sexta-feira, 20 de setembro de 2013

PARADOXOS



Nos últimos cinco anos – período no qual a crise globalizada teima em fazer suas vítimas nos setores mais frágeis do sistema econômico – o Brasil tem demonstrado um vigor invejável na criação de empregos, ainda que recentemente esse crescimento da mão de obra aparece fortemente enfraquecido. Com a luz amarela piscando, são necessárias ações inovadoras para ocupar as legiões que buscam e querem participar  como atores no desenvolvimento do país que, por outra parte, está longe em registrar índices adequados às suas  necessidades e potencialidades. 

A crise está gerando conflitos inevitáveis de adaptação a uma nova ordem de relacionamentos entre o capital e o trabalho, ambos acuados por essa nova realidade que, numa face, estabelece a competitividade como símbolo máximo da excelência empresarial com sua implacável relação custo/benefício-máquina/homem; e noutra mostra a perversidade de uma equação nefasta: menos emprego, menos renda; menos renda, menos consumo; menos consumo, menos demanda; menos demanda, menos vendas; menos vendas, menos produção; menos produção, menos investimentos; menos investimentos, menos crescimento; menos crescimento, menos empresas, menos empresas, menos empregos.....É assim por diante, num “modus perpetuo” , recomeça o círculo sinistro, cuja força de atração atrai de forma insensível para o desespero e a fome uma parcela significativa da sociedade.

É claro que existem mecanismos para solução desse paradoxo da sociedade moderna. Um deles, para aplicação imediata, seria a formação de exércitos de pequenos empresários – ex empregados - que, sob a égide do empreendedorismo encontram a motivação e os incentivos necessários para constituir pequenos empreendimentos para dar asas a sua vontade de sobreviver economicamente e gerar riquezas.

Sem esquecer que a pequena empresa tem, pelo menos, duas características especialmente positivas: a) a relação capital - empregos gerados é muito pequena, ou melhor, com pouco investimento são gerados muitos empregos, o que é a fórmula ideal para os países pobres e os emergentes, como o Brasil: b) sua inquestionável capacidade de distribuir renda e assim contribuir diretamente para a melhor qualidade de vida da maioria da população.

Isso faz da pequena empresa uma fábrica de desenvolvimento econômico socialmente sustentável.

O mecanismo é muito simples: a) crédito abundante, a juros compatíveis com a função social do objetivo proposto, subsidiado se preciso; b) sistema eficaz de informação de negócios; c) menos burrocracia - com dois “rr” mesmo; d) lideranças, que em vez de gastar tempo e energia tentando achar bodes expiatórios, trabalhem com vigor e proclamem aos quatro ventos “nós podemos crescer mais, sim”. Aliás, a timidez dos gestores oficiais em tentar ações mais ousadas para acelerar o desenvolvimento apenas pode ser explicada pela necessidade de evitar compromissos que, se não concretizados, possam pôr em risco  seus altos cargos.

Ninguém pode negar que o Brasil precisa e pode crescer muito mais que esses pobres  resultados registrados nos últimos anos que, por outra parte,  apenas servem para encobrir incompetências traduzidas na governança improdutiva da gestão econômica




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