sábado, 22 de dezembro de 2012

BRASIL + CHINA (III)



O grande jogo

Os chineses demonstram ser excelentes jogadores do poker da geopolítica planetária e, de modo especial, nos últimos cinco anos têm trabalhado com celeridade e eficácia para ganhar posições estratégicas no vazio deixado pelos EUA e pela Europa.
.
Os grandes conquistadores do Século XIX (Europa) e do Século XX (EUA), imersos na crise do sistema capitalista&liberal e sem forças - recursos- para revidar a forte arremetida chinesa apenas podem ser espectadores impotentes que sabem que estão começando a perder fatias do poder global para um adversário decidido, que luta com admirável competência para ganhar posições estratégicas no xadrez do jogo pela supremacia mundial.

Disso tudo, é bom reafirmar que as muitas correntes de mudança que fluem para dar forma à civilização do futuro não permitem escolher uma causa única ou decisiva para conformar esse mundo cujos contornos estamos começando a vislumbrar. Mas, como nunca antes, fica uma certeza: O Brasil e a China estarão lá, na vanguarda!   
Os acordos marco
Na linha do tempo, desde os acordos de 1993, que sinalizaram o caminho para uma parceria mais intensa, Brasil e China, progressivamente, foram intensificando o seu diálogo e suas relações, sendo ponto de destaque a formalização de uma Aliança Estratégica em 2004, no decorrer de uma visita a Pequim do ex-presidente Lula.
Em 2006 inicia suas atividades a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Coordenação e Cooperação, transformada no principal mecanismo institucional para promover uma colaboração abrangente e profunda de longo prazo. Depois, em abril de 2010, o ex-presidente Lula e o primeiro-ministro Wen Jiabao subscreveram, em Pequim, um Plano de Ação Conjunta, complementado no Rio de Janeiro, em 21 Junho de 2012, pela presidente Dilma Rousseff e o primeiro-ministro Wen, com a assinatura do Plano Decenal de Cooperação Brasil-China, no marco da elevação das relações bilaterais à condição de “Parceria Estratégica Global”.  Atenção com o significado, ao pé da letra!
Tudo, com uma clara postura de tratamento entre iguais e da manifesta compreensão de que tanto a China vai ser enormemente beneficiada dessa nova forma de “globalização entre iguais”, como beneficiados serão também o Brasil e cada um dos países da região, que dão esperançosos as boas vindas ao novo aliado que representa praticamente 20% da população mundial.
Naturalmente, nos bastidores, uma silenciosa torcida cruza os dedos para que não existam “segundas intenções” por trás das amabilidades e dos sorrisos enigmáticos dos altos dirigentes chineses que visitam com freqüência calculada nosso país – assim como outros de América Latina - acenando com parcerias jamais sonhadas no passado de relações com os países ricos.
O grande plano

O Plano Decenal de 2012 pretende consolidar a execução do Plano de Ação Conjunta de 2010 e estabelecer as prioridades e projetos-chave para os dois lados para o período 2012 a 2021.

Esse tipo de planejamento de longo prazo – que goza de inegável prestigio entre os chineses - deixa de ser um projeto do Governo Brasileiro e passa a ser um projeto de Estado, com os incontáveis benefícios que isso significa. Para anotar: Na China, o tempo de abrangência do Plano 2012 coincide praticamente com o período do novo governo de Xi Jinping, que já esteve em Brasil em 2009 assinando diversos acordos.
Essas prioridades estão agrupadas em cinco “seções*, que sintetizam muito bem a visão do caminho a seguir para atender as necessidades de um desenvolvimento sustentável no longo prazo, justificável na medida em que atende os anseios de uma vida melhor para suas respectivas sociedades.
O Plano de 2012 estreita o foco dos principais atores, públicos e privados, de ambos os lados - com ênfase muito especial nos empresário-empreendedores brasileiros - que agora vem mais claramente os benefícios – os mercados – que devem consolidar-se, e/ou ampliar-se, e/ou criar-se e/ou conquistar-se pelo mundo afora. É, sem dúvida, um desafio pleno de oportunidades!
No entanto, será proveitoso refletirmos um momento sobre o sentido de Parceria Estratégica Global que, nas suas entrelinhas, inicia a sofisticada gestação de uma nova área econômica integrada que, com todo seu séquito de valores, suas incongruências e suas pressuposições ocultas, é parte de um plano ainda muito mais ambicioso, longamente acariciado pelos grandes países em desenvolvimento: A criação do Mercado Comum Sur-Sur, que terá como sócios principais Brasil, China e Índia e que, sem equívoco, será palco de uma das grandes revoluções econômicas do Século XXI.
Quando? Os discípulos de Confúcio podem guiar seu parceiro mais afoito pelos caminhos da paciência e da constância. Chegaremos lá, em 2030.. 2040...
*No próximo artigo entraremos nos detalhes desse ponto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário