Os
salvadores
O
vendaval econômico-financeiro que assolou nosso sofrido planeta desde a metade
de 2007 deixou algumas marcas e lições que, tais como feridas de guerra, não
serão esquecidas tão cedo.
Em
primeiro lugar, deixou bem claro que a globalização – fenômeno, econômico,
político, social, planetário e perverso,
desde que trata os desiguais de forma igual – tem força avassaladora, não
reconhece fronteiras, não deixa ninguém de fora e colocam grandes e pequenos no
mesmo redemoinho.
Ou
seja, ficou mais que evidente que, direta o indiretamente, no curto ou médio
prazo, todos dependemos de todos. E
que a desgraça de uns, tal como a bonança, é tão contagiosa como a estupidez essas
gripes repentinas que vêm, quem sabe de onde, para estropiar nosso bem estar.
Em tempo: o dito
acima não se aplica só aos países, senão que também às empresas e pessoas.
Outra
lição muito importante, que merece
registro muito especial, é o papel
decisivo que incumbe ao G20 – o
clube mais que exclusivo das 20 maiores economias do planeta, do qual o Brasil
faz parte – no difícil trabalho de arrumação da frágil arquitetura das finanças
internacionais e dar nova pujança à cambaleante economia planetária.
Os
enganadores
No
meio de toda essa confusão, vale à pena lembrar que os badalados “gênios da administração” estão em forte
baixa nas bolsas globalizadas de talentos nota 1.000 na gestão empresarial.
Para quem não lembra, são aqueles executivos que, em busca de melhores
resultados, não vacilam em fechar fábricas, cortar empregos, desmontar
organizações e pôr milhares de pessoas na rua da amargura. Mas tudo com classe,
olhando de cima de seus vistosos títulos acadêmicos, fingindo que sabem tudo de
tudo, sempre com a soberba dos indiferentes à verdadeira natureza dos problemas
de gestão dos negócios. No fundo, no fundo mesmo, a maior habilidade de muitos
desses ditos “salvadores da pátria” é
de apenas deixar-se levar pela correnteza das circunstâncias, abraçados num excelente programa de promoção
pessoal e de remunerações imorais nunca justificadas pelos resultados e que,
geralmente, comprometem a continuidade e o futuro das empresas sob seu comando.
O fim de
uma era?
Muitos
afirmam – com razão, acho – que esses anos de crise globalizada serão lembrados
como o período do início do fim do
capitalismo, pelo menos tal como
o conhecemos hoje, onde o predomínio
anônimo, tirânico e absoluto do “deus
mercado” dita às regras e a forma do
“sistema”.
De tudo essa baderna, os governos saíram
por cima e o Estado ficou fortalecido. Tomara: não se tem memória de tantas e
tão grandes empresas estendendo a mão para receber recursos oficiais, aparentemente
inesgotáveis. Mas, esse dinheiro público tem um custo nefasto, desde que
significa também menos recursos – já insuficientes - para a infra-estrutura
física e social dos países, a começar pelos pobres e os emergentes.
Em
todo o mundo e de todos os modos imagináveis, seguindo um dos mandamentos
imutáveis da História, os que mais
precisam e menos têm vão pagar a maior parte dessa astronômica fatura. E isso
já está acontecendo, infelizmente.
Não
é o fim do mundo. Tem saídas. Até então, cabe lembrar que, apoiados na
experiência de 5.000 anos de civilização, os chineses consideram as crises como o
melhor adubo para o arvore da oportunidade e do empreendedorismo.
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