Quando a economia mundial afunda ou apenas mostra sinais de
uma possível recessão ou cresce abaixo das expectativas, os mercados estremecem
e buscam proteção para manter suas fatias nos negócios, “duela a quién duela”,
parafraseando o ex-presidente Collor.
Para todos os participantes no comércio internacional –
exportadores, importadores, terminais de cargas, bancos, seguradoras, empresas
de transporte, empresas de serviços logísticos, operadores, fabricantes de equipamentos,
prestadores de serviços, etc. - isso liga uma luz vermelha anunciando tempos
difíceis acarretados pela redução de atividades, com as conhecidas sequelas clássicas no arrefecimento dos negócios.
Ponderando friamente a questão, nada mais justo que proteger
empregos, capitais, soberania, tecnologia e o orgulho do “feito em casa”. Se elevar a proteção do mercado interno é a
solução para solucionar problemas cruciais, nada a dizer. Mas, o remédio tem que ser cuidadosamente
dosado, não pode habituar o paciente e deve ter duração limitada. Porque, caso
contrário, o doente (a economia) vai ter seu sofrimento mantido por muito,
muito tempo.
Ou, em outras palavras: O comércio internacional é um via de
duas mãos. O que significa, no final da história, que os benefícios obtidos
pelas restrições às importações são anulados pelos problemas ocasionados no
setor exportador, o que, como efeito colateral, aflige a capacidade de
desenvolvimento sustentável do país. E, convenhamos, isso é muito, mas muito
grave!
O protecionismo
A OMC (Organização Mundial do Comércio), que tem como uma de
suas bandeiras um comércio mundial livre e justo, estima que até final de 2012
as barreiras (barricadas!) ao comércio, impostas desde a crise de 2008, já
afetam, de forma direta uns 500 bilhões de dólares de negócios internacionais (duas
vezes as exportações do Brasil em 2011), prejudicando 4% do comércio mundial.
Para 2013, esse número salta para 6%!
Nos encontros dos G20 * (as 20 maiores economias do mundo) as
recomendações e as expressões de boa vontade registram um superávit
extraordinário no sentido de não criar empecilhos para o livre fluxo do
comércio entre seus membros. E não é
para menos: Esses países são responsáveis por mais de 90% dos negócios
internacionais mas, na contramão, tem no seu débito mais de 95% das medidas
protecionistas diretas aplicadas nos últimos cinco anos. O Brasil, no meio!
Os mais destacados especialistas de assuntos internacionais
são unânimes em alertar sobre os perigos da adoção impensada de medidas
protecionistas para salvaguarda dos mercados internos o que, geralmente, dão
origem a represálias país-país. E ainda mais: Tem a aziaga peculiaridade de
estender-se para outras nações, deixando na sua trilha um atraso no ritmo de
desenvolvimento econômico, com o resultado dos prejuízos irreparáveis que isso
provoca.
Bem, é só lembrar que o ritmo de evolução do comercio
internacional é uma das locomotivas que puxa o desenvolvimento globalizado.
E no presente ano de 2012 aponta para um crescimento mundial de apenas 2,5%, que
é, aproximadamente, a metade daquilo que seria tecnicamente recomendável
esperar para a manutenção de um incremento sustentável.
Advertências unânimes
Em documento preparado especialmente para o G20, prévio à
reunião da entidade na primeira semana de novembro/2012, em México, assinado
pela OMC (Organização Mundial do Comércio), a UNCTAD (Conferencia das Nações
Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e a OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico), as três organizações líderes na
promoção do comércio e do desenvolvimento exortaram aos governos para realizar
os maiores esforços para resistir o protecionismo e, ao mesmo tempo pediram
mais investimentos para gerar empregos e obter uma recuperação econômica global
e sustentável.
Como bem enfatizou o secretário geral da OCDE, José Angel
Gurría na apresentação do documento: “A tentação do protecionismo é tão forte como
sempre com a crise que segue minando nossas economias” E
prosseguiu: ”Agora mais do que nunca os
governos s devem honrar seus compromissos de manter os fluxos de comercio e
investimentos abertos e transparentes".
Por conseguinte, o
que se pretende é limpar o caminho para a manutenção de um desenvolvimento
sustentável e suficiente para ajudar a criar os 600 milhões de empregos
adicionais que o Banco Mundial estima necessários até 2020 para evitar uma
crise crônica no sistema econômico global.
*G20: África do Sul, Alemanha,
Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia do Sul,
Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia,
Turquia e Países Membros da UE (Esses últimos tem uma única representação).
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