sexta-feira, 4 de julho de 2014

O REAL SALVADOR


20 anos

Em 1º. de Julho de 1994 foi efetivamente iniciada a implantação do “REAL” como moeda oficial do Brasil, marcando o início de uma reviravolta extraordinária no combate à inflação que já passava dos 45% mensais e que nos últimos 30 anos tinha destroçado, sem piedade e sem trégua, a estrutura econômica e social do País.

Só como medida e exemplo, no período 1965–1994 o Brasil tenha registrado a maior inflação da história econômica do mundo, com um aumento de preços medido em quatrilhões, apenas comparável à hiperinflação alemã de 1920. Um absurdo de magnitude inimaginável!

È claro que perdemos a noção disso porque realizamos quatro reformas monetárias no período, cada uma devorando três dígitos da moeda nacional, que perdeu qualquer condição de medir o valor real das coisas e servir de referencia confiável para realizar negócios e estabelecer preços e propriedade. Claro, para uma ínfima parcela da população restou, como pálida referencia, a cotação do dólar.

Entre as distorções avassaladoras provocadas por essa hiperinflação – chamada de “o mais injusto de todos os impostos” por John K Galbraith – está seu efeito desastroso sobre a renda da maioria das pessoas desde que, proporcionalmente, os que menos ganham sofrem mais seus efeitos demolidores. Em resumo, os que menos têm ficam mais pobres e, na contramão, os que mais têm usam seu poder financeiro - propriedades, reservas em dólares, contas no exterior, juros, etc. - para ampliar ou, pelo menos, manter sua fortuna.

De muitos modos, isso também ajuda explicar porque o Brasil está posicionado no mundo entre os cinco países de maior desigualdade na distribuição da riqueza.

O PLANO REAL

O ponto de partida pode situar-se em maio de 1993, quando o então presidente Itamar Franco entregou o cargo de Ministro da Fazenda a Fernando Henrique Cardozo, com a missão principal de eliminar a inflação ou, pelo menos, reduzir-la substancialmente. O novo ministro reuniu um grupo de destacados economistas para elaborar um plano com tal finalidade, onde eram figuras de destaque Pércio Aruda, André Lara Resende, Gustavo Franco Rocha, Pedro Malan, Edmar Bacha, Clóvis Carvalho e Wiston Fritsch que, com toda justiça, ganharam depois o apodo de “Pais do Plano Real”.

No fundo, tratava-se de vencer um inimigo muito poderoso que, entre outras defesas, contava com o imenso poder dos grupos que lucravam com o mercado de capitais; com a descrença derivada do fracasso de planos anteriores; com as divergências sobre as causas e os remédios para curar esse mal que ameaçava a própria existência da Nação; com a crença convencional resumida em “o Brasil é assim mesmo”.

O primeiro grande passo para cumprir a meta de estabilização foi estreado em Fevereiro de 1994 com a publicação da Medida Provisória No. 434 que instituía a Unidade Real de Valor (URV), assim como estabelecia regras de conversão e uso de valores monetários iniciando a desindexação da economia e determinando o próximo lançamento de uma nova moeda, o Real.

Pouco mais de quatro meses depois no seu lançamento como moeda de uso corrente, o Real foi acompanhado de uma sólida e bem estruturada série de medidas complementares que pretendiam servir de apoio ao programa de combate contínuo e sem tréguas ao flagelo da inflação e contribuir para acelerar o processo de desenvolvimento.

Plano Real mostrou-se nos meses e anos seguintes o plano de estabilização econômica mais eficaz da história, reduzindo a inflação e colaborando, de forma decisiva, para modernizar a estrutura economica e social.  E, sem dúvida, contribuindo para resgatar uma posição destacada do Brasil entre as principais nações desse nosso mundo globalizado.




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