segunda-feira, 29 de julho de 2013

ARMADILHA MORTAL


Um relatório devastador

A AIE - Agencia Internacional de Energia, a bíblia do setor – publicou recentemente um relatório intitulado International Energy Outlook 2013 onde divulga os resultados de suas previsões para os próximos 30 anos que, sem dúvida, estão sendo festejados alegremente pelos produtores de petróleo e de carvão fase a perspectiva (certeza) de um aumento substancial na demanda desses combustíveis fosseis que responderão por 80% do acréscimo previsto, mantendo assim, praticamente, sua participação atual na matriz energética global.

O documento revela que ainda que o aumento da oferta de energia derivado das fontes renováveis –incluso a nuclear – deverá crescer num ritmo de 2,5% ao ano, esse acréscimo não será suficiente para cobrir o voraz apetite do consumo mundial, que deve expandir-se numa velocidade anual de 4,2% até 2040.

Resultado: Ainda levando em conta as políticas e normas vigentes que regem o uso de combustíveis fósseis, as emissões de carbono associadas à geração e consumo de energia em todo o mundo deverão aumentar em 46% nos próximos 30 anos, em relação às emissões de 2010, ocasionando um salto relevante nas emissões de gases efeito estufa com efeitos potencialmente catastróficos.

Ou seja: um grande empurrão para um final anunciado!

A equação 

O modo de vida que curtimos nesse início do Século XXI é o resultado, fundamentalmente, do progresso realizado nos últimos 300 anos que também, paralela e fatalmente, produziu os termos de uma equação calamitosa, sintetizada numa alternativa infernal: Mais desenvolvimento significa mais consumo de combustíveis fosseis que, como conseqüência, arrastam a mais poluição, mais aquecimento global, mais possibilidades de um final trágico para esse nosso já devastado planeta.

O mais interessante é que o contrario também é verdadeiro, o que fecha com um abraço de urso polar um dilema aparentemente sem solução, porque o desenvolvimento, mais de que um preceito econômico é uma imperiosa necessidade social e política.

A tirania implacável dos mercados, aliados a forma de produzir riqueza – que não dispensam uma mãozinha dos interesses globalizados, do egoísmo e da insensatez - não deixam por menos: Temos que consumir mais, produzir mais, ambicionar mais de tudo, indefinidamente, porque, meus amigos, essa é a essência do crescimento e do poder das nações e, ninguém pode negar, é o único (único?) caminho para uma vida melhor, pelo menos no credo do saber convencional que vigora inexorável em nosso mundo cativo em sistemas econômicos, de direita ou de esquerda, tanto faz.

Na devastação de planeta, tanto o sistema liberal-capitalista como o socialista tem culpas colossais registradas no cartório da Mãe Terra, que sofre os efeitos da utopia de pretender igualar por cima a riqueza de todos seus habitantes, miragem que fundamenta um desenvolvimento sem limites e dita o ritmo do uso indiscriminado dos recursos naturais.

A solução

Em 2012 o Clube de Roma, um dos mais respeitados think-tanks do mundo, divulgou um abalizado estudo cuja conclusão está resumida numa previsão sombria para a virada da metade deste Século: “A humanidade poderá não sobreviver se mantém o ritmo de consumo atual e a visão no curto prazo que justifica o presente modelo econômico”.

Mas, existe uma solução? Sim, numa mudança estrutural, com a maior rapidez possível, para um novo sistema, na forma de uma “economia verde”, que na definição do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente “é aquela que resulta em melhoria do bem-estar humano e da igualdade social ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica. Sustenta-se sobre três pilares: é pouco intensiva em carbono, é eficiente no uso dos recursos naturais e é socialmente inclusiva”.

O que, em síntese, define o correto desenvolvimento econômico e social realmente sustentável e que, no final das contas, poderá salvar nossa civilização de um final calamitoso, destino do qual concordam 97% dos cientistas do globo de continuar-se a negligenciar o uso racional dos recursos.

Agora, nada mais errado que ver em tudo isso o fim do mundo! Temos que aceitar que, tal como a História é pródiga em exemplos ,que nenhuma mudança profunda no sistema econômico tradicional será difundida sem conflito e sem a resistência feroz daqueles que se beneficiam desse estado de coisas.

 A mudança virá através de um esforço formidável dos homens e mulheres que entendem que esse seja o momento apropriado para impulsionar os verdadeiros valores que podem escorar uma contribuição inestimável para um futuro sustentável, em todas suas dimensões, para as gerações que povoarão a Terra nos tempos que virão.

msnozar@yahoo.com.br 

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