sábado, 1 de março de 2014

LUZ DE VELAS


 Ajuda dos céus

São Pedro, considerado desde sempre Ministro Honorário da Agricultura Planetária, ganhou um segundo título mais de que merecido, pelo menos no Brasil: Ministro Honorário da Energia Elétrica, desde que a salvação, no curto prazo, para evitar uma eventual crise energética em 2014-2015, depende duma generosa abertura das torneiras celestiais suficiente para, pelo menos, levar os reservatórios das usinas hidroelétricas do Sudeste e do Nordeste a níveis aceitáveis de segurança, por volta de 50% de sua capacidade. Caso contrário, 2014 está pintando como um ano muito, muito difícil mesmo, do tipo de deixar saudades dos problemas de 2001-2002, o último registro de um desastroso apagão em nosso sistema de geração de energia elétrica.

Sendo 2014 um ano de eleições, as más línguas andam dizendo que na Basílica de Brasília dois grupos afoitos de políticos acendem velas e fazem juras inflamadas e recheadas de promessas com dois objetivos diametralmente opostos: uns, para que as chuvas sejam as mínimas possíveis; outros, para que sejam abundantes e nos lugares certos. E todos cientes de que o bom velhinho será um cabo eleitoral poderosíssimo no próximo embate político, hoje de contornos que ainda podem reservar surpresas para os impetuosos candidatos às sempre desejáveis delicias do poder.

 O sistema elétrico brasileiro

 Acreditem ou não, sem deixar de lado as deficiências normais em empreendimentos de envergadura gigantesca, o Brasil possui a estrutura de geração de energia elétrica mais limpa, ambientalmente correta e com a melhor relação custo/benefício conhecida entre os 20 maiores consumidores desse insumo absolutamente vital para o desenvolvimento, com 95% de sua disponibilidade dependente de recursos renováveis, onde a componente água responde pelo atendimento de quase 80% das necessidades nacionais.

E desde que privilegiou a geração hidráulica, utilizando uma fonte de matéria prima (normalmente) abundante, de custo básico negligenciável, não dependente de importações, 90% confiável, o produto final (kWh) tem um custo totalmente competitivo com as demais alternativas de geração, o que é economicamente lógico e não atrapalha um desenvolvimento sustentável. Aliás, é bom lembrar que foi o governo Juscelino Kubitschek quem praticamente assentou a base do sistema na década dos 50, com as usinas de Três Marias, Furnas e Paulo Alfonso, que foram os fundamentos para inicio da industrialização acelerada do Brasil e o portal para a grande transformação da economia nas décadas seguintes.

Segundo o MME – Ministério de Minas e Energia - o consumo de eletricidade no Brasil cresceu a uma taxa de 5,8% ao ano entre 1973 e 2012 - taxa superior à verificada nos países desenvolvidos - com. o consumo residencial evoluindo à taxa de 6,3% ao ano – reflexo da melhoria da renda familiar -. e o consumo industrial com 4%. Na media, no período, por volta de 30% acima do crescimento PIB, uma prova importante de modernização da estrutura econômica do país.

Nos próximos anos, até 2025, a grande aposta em energias renováveis está num aumento substancial na geração de hidroelétricas da Amazônia, energia eólica, que deverá passar de uma participação por volta dos 2% na atualidade, para algo próximo aos 12% no atendimento da demanda nacional.

Ainda mais: o caminho para manter esse ritmo indutor do desenvolvimento logo poderá contar com a geração das grandes hidroelétricas ora em construção na região amazônica que, logo depois, muito possivelmente já a partir de 2025, avança para o uso de energia solar, que na próxima década será economicamente competitiva, de acordo aos mais recentes estudos realizados na China e nos EUA. E sol abundante não falta no Brasil!

De qualquer modo, não está demais lembrar uma afirmação do ex-ministro Delfin Neto, num debate sobre os preços e disponibilidade de energia: “a energia mais cara é aquela que não existe”.
















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