segunda-feira, 12 de novembro de 2012

BRASIL + CHINA (I)


Nos últimos 30 anos a China experimentou uma transformação dramática e substancial na medida em que passava de uma economia centralizada, que obedecia rigidamente os princípios do comunismo ortodoxo, para um novo regime econômico, que eles denominam “socialismo com características chinesas” ou, para muitos, “socialismo de mercado”.

O resultado: A transformação da China, de um país conhecido por abrigar o maior número de famintos do planeta nos anos 70, na segunda maior economia do mundo, a caminho de ser a primeira antes de finalizar a segunda década do Século XXI, segundo as projeções da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).

 Uma aliança estratégica

Nesse meio tempo, entre as turbulências das mudanças de tempos plenos de efervescência, começa plasmar-se uma nova e promissora aliança estratégica entre o Brasil e a China.  Na verdade, ninguém seria capaz de predizer, tamanhas as diferenças políticas, econômicas e culturais, agravados pelo desconhecimento mútuo e a grande distância, que duas nações emergentes que, em muitas áreas podem até serem consideradas concorrentes, poderiam chegar a um nível tão intenso de entendimento e cooperação, consolidados nas coincidências de opiniões nos fóruns internacionais, no volume da corrente do comércio, nos investimentos diretos de capital produtivo, nos financiamentos de projetos de infra-estrutura e nas dezenas de acordos de cooperação e de intercambio que avançam e dão sustentabilidade as relações entre o gigante da América Latina e o dragão de Ásia. Claro, a China investe e financia muitíssimo mais no Brasil que vice-versa.

Um novo mercado

O que passou quase despercebido nos últimos 20 anos - de maneira especial, a partir do início do Século XXI - foi a rápida aproximação entre o Brasil e a China, especialmente nos campos econômico e tecnológico. Isso, de modo contínuo, sólido e seguro têm sentado as bases para uma colaboração e um intercâmbio cada vez mais intenso em setores que marcarão a pauta do desenvolvimento sustentável no futuro, como são os de biotecnologia, energias renováveis, tecnologias avançadas para produção de alimentos, nanotecnologia, novos materiais, tecnologias da informação, cibernética, tecnologia social, medicina, uso do espaço, eletrônica avançada, sistemas adiantados de gestão, assim como em outros setores intensivos em conhecimento que devem ser os dinamizadores que ampliarão e modernizarão os horizontes de nossa civilização nos tempos que virão. 

E que serão (são) a matriz do conhecimento planetário e os melhores geradores de empregos de alta qualificação.

Um salto fantástico

Em abril de 1979 a China ultrapassou os EUA como o principal destino das exportações brasileiras, desalojando para o segundo lugar nosso tradicional comprador, os EUA, e assim deixando Argentina na terceira posição e, em 2012, a China passa também a ser nosso principal fornecedor de produtos importados, outra vez suplantando os EUA
 Em 2011 o comércio bilateral atingiu 77,7 bilhões de dólares, deixando um superávit para Brasil de quase 12 bilhões de dólares – o mais alto já registrado com um país - que corresponde a 38% do saldo positivo brasileiro.

 E, apesar da crise globalizada, que também afeta o comércio entre os dois países, 2012 deve fechar com um valor muito próximo de intercambio àquele recorde de 20011 sendo o destaque um aumento superior a 20% na venda de produtos industrializados brasileiros.

Além de algumas commodities chaves, com destaque para o minério de ferro, a soja e seus derivados, o petróleo, os subprodutos da madeira e o açúcar, exportados regularmente, o Brasil tem um mercado colossal a ser conquistadas para bens de alto valor agregado nas áreas de moda, de carnes e de alimentos produzidos com matérias primas locais, aos quais tranquilamente podemos acrescentar milhares de produtos que a ousadia e a coragem dos empreendedores brasileiros irão descobrindo na medida em que se disponham a enfrentar o desafio de vender no mercado chinês. Em tempo: China já e o principal comprador de vinhos brasileiros. E a nossa apreciadíssima cachaça?

É bom anotar na agenda de negócios: Em poucos anos, possivelmente até 2015/2016, a China deve ser o principal mercado consumidor do mundo, suplantando os EUA, com uma classe media de umas 400 milhões de potenciais clientes, 4 vezes mais que seus homônimos no Brasil, onde “elas” têm uma preferência obsessiva por produtos importados. E onde o “Made in Brazil” já goza de um merecido prestigio, dando suporte a essa oportunidade fabulosa!

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