quinta-feira, 27 de março de 2014

UMA ALIANÇA NO ATLÂNTICO



Será que agora vai?

Com a evidente boa vontade externada nos últimos meses por representantes do mais alto nível do MERCOSUL e da UNIÃO EUROPÉIA e com a troca das listas preferenciais de produtos que entrarão, de forma gradual, no processo de redução de gravames de importação,  tudo parece indicar (finalmente) que um acordo está próximo e que a longa novela que, se arrastra por mais de 15 anos, terá um final feliz.

Como em toda negociação que envolve questões da máxima complexidade no relacionamento entre nações na tentativa de tentar conciliar interesses gigantescos,  as conversações mantidas pelas delegações de ambos grupos tem avançado lentamente, ora pela complexidade das questões, ora pelas dúvidas da conveniência de tal tipo de associação aliada à falta de interesse político, no presente são positivos os sinais de um acordo que vai afetar a vida de quase 800 milhões de pessoas e vai, com toda certeza, revolucionar as relações comerciais dos 33 países membros de ambos blocos que, até o fim a década, podem integrar mais de 45 nações.

Resulta pertinente focalizar as complexas questões que envolvem a formação de uma Zona de Livre Comércio que obriga, em igualdade de condições, a todos os países a respeitar, gradualmente e cada uma com seu calendário próprio, um conjunto de normas relativas à:

  • comércio de mercadorias e serviços, com destaque para os setores agrícola, financeiro, de seguros e de transporte;
  • possibilidade de participação, por parte de empresas de ambos blocos, de concorrências públicas nos países associados;
  • proteção especial para investimentos;regras comuns para resguardo da propriedade intelectual
  • livre movimentação de mão de obra;
  • mecanismos de defesa da concorrência;
  • sistemas conjuntos de defesa do consumidor;
  • padrões fitossanitários, de higiene e de qualidade;
  • normas técnicas padronizadas;
  • mecanismos de solução de controvérsias;
  •  etc.
O que, ao final, sintetiza um gigantesco esforço para unir ainda mais os povos de ambos lados do Atlântico, ao mesmo tempo de juntar esforços para acelerar um desenvolvimento contínuo e sustentável, desejo manifesto por todos os associados nessa empreitada.

O Brasil e seus temores

A dura e cruel realidade é que o Brasil está perdendo espaço nos mercados internacionais e que os artifícios cambiais e contábeis – esses últimos por conta da Petrobras, caudatária de decisões espúrias do governo de plantão – não são suficiente para esconder a falta de programas eficazes para cobrir os custos e os males decorrentes da falta de competitividade do sistema produtivo nacional.

Praticamente todas as nações do mundo tem negociado acordos de livre comércio – isoladamente ou em blocos –como uma forma de aumentar sua presença comercial nos mercados globalizados, ganhando com isso competitividade e obrigando,  até como uma questão de sobrevivência, aos setores menos produtivos a fazer esforços supremos – normalmente, com ajuda governamental – para colocar suas empresas em sintonia com padrões avançados de gestão, priorizando o uso de tecnologias que contribuem para a melhor qualidade e os menores custos.

Em consequência disso, quer aceitem ou não, os setores (as empresas) mais frágeis serão obrigadas a repensar seu negócio e procurar os caminhos para manter e ganhar mercados, o que, convenhamos, pode ser até mais difícil, mais nem por isso deixa de ser um meio essencial para a continuidade e a lucratividade das organizações.

Os próximos meses serão pródigos em novidades, especialmente por conta das batalhas travadas entre a turma “não mexe em nada ou afogamos a indústria nacional” e aqueles que erguem a bandeira da modernidade “temos que inovar e ser competitivos num mundo que, cada vez menos, perdoa os incompetentes”.

O  futuro promete lances interessantes. 



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