreendedora da Região Nordeste.

Hoje, a produção de flores rende, para cada produtora, entre um e dois salários mínimos por mês, para alegria da presidente da Cooperativa, que afirma:"Ninguém acreditava  que um grupo formado apenas por mulheres, simples como nós, teria sucesso. O que nos salvou foi a união e a determinação na conquista deste sonho".

Em tempo,  num interessante exercício de futurologia, analistas concluem que até 2050 as mulheres alcançaram a sonhada igualdade e que metade dos países do mundo serão governados por mulheres.

Enfim, será apenas um ato de justiça.



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