Um relatório devastador
A AIE - Agencia
Internacional de Energia, a bíblia do setor – publicou recentemente um
relatório intitulado International Energy
Outlook 2013 onde divulga os resultados de suas previsões para os próximos
30 anos que, sem dúvida, estão sendo festejados alegremente pelos produtores de
petróleo e de carvão fase a perspectiva (certeza) de um aumento substancial na
demanda desses combustíveis fosseis que responderão por 80% do acréscimo
previsto, mantendo assim, praticamente, sua participação atual na matriz
energética global.
O documento
revela que ainda que o aumento da oferta de energia derivado das fontes
renováveis –incluso a nuclear – deverá crescer num ritmo de 2,5% ao ano, esse
acréscimo não será suficiente para cobrir o voraz apetite do consumo mundial, que
deve expandir-se numa velocidade anual de 4,2% até 2040.
Resultado: Ainda
levando em conta as políticas e normas
vigentes que regem o uso de combustíveis fósseis, as emissões de carbono
associadas à geração e consumo de energia em todo o mundo deverão aumentar em 46% nos
próximos 30 anos, em relação às emissões de 2010, ocasionando um salto
relevante nas emissões de gases efeito estufa com efeitos potencialmente catastróficos.
Ou seja: um grande
empurrão para um final anunciado!
A equação
O modo de vida
que curtimos nesse início do Século XXI é o resultado, fundamentalmente, do
progresso realizado nos últimos 300 anos que também, paralela e fatalmente,
produziu os termos de uma equação calamitosa, sintetizada numa alternativa
infernal: Mais desenvolvimento
significa mais consumo de combustíveis fosseis que, como conseqüência, arrastam
a mais poluição, mais aquecimento global, mais possibilidades de um final
trágico para esse nosso já devastado planeta.
O mais interessante é que o contrario
também é verdadeiro, o
que fecha com um abraço de urso polar um dilema aparentemente sem solução, porque o desenvolvimento, mais de que um
preceito econômico é uma imperiosa necessidade social e política.
A tirania
implacável dos mercados, aliados a forma de produzir riqueza – que não
dispensam uma mãozinha dos interesses globalizados, do egoísmo e da insensatez
- não deixam por menos: Temos que consumir mais, produzir mais, ambicionar mais
de tudo, indefinidamente, porque, meus amigos, essa é a essência do crescimento
e do poder das nações e, ninguém pode negar, é o único (único?) caminho para
uma vida melhor, pelo menos no credo do saber convencional que vigora
inexorável em nosso mundo cativo em sistemas econômicos, de direita ou de
esquerda, tanto faz.
Na devastação de planeta, tanto o sistema liberal-capitalista como o socialista tem culpas
colossais registradas no cartório da Mãe Terra, que sofre os efeitos da utopia
de pretender igualar por cima a
riqueza de todos seus habitantes, miragem que fundamenta um desenvolvimento sem
limites e dita o ritmo do uso indiscriminado dos recursos naturais.
A solução
Em 2012 o Clube
de Roma, um dos mais respeitados think-tanks do mundo, divulgou um abalizado
estudo cuja conclusão está resumida numa
previsão sombria para a virada da metade deste Século: “A humanidade poderá não sobreviver se mantém o ritmo de consumo atual e
a visão no curto prazo que justifica o presente modelo econômico”.
Mas, existe uma
solução? Sim, numa mudança estrutural,
com a maior rapidez possível, para um novo sistema, na forma de uma “economia verde”, que na definição do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente “é aquela que resulta em melhoria do bem-estar humano e da igualdade
social ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a
escassez ecológica. Sustenta-se sobre três pilares: é pouco intensiva em
carbono, é eficiente no uso dos recursos naturais e é socialmente inclusiva”.
O que, em síntese, define o
correto desenvolvimento econômico e social realmente sustentável e que, no
final das contas, poderá salvar nossa civilização de um final calamitoso,
destino do qual concordam 97% dos cientistas do globo de continuar-se a
negligenciar o uso racional dos recursos.
A mudança virá através de um esforço formidável dos homens e mulheres que entendem que esse seja o momento apropriado para impulsionar os verdadeiros valores que podem escorar uma contribuição inestimável para um futuro sustentável, em todas suas dimensões, para as gerações que povoarão a Terra nos tempos que virão.
msnozar@yahoo.com.br
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