Ajuda dos céus
São
Pedro, considerado desde sempre Ministro Honorário da Agricultura Planetária,
ganhou um segundo título mais de que merecido, pelo menos no Brasil: Ministro Honorário da Energia Elétrica, desde
que a salvação, no curto prazo, para evitar uma eventual crise energética em
2014-2015, depende duma generosa abertura das torneiras celestiais suficiente
para, pelo menos, levar os reservatórios das usinas hidroelétricas do Sudeste e
do Nordeste a níveis aceitáveis de segurança, por volta de 50% de sua capacidade.
Caso contrário, 2014 está pintando como um ano muito, muito difícil mesmo, do
tipo de deixar saudades dos problemas de 2001-2002, o último registro de um desastroso
apagão em nosso sistema de geração de energia elétrica.
Sendo
2014 um ano de eleições, as más línguas andam dizendo que na Basílica de
Brasília dois grupos afoitos de políticos acendem velas e fazem juras
inflamadas e recheadas de promessas com dois objetivos diametralmente opostos:
uns, para que as chuvas sejam as mínimas possíveis; outros, para que sejam
abundantes e nos lugares certos. E todos cientes de que o bom velhinho será um
cabo eleitoral poderosíssimo no próximo embate político, hoje de contornos que
ainda podem reservar surpresas para os impetuosos candidatos às sempre
desejáveis delicias do poder.
O sistema elétrico brasileiro
Acreditem
ou não, sem deixar de lado as deficiências normais em empreendimentos de
envergadura gigantesca, o Brasil possui a estrutura de geração de energia
elétrica mais limpa, ambientalmente correta e com a melhor relação
custo/benefício conhecida entre os 20 maiores consumidores desse insumo
absolutamente vital para o desenvolvimento, com 95% de sua disponibilidade
dependente de recursos renováveis, onde a componente água responde pelo atendimento
de quase 80% das necessidades nacionais.
E
desde que privilegiou a geração hidráulica, utilizando uma fonte de matéria
prima (normalmente) abundante, de custo básico negligenciável, não dependente
de importações, 90% confiável, o produto final (kWh) tem um custo totalmente
competitivo com as demais alternativas de geração, o que é economicamente
lógico e não atrapalha um desenvolvimento sustentável. Aliás, é bom lembrar que
foi o governo Juscelino Kubitschek quem praticamente assentou a base do sistema
na década dos 50, com as usinas de Três Marias, Furnas e Paulo Alfonso, que
foram os fundamentos para inicio da industrialização acelerada do Brasil e o
portal para a grande transformação da economia nas décadas seguintes.
Segundo o MME – Ministério de Minas e Energia - o consumo de
eletricidade no Brasil cresceu a uma taxa de 5,8% ao ano entre
1973 e 2012 - taxa superior à verificada nos países desenvolvidos - com. o
consumo residencial evoluindo à taxa de 6,3% ao ano – reflexo da melhoria da
renda familiar -. e o consumo industrial com 4%. Na media, no período, por volta
de 30% acima do crescimento PIB, uma prova importante de modernização da
estrutura econômica do país.
Nos próximos anos, até 2025, a grande aposta em energias renováveis
está num aumento substancial na geração de hidroelétricas da Amazônia, energia
eólica, que deverá passar de uma participação por volta dos 2% na atualidade, para
algo próximo aos 12% no atendimento da demanda nacional.
Ainda mais: o caminho para manter esse ritmo indutor do
desenvolvimento logo poderá contar com a geração das grandes hidroelétricas ora
em construção na região amazônica que, logo depois, muito possivelmente já a
partir de 2025, avança para o uso de energia solar, que na próxima década será economicamente
competitiva, de acordo aos mais recentes estudos realizados na China e nos EUA.
E sol abundante não falta no Brasil!
De qualquer modo, não está demais lembrar uma afirmação do
ex-ministro Delfin Neto, num debate sobre os preços e disponibilidade de
energia: “a energia mais cara é aquela
que não existe”.
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