terça-feira, 6 de novembro de 2012

ERGUER AS BARRICADAS



Quando a economia mundial afunda ou apenas mostra sinais de uma possível recessão ou cresce abaixo das expectativas, os mercados estremecem e buscam proteção para manter suas fatias nos negócios, “duela a quién duela”, parafraseando o ex-presidente Collor.

Para todos os participantes no comércio internacional – exportadores, importadores, terminais de cargas, bancos, seguradoras, empresas de transporte, empresas de serviços logísticos, operadores, fabricantes de equipamentos, prestadores de serviços, etc. - isso liga uma luz vermelha anunciando tempos difíceis acarretados pela redução de atividades, com as conhecidas sequelas clássicas no arrefecimento dos negócios.

Ponderando friamente a questão, nada mais justo que proteger empregos, capitais, soberania, tecnologia e o orgulho do “feito em casa”. Se elevar a proteção do mercado interno é a solução para solucionar problemas cruciais, nada a dizer.  Mas, o remédio tem que ser cuidadosamente dosado, não pode habituar o paciente e deve ter duração limitada. Porque, caso contrário, o doente (a economia) vai ter seu sofrimento mantido por muito, muito tempo.
Ou, em outras palavras: O comércio internacional é um via de duas mãos. O que significa, no final da história, que os benefícios obtidos pelas restrições às importações são anulados pelos problemas ocasionados no setor exportador, o que, como efeito colateral, aflige a capacidade de desenvolvimento sustentável do país. E, convenhamos, isso é muito, mas muito grave!

O protecionismo

A OMC (Organização Mundial do Comércio), que tem como uma de suas bandeiras um comércio mundial livre e justo, estima que até final de 2012 as barreiras (barricadas!) ao comércio, impostas desde a crise de 2008, já afetam, de forma direta uns 500 bilhões de dólares de negócios internacionais (duas vezes as exportações do Brasil em 2011), prejudicando 4% do comércio mundial. Para 2013, esse número salta para 6%!

Nos encontros dos G20 * (as 20 maiores economias do mundo) as recomendações e as expressões de boa vontade registram um superávit extraordinário no sentido de não criar empecilhos para o livre fluxo do comércio entre seus membros.  E não é para menos: Esses países são responsáveis por mais de 90% dos negócios internacionais mas, na contramão, tem no seu débito mais de 95% das medidas protecionistas diretas aplicadas nos últimos cinco anos. O Brasil, no meio!

Os mais destacados especialistas de assuntos internacionais são unânimes em alertar sobre os perigos da adoção impensada de medidas protecionistas para salvaguarda dos mercados internos o que, geralmente, dão origem a represálias país-país. E ainda mais: Tem a aziaga peculiaridade de estender-se para outras nações, deixando na sua trilha um atraso no ritmo de desenvolvimento econômico, com o resultado dos prejuízos irreparáveis que isso provoca.

Bem, é só lembrar que o ritmo de evolução do comercio internacional é uma das locomotivas que puxa o desenvolvimento globalizado. E no presente ano de 2012 aponta para um crescimento mundial de apenas 2,5%, que é, aproximadamente, a metade daquilo que seria tecnicamente recomendável esperar para a manutenção de um incremento sustentável.

Advertências unânimes

Em documento preparado especialmente para o G20, prévio à reunião da entidade na primeira semana de novembro/2012, em México, assinado pela OMC (Organização Mundial do Comércio), a UNCTAD (Conferencia das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), as três organizações líderes na promoção do comércio e do desenvolvimento exortaram aos governos para realizar os maiores esforços para resistir o protecionismo e, ao mesmo tempo pediram mais investimentos para gerar empregos e obter uma recuperação econômica global e sustentável.

Como bem enfatizou o secretário geral da OCDE, José Angel Gurría na apresentação do documento: “A tentação do protecionismo é tão forte como sempre com a crise que segue minando nossas economias” E prosseguiu: ”Agora mais do que nunca os governos s devem honrar seus compromissos de manter os fluxos de comercio e investimentos abertos e transparentes".

Por conseguinte, o que se pretende é limpar o caminho para a manutenção de um desenvolvimento sustentável e suficiente para ajudar a criar os 600 milhões de empregos adicionais que o Banco Mundial estima necessários até 2020 para evitar uma crise crônica no sistema econômico global.

*G20: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e Países Membros da UE (Esses últimos tem uma única representação).








                                                                                                                                                               





Nenhum comentário:

Postar um comentário