sexta-feira, 4 de outubro de 2013

OLHAR NO FUTURO


O caminho

Resulta por demais evidente a carência de um programa de desenvolvimento, de alcance nacional, que sirva de guia confiável e que oriente ações, planejamento, investimentos, negócios e perspectivas dos principais atores do cenário econômico brasileiro. E internacional, porque não?

Fica a lamentável impressão –salvo honrosas exceções – que as medidas governamentais são ditadas pelos acontecimentos, pelos interesses políticos, pelas necessidades do momento, pela falta de capacidade dos principais gestores da governança oficial e pela pressão de grupos bastante poderosos para ditar o rumo dos eventos econômicos. E muito outros, ocultos nas sombras de sua iniqüidade.

Enfim, tudo isso deixa a sensação  de que a maioria das ações governamentais não passa de cortina de fumaça para esconder a falta de um programa de desenvolvimento coerente, a longo prazo, que permita traçar os rumos do futuro e, muito especialmente, evite o desperdício colossal de recursos.

Vale lembrar que já tivemos essa experiência positiva em 1970, com o Plano Decenal de Desenvolvimento Econômico, que indicava objetivos e rumos do país até 1980. Infelizmente, no vendaval de paixões e interesses em colisão, não foi nunca mais repetido. E isso na era da informática!

Lembrete: A China tem seu Plano Decenal de Desenvolvimento, atualizado anualmente e projetado continuamente para os próximos dez anos. É a bíblia sagrada obedecida pelos gestores da governança pública!

O Plano

Realmente, é possível afirmar que o que falta ao Brasil é um PLANO DECENAL que seja o reflexo inequívoco do clamor da imensa maioria do povo brasileiro e, muito especialmente, que transcenda do timing eleitoral e dos interesses deste ou daquele partido.

Ou seja: Menos indicadores netamente de cunho econômico, que parecem reduzir tudo a simples estatísticas, como se os seres humanos fossem um híbrido de máquina/zumbi, sem emoções, expectativas e esperanças.

Que bom seria se podemos concordar que esse PROJETO NACIONAL seja um PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, que deve ser entendido como aquele que considera que o crescimento do Produto Interno Bruto, traduzido em tantos bilhões de dólares, somente significa progresso efetivo na medida em que completa os elos da corrente do virtuosismo econômico – forte alcance social, continuidade e coerência -  com políticas permanentes para colocar todos os indivíduos, sem distinções, em igualdade para competir e desfrutar de uma boa qualidade de vida.

E que, ao mesmo tempo em que estabelece como norma constante um profundo respeito pelo meio ambiente, mantêm políticas claras para o crescimento dos setores chaves da economia, sempre de olho para manter o egoísmo natural das forças orientadas pelos mercados no justo calibre dos interesses maiores do País, humanizando e transformando positivamente as relações entre o capital, a tecnologia, o governo e o trabalho.

Outrossim, que não deixe dúvidas sobre a intenção de estabelecer como permanente a iniciativa por parte da sociedade organizada, reduzindo e transformando, paralelamente, o papel do estado. E que faz do governo uma bem aceitada estrutura, regida por princípios de austeridade, eficiência, transparência e produtividade, exercendo seu papel com eficiência para manter a inflação, as contas públicas e o endividamento, interno e externo, sob absoluto controle. 

Igualmente, que dá a mesma importância à transferência de conhecimentos como a introdução de formas inovadoras para completar permanentemente a educação de cada indivíduo como ser humano-social, preparando-o melhor para um ambiente onde as leis são claras, aplicáveis por uma justiça rápida, eficiente, isenta e respeitada.

O sonho

Atrevo-me a pensar que, caso essas sejam as bases de um PROJETO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, o PRODUTO INTERNO BRUTO nem precisa crescer muito, desde que, sem dúvida, aumentará muito a FELICIDADE do povo brasileiro.

Mas, sem dúvida, o que precisa crescer muito mais que o PIB da China é o PRODUTO ÉTICO NACIONAL.

Fica o consolo de que (ainda) sonhar não custa nada!




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