O caminho
Resulta por demais evidente a carência de um programa de desenvolvimento,
de alcance nacional, que sirva de guia confiável e que oriente ações, planejamento,
investimentos, negócios e perspectivas dos principais atores do cenário
econômico brasileiro. E internacional, porque não?
Fica a lamentável impressão –salvo honrosas exceções – que as medidas
governamentais são ditadas pelos acontecimentos, pelos interesses políticos,
pelas necessidades do momento, pela falta de capacidade dos principais gestores
da governança oficial e pela pressão de grupos bastante poderosos para ditar o
rumo dos eventos econômicos. E muito outros, ocultos nas sombras de sua
iniqüidade.
Enfim, tudo isso deixa a sensação
de que a maioria das ações governamentais não passa de cortina de fumaça
para esconder a falta de um programa de desenvolvimento coerente, a longo
prazo, que permita traçar os rumos do futuro e, muito especialmente, evite o
desperdício colossal de recursos.
Vale lembrar que já tivemos essa experiência positiva em 1970, com o
Plano Decenal de Desenvolvimento Econômico, que indicava objetivos e rumos do
país até 1980. Infelizmente, no vendaval de paixões e interesses em colisão,
não foi nunca mais repetido. E isso na era da informática!
Lembrete: A China tem seu Plano Decenal de Desenvolvimento, atualizado
anualmente e projetado continuamente para os próximos dez anos. É a bíblia
sagrada obedecida pelos gestores da governança pública!
O Plano
Realmente, é
possível afirmar que o que falta ao Brasil é um PLANO DECENAL que seja o
reflexo inequívoco do clamor da imensa maioria do povo brasileiro e, muito
especialmente, que transcenda do timing eleitoral e dos interesses deste ou
daquele partido.
Ou seja: Menos
indicadores netamente de cunho econômico, que parecem reduzir tudo a simples
estatísticas, como se os seres humanos fossem um híbrido de máquina/zumbi, sem
emoções, expectativas e esperanças.
Que bom seria se
podemos concordar que esse PROJETO NACIONAL seja um PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL, que deve ser entendido como aquele que considera que o crescimento
do Produto Interno Bruto, traduzido em tantos bilhões de dólares, somente
significa progresso efetivo na medida em que completa os elos da corrente do
virtuosismo econômico – forte alcance social, continuidade e coerência - com políticas permanentes para colocar todos
os indivíduos, sem distinções, em igualdade para competir e desfrutar de uma
boa qualidade de vida.
E que, ao mesmo
tempo em que estabelece como norma constante um profundo respeito pelo meio
ambiente, mantêm políticas claras para o crescimento dos setores chaves da
economia, sempre de olho para manter o egoísmo natural das forças orientadas
pelos mercados no justo calibre dos interesses maiores do País, humanizando e
transformando positivamente as relações entre o capital, a tecnologia, o
governo e o trabalho.
Outrossim, que
não deixe dúvidas sobre a intenção de estabelecer como permanente a iniciativa por parte da
sociedade organizada, reduzindo e transformando, paralelamente, o papel do
estado. E que faz do governo uma bem aceitada estrutura, regida por princípios
de austeridade, eficiência, transparência e produtividade, exercendo seu papel
com eficiência para manter a inflação, as contas públicas e o endividamento, interno
e externo, sob absoluto controle.
Igualmente,
que dá a mesma importância à transferência de conhecimentos como a introdução
de formas inovadoras para completar permanentemente a educação de cada
indivíduo como ser humano-social, preparando-o melhor para um ambiente onde as
leis são claras, aplicáveis por uma justiça rápida, eficiente, isenta e
respeitada.
O sonho
Atrevo-me a pensar que, caso essas sejam as bases de um PROJETO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, o PRODUTO INTERNO BRUTO nem precisa crescer muito, desde que, sem dúvida, aumentará muito a FELICIDADE do povo brasileiro.
Mas, sem
dúvida, o que precisa crescer muito mais que o PIB da China é o PRODUTO ÉTICO
NACIONAL.
Fica o consolo de que (ainda) sonhar
não custa nada!
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