quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

UMA NOVA ORDEM



 Os mais sábios afirmam que as crises são cíclicas, inevitáveis e servem para pôr a prova o direito real do homem à sobrevivência. Tem, para muitos, o efeito de uma capina de  proporções gigantescas, que vai possibilitar o desenvolvimento sadio da  planta-mãe da  prosperidade. Até porque, de um modo ou de outro, tem sido assim desde os tempos bíblicos.

 Nos últimos anos, essa “capina” tem sido particularmente severa  nos países emergentes, o Brasil no meio, que devem pagar o preço das loucuras da má gestão econômica/financeira de alguns, do consumismo desenfreado de outros e da volatilidade de uma massa fantástica de recursos que, sem rumo e sem pátria, procura apenas o lucro, “duela a quién duela”. Nessa insanidade, que hipoteca o futuro, as grandes e mais ricas nações do mundo tem culpa redobrada, dando a impressão de contemplar o mundo do alto de sua soberba sempre pródiga no velho conselho: “Façam o que eu digo, não o que eu faço”.  Traço típico do um colonialismo caduco!

Assim, os mais fracos - países, empresas e pessoas--  são os que pagam a maior parte da conta gerada pela ineficiência mundial em formular e adotar sistemas mais seguros de convivência econômica/financeira.

Daí resulta imperioso estabelecer-se um sistema que procure harmonizar os interesses das nações mais poderosas com os justos anseios das menos afortunadas que, por outra parte, serão melhores mercados quanto mais ricas e menores sejam suas necessidades de ajuda internacional.

Sem esquecer-se que a forma do jogo econômico para os próximos anos já está delineada  numa interdependência cada vez mais forte, onde todos dependem de todos,  numa espécie de imenso carrossel  onde o equilíbrio é obtido, ainda que precariamente, na continuidade do movimento.
A “crise” desse começo de Século foi um vivo exemplo de como são fortes as amarras que prendem as nações e suas componentes chaves.

Mas, até que forçados pelas circunstancias, já é possível vislumbrar-se a possibilidade de mudanças que poderão consolidar conceitos inovadores sobre como os efeitos do crescimento podem ser geradores de uma forma mais justa de distribuição da riqueza, desde que privilegiando a consolidação de uma nova visão do processo econômico, menos egoísta e mais direcionada para valorização da pessoa como ser social e objetivo primeiro dos sistemas de geração de riqueza.

Tanto é assim que em diversos pontos do mundo, inclusive no Brasil, movimentos iniciados por lideranças que possuem a sensibilidade e a ousadia de tentar formular novos paradigmas, começam a esboçar um novo modelo que, na sua essência,  pretende oferecer alternativas para substituir as regras do jogo das nações e das empresas pelo predomínio a qualquer custo. E até que trazendo a tona muito da teoria alemã de desenvolvimento das décadas de 50/60, traduzida nos conceitos de “economia social de mercado”, firmemente entrelaçados com o respeito e preservação do meio ambiente.

Penso que no Brasil as principais lideranças precisam abrir espaço para o debate dessas novas idéias, contribuindo de vez para colocar no foco das discussões tanto as teorias econômicas tradicionais como os princípios duma nova forma de produzir e distribuir riqueza nesse nosso planeta globalizado.

Inevitavelmente, os próximos anos serão pródigos em idéias e propostas arejadas para que os 80% da população mundial deixem de pagar uma boa parte da fartura dos 20% mais abastados.

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