sexta-feira, 9 de maio de 2014

LIÇÕES QUE MARCAM UMA ERA



Os salvadores

O vendaval econômico-financeiro que assolou nosso sofrido planeta desde a metade de 2007 deixou algumas marcas e lições que, tais como feridas de guerra, não serão esquecidas tão cedo.

Em primeiro lugar, deixou bem claro que a globalização – fenômeno, econômico, político, social, planetário e perverso, desde que trata os desiguais de forma igual – tem força avassaladora, não reconhece fronteiras, não deixa ninguém de fora e colocam grandes e pequenos no mesmo redemoinho.

Ou seja, ficou mais que evidente que, direta o indiretamente, no curto ou médio prazo, todos dependemos de todos. E que a desgraça de uns, tal como a bonança, é tão contagiosa como a estupidez essas gripes repentinas que vêm, quem sabe de onde, para estropiar nosso bem estar.

Em tempo: o dito acima não se aplica só aos países, senão que também às empresas e pessoas.

Outra lição muito importante, que merece registro muito especial, é o papel decisivo que incumbe ao G20 – o clube mais que exclusivo das 20 maiores economias do planeta, do qual o Brasil faz parte – no difícil trabalho de arrumação da frágil arquitetura das finanças internacionais e dar nova pujança à cambaleante economia planetária.

Os enganadores

No meio de toda essa confusão, vale à pena lembrar que os badalados “gênios da administração” estão em forte baixa nas bolsas globalizadas de talentos nota 1.000 na gestão empresarial. Para quem não lembra, são aqueles executivos que, em busca de melhores resultados, não vacilam em fechar fábricas, cortar empregos, desmontar organizações e pôr milhares de pessoas na rua da amargura. Mas tudo com classe, olhando de cima de seus vistosos títulos acadêmicos, fingindo que sabem tudo de tudo, sempre com a soberba dos indiferentes à verdadeira natureza dos problemas de gestão dos negócios. No fundo, no fundo mesmo, a maior habilidade de muitos desses ditos “salvadores da pátria” é de apenas deixar-se levar pela correnteza das circunstâncias, abraçados num excelente programa de promoção pessoal e de remunerações imorais nunca justificadas pelos resultados e que, geralmente, comprometem a continuidade e o futuro das empresas sob seu comando.

O fim de uma era?

Muitos afirmam – com razão, acho – que esses anos de crise globalizada serão lembrados como o período do início do fim do capitalismo, pelo menos tal como o conhecemos hoje, onde o predomínio anônimo, tirânico e absoluto do “deus mercado” dita às regras e a forma do “sistema”.

De tudo essa baderna, os governos saíram por cima e o Estado ficou fortalecido. Tomara: não se tem memória de tantas e tão grandes empresas estendendo a mão para receber recursos oficiais, aparentemente inesgotáveis. Mas, esse dinheiro público tem um custo nefasto, desde que significa também menos recursos – já insuficientes - para a infra-estrutura física e social dos países, a começar pelos pobres e os emergentes.

Em todo o mundo e de todos os modos imagináveis, seguindo um dos mandamentos imutáveis da História, os que mais precisam e menos têm vão pagar a maior parte dessa astronômica fatura. E isso já está acontecendo, infelizmente.

Não é o fim do mundo. Tem saídas. Até então, cabe lembrar que, apoiados na experiência de 5.000 anos de civilização, os chineses consideram as crises como o melhor adubo para o arvore da oportunidade e do empreendedorismo.


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