sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O ANO DA SERPENTE **

Na foto os atuais líderes do BRICS: Dilma Rousseff (Brasil); Vladimir Putin (Rússia); Nanmohan Singh (Índia); Xi Jinping (China); Jacob Zuma (África do Sul).






O globo em xeque

Lenta e penosamente os primeiros indícios começam sinalizar o princípio do fim da queda cavalar da economia planetária, ainda não totalmente recuperada da crise ocasionada pelo estouro da bolha dos créditos podres na qual navegavam negligentemente as grandes instituições financeiras globais na primeira década do Século XXI.

Os últimos números da economia mundial indicam uma performance no mínimo promissora de tempos melhores, com a China encabeçando esse início de recuperação com seus robustos 7,5% de crescimento – que a segunda economia do mundo deve emplacar, tranqüilamente, em 2013 - e as principais potências planetárias, EUA na cabeça, com desempenhos bastante positivos, acima daqueles números nebulosos pressagiados por muitos economistas que só sabem ver tintes ameaçadores no futuro, fazendo assim  jus à fama de “feiticeiros da ciência sombria”, tal como batizados por Thomas  Carlyle no Século XIX.

 Terrível, a crise corroborou para uma quase recessão que levou de roldão a maioria dos países, mas também confirmou, de modo inequívoco, a relação de interdependência, progressiva e inevitável, da nova arquitetura da economia globalizada, que podemos sintetizar num antigo ditado de Confúcio, de 25 séculos atrás: “Todos dependemos de todos”.

Os BRICS

Nesse cenário conturbado, de luzes e de sombras, de contradições e de sofrimento daqueles que menos têm e menos podem – as vítimas prediletas dos sistemas econômicos que dominam o mundo – o  papel dos BRICS – grupo integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – tem exercido um papel positivo e contribuído para diminuir os efeitos negativos da convulsão global, atingindo um crescimento médio anual de 4,3%, quase três vezes superior à média mundial.

Esse grande ator planetário têm credenciais mas que suficientes para fazer a diferença: Reúne 3,0 bilhões de habitantes, 43% da população mundial; seu PIB (Produto Interno Bruto) já ultrapassa os US$13 trilhões, 16% do total global e, pelo andar da carruagem, deve ultrapassar àquele dos EUA e da UE - possivelmente bem antes de 2020; três deles - China, Rússia e Índia - são potências atômicas e incursionam agressivamente na conquista espacial; possuem recursos naturais imensos, especialmente o Brasil, muitos ainda para serem explorados; seu imenso território conjunto, de mais de 44 milhões de Km2, é quase cinco vezes maior que a superfície dos EUA e marca presença em quatro continentes; o crescimento de sua economia é, de longe, aquele que dá a maior contribuição ao desenvolvimento mundial; e, de um modo ou outro, com exceção da Rússia, compartem o mesmo passado de dominação e exploração por parte dos países mais ricos, o que, de muitas maneiras, contribui para uma visão diferenciada da realidade e dos mecanismos para solução dos graves problemas que afligem a humanidade.

O imenso sentido histórico dessa aliança deve marcar os rumos do século XXI e será cada vez mais palpável na medida que se consolide uma postura conjunta para abordar as questões planetárias, o que, de fato, já é realidade em dezenas de temas importantes que ocupam a agenda da governança mundial.
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São Petersburgo

No último final de semana, no intervalo do Cume do G20, em São Petersburgo, as lideranças máximas dos BRICS, avançaram na finalização de acordos substanciais, entre os quais a formação de um fundo comum para enfrentar a volatilidade do sistema financeiro – amplamente dominado pelas principais economias do mundo liberal&capitalista – e a criação de um banco de desenvolvimento, com recursos destinados a financiar projetos de infra-instrutora nos países membros. (Muito bom para o Brasil!).

O que, de outro modo, concorrem com as estruturas tradicionais lideradas pelo Banco Mundial e passam a fazer parte de uma nova ordem mundial, escorada no projeto maior de integração Sul-Sul, que deve pautar as transformações mais intensas na economia, na tecnologia, no comportamento da sociedade, na proteção ambiental e na qualidade de vida da civilização que conhecemos, já a partir da segunda metade do Século XXI.

 Em São Petersburgo, os “cinco companheiros da viagem para o futuro” deixaram claro que pretendem ter um papel de protagonistas principais nessa transformação revolucionária.

**Registro: Este é o ano 4711 no calendário chinês, iniciado em 10 de fevereiro de 2013 sob o signo da serpente. Nosso título faz referência a que a China é o país que dará a maior contribuição ao crescimento global com efeitos positivos na redução da crise e na aceleração da recuperação da economia mundial.

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