Será que agora vai?
Com
a evidente boa vontade externada nos últimos meses por representantes do mais
alto nível do MERCOSUL e da UNIÃO EUROPÉIA e com a troca das listas
preferenciais de produtos que entrarão, de forma gradual, no processo de
redução de gravames de importação, tudo parece indicar (finalmente)
que um acordo está próximo e que a longa novela que, se arrastra por mais de 15
anos, terá um final feliz.
Como
em toda negociação que envolve questões da máxima complexidade no
relacionamento entre nações na tentativa de tentar conciliar interesses
gigantescos, as conversações mantidas pelas delegações de ambos
grupos tem avançado lentamente, ora pela complexidade das questões, ora pelas
dúvidas da conveniência de tal tipo de associação aliada à falta de interesse
político, no presente são positivos os sinais de um acordo que vai afetar a
vida de quase 800 milhões de pessoas e vai, com toda certeza, revolucionar as
relações comerciais dos 33 países membros de ambos blocos que, até o fim a
década, podem integrar mais de 45 nações.
Resulta
pertinente focalizar as complexas questões que envolvem a formação de uma Zona
de Livre Comércio que obriga, em igualdade de condições, a todos os países a
respeitar, gradualmente e cada uma com seu calendário próprio, um conjunto de
normas relativas à:
- comércio
de mercadorias e serviços, com destaque para os setores agrícola, financeiro, de seguros e de transporte;
- possibilidade
de participação, por parte de empresas de ambos blocos, de concorrências
públicas nos países associados;
- proteção especial para investimentos;regras comuns para resguardo da propriedade intelectual
- livre
movimentação de mão de obra;
- mecanismos
de defesa da concorrência;
- sistemas
conjuntos de defesa do consumidor;
- padrões
fitossanitários, de higiene e de qualidade;
- normas
técnicas padronizadas;
- mecanismos
de solução de controvérsias;
- etc.
O
que, ao final, sintetiza um gigantesco esforço para unir ainda mais os povos de
ambos lados do Atlântico, ao mesmo tempo de juntar esforços para acelerar um
desenvolvimento contínuo e sustentável, desejo manifesto por todos os
associados nessa empreitada.
O Brasil e seus temores
A
dura e cruel realidade é que o Brasil está perdendo espaço nos mercados
internacionais e que os artifícios cambiais e contábeis – esses últimos por
conta da Petrobras, caudatária de decisões espúrias do governo de plantão – não
são suficiente para esconder a falta de programas eficazes para cobrir os
custos e os males decorrentes da falta de competitividade do sistema produtivo
nacional.
Praticamente
todas as nações do mundo tem negociado acordos de livre comércio – isoladamente
ou em blocos –como uma forma de aumentar sua presença comercial nos mercados
globalizados, ganhando com isso competitividade e obrigando, até
como uma questão de sobrevivência, aos setores menos produtivos a fazer
esforços supremos – normalmente, com ajuda governamental – para colocar suas
empresas em sintonia com padrões avançados de gestão, priorizando o uso de tecnologias
que contribuem para a melhor qualidade e os menores custos.
Em
consequência disso, quer aceitem ou não, os setores (as empresas) mais frágeis
serão obrigadas a repensar seu negócio e procurar os caminhos para manter
e ganhar mercados, o que, convenhamos, pode ser até mais difícil, mais nem por
isso deixa de ser um meio essencial para a continuidade e a lucratividade das
organizações.
Os
próximos meses serão pródigos em novidades, especialmente por conta das batalhas
travadas entre a turma “não mexe em nada
ou afogamos a indústria nacional” e aqueles que erguem a bandeira da
modernidade “temos que inovar e ser
competitivos num mundo que, cada vez menos, perdoa os incompetentes”.
O
futuro promete lances interessantes.
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