Exportar é a solução
Quase 50 anos atrás o slogan da campanha oficial para motivar as
empresas a sacudir a poeira do letargo colonial das exportações tradicionais de
café, cacau, açúcar, banana e madeira, tomava a forma de “Exportar é a solução”, colocando nas costas das vendas externas o encargo
maior na ingente tarefa de acelerar nosso desenvolvimento. Em termos, seria
algo assim como o PAC da época, só que, basicamente, sob responsabilidade de
empresas privadas que conquistam mercados no exterior.
Historicamente, foi a primeira vez que a burocracia governamental demonstrava
entender a importância crucial da inserção internacional do País - de suas
empresas - como alavanca para a geração de riquezas e como incentivo para a
melhoria da qualidade, da produtividade e do emprego, assim como elemento
crucial para incentivar a aplicação de novas tecnologias e de novos sistemas de
gestão. Ou, de outro modo, tinha a virtude de potencializar um elo fundamental
no circulo virtuoso do desenvolvimento.
Hoje, num mundo onde o comércio internacional é uma das medidas
mais importantes para julgar a capacidade de competir nos cenários
globalizados, as exportações brasileiras têm também o rol estratégico de
contribuir diretamente para manter e acelerar o processo de desenvolvimento
que, convenhamos, nos últimos tempos tem andado de lado, mal arranhando uns
minguados 2% anuais, claramente insuficientes para as necessidades de um
crescimento economicamente sustentável e muito abaixo do imperativo de um País
que, entre outras coisas, pretende atender a mudança para uma distribuição de
renda menos injusta que, comparativamente, nos coloca entre os mais desiguais
do mundo.
Por outra parte nossas exportações, representando pouco mais de 1%
do total mundial e fortemente concentradas em poucas centenas de grandes empresas,
muitas delas multinacionais, indicam a conveniência estratégica de multiplicar
o número de vendedores nos mercados globalizados, motivando a mais empresas - especialmente
as pequenas e médias (P&M), notadamente industriais - a competir internacionalmente, tanto pelo
significado específico do negócio além fronteiras, como pela percepção de que o
sucesso no mercado interno recebe a influência direta das atividades
externas, desde que ambos os espaços mantêm, cada vez mais, íntimas
relações de interdependência.
Ou, em
síntese: Crescer mais e melhor no mercado interno a partir dos benefícios das
ações nos mercados externos. Exatamente tal como fazem muitos milhares de
empresas num mundo cujo comércio internacional atinge uma terceira parte do PIB
planetário.
Precisamos
heróis
Para vencer as batalhas além fronteiras é preciso programar
políticas coerentes com a realidade, cientes que dezenas de milhares de
competidores também procuram um lugar ao sol. Portanto, isso obriga a manter
princípios de excelência & competitividade, com uma visão promissora
do futuro e sempre mantendo a firme disposição de realizar ações sob o escudo
de mecanismos de eficiência, inovação e criatividade.
Precisamos
insistir na imperativa necessidade de colocar o aumento das exportações na
cabeça das prioridades de todos os agentes, públicos e privados, na busca
obsessiva de uma melhoria continua, em todos os aspectos – mais exportadores,
mais produtos, mais mercados, mais rentabilidade - de nossas vendas além
fronteiras. Não adiantam os lamentos - que as mais das vezes, apenas engrossam
o coro de justificações que encobrem incompetências crônicas - desde que as
exigências dos tempos modernos demandam claramente ações eficazes, pautadas na evidente
capacidade de competir em mercados cada vez mais ariscos, difíceis e exigentes
mais, por outra parte, visivelmente
crescentes, promissores e lucrativos.
Precisamos de heróis obsessivos
dispostos a participar - e ser vitoriosos – nessa guerra comercial permanente,
que é a realidade dos negócios nesse nosso mundo globalizado. Heróis - empresário-empreendedores – com um apóio
governamental inteligente e desburocratizado (?).
Mas,
fundamentalmente, em todos os níveis, com o apóio, motivação e participação imprescindível
das entidades privadas que associam as empresas em todo o Brasil.
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