sábado, 22 de dezembro de 2012

BRASIL + CHINA (IV)


Visões
Os descendentes daqueles que ergueram a Grande Muralha – ainda povoada pelos espíritos dos mais de 100.000 operários que perderam a vida durante sua construção – são especialistas em vislumbrar os acontecimentos futuros, notadamente no campo econômico, onde exercem com desenvoltura suas predições apoiadas nas melhores mentes que militam nas suas universidades, mestres em integrar os conhecimentos ocidentais com aqueles cunhados na sabedoria oriental.
Assim, conseguem dimensionar e caracterizar o Brasil das próximas décadas, ainda que isso não seja sempre claro para os próprios brasileiros, amarados a sua cultura imediatista. Isto, transferido para seu grande interesse em nosso país, leva à conclusão lógica que eles mantêm uma expectativa muito, mas muito positiva para o futuro do Brasil. A prova final: Suas demonstrações de amizade, sua busca por uma aproximação cada vez mais estreita, os acordos de cooperação que se multiplicam para cobrir todas as áreas estratégicas e, não menos importante, seus investimentos.
Onde estão as oportunidades
As ações prioritárias do Plano Decenal para o período 2012-2021 estão agrupadas em cinco áreas que, pela sua abrangência, são tanto um verdadeiro roteiro para uma política de desenvolvimento sustentável, como uma matriz de oportunidades crescentes para serem aproveitadas por ambos os países e que revela o interesse em caminhar cada vez mais juntos para enfrentar os desafios dos tempos que virão.
Essas áreas são: 1) Ciência, Tecnologia, Inovação e Cooperação Espacial; 2) Minas, Energia, Infra-instrutora e Transportes; 3)  Investimentos e Cooperação Industrial e Financeira; 4)Cooperação Econômica e Comercial; 5) Cooperação Cultural, Educacional e Intercâmbio entre os povos.
Tudo, estruturado com a clara percepção das características de cada mercado e os princípios de benefício mutuo, desenvolvimento conjunto, viabilidade e eficiência. E claro: Sem perder de vista a necessidade de competir num mundo em constante mutação. 
A cooperação em áreas intensivas de conhecimento é o destaque, sendo de assinalar-se tecnologias em energia renovável e energia limpa; bioenergia; nanotecnologia; biotecnologia aplicada à agricultura, à biomedicina e as ciências da vida; tecnologia agrária e florestal; e tecnologias de informação e comunicação, entre outras.
Outro dos aspectos mais significativos do Plano é o reconhecimento da necessidade de diversificar e aumentar as exportações brasileiras de bens manufaturados, estabelecendo para tal metas ambiciosas: Duplicar seu valor até 2016, com base em 2011, e volver a duplicar esse valor até 2021, com base em 2016. Sintetizando: Multiplicar por quatro os US$ 6,6 bilhões de 2011 para pouco mais de US$ 26 bilhões nos próximos 10 anos. É um desafio que, matematicamente, representa manter uma taxa média de crescimento de nossas vendas de manufaturados à China em 15% ao ano. Perfeitamente possível conhecendo a competência de nossos empresários-empreendedores!
Mais um tema contemplado pelo Plano e que também é da maior importância, enfatiza a necessidade de mais investimentos chineses no Brasil, de preferência na forma de join ventures com empresários brasileiros. Na prática, é bom recordar que isso já conta agora com as arcas cheias do Banco da China no Brasil, que soma o suporte do Banco de Desenvolvimento da China, outro gigante das finanças, cujo pleno funcionamento no país foi recentemente aprovado pelo Banco Central do Brasil.
Vice-versa, investimentos brasileiros em China serão também incentivados, seguindo os passos das quase 60 empresas nativas que já levam a “Marca-Brasil” na terra do dragão e que tem na Embraer seu melhor exemplo. Fato notável é que a empresa, há 12 anos naquele país, domina nada menos que 77% do mercado regional de aviões até 120 passageiros e, complementando, recentemente teve seu jato executivo Galaxy 650 homologado pelas autoridades chinesas deixando abertas as portas para um mercado de 650 aparelhos, demanda estimada até 2022.
Um empurrão final
As oportunidades estão aí, praticamente em todas as áreas de negócios. Não apenas para as gigantes brasileiras, que freqüentam normalmente a lista das 500 maiores, senão que também para as dezenas de milhares de médias empresas que, pelo menos, incluem no seu perfil sua vocação empreendedora, sua vontade de ganhar a batalha dos mercados, sua visão do futuro, sua capacidade de trabalho e sua honestidade.
A corrida promete lances emocionantes!



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