20 anos
Em 1º. de Julho de 1994 foi efetivamente iniciada a
implantação do “REAL” como moeda oficial do Brasil, marcando o início de uma
reviravolta extraordinária no combate à inflação que já passava dos 45% mensais
e que nos últimos 30 anos tinha destroçado, sem piedade e sem trégua, a
estrutura econômica e social do País.
Só como medida e exemplo, no período 1965–1994 o Brasil
tenha registrado a maior inflação da história econômica do mundo, com um
aumento de preços medido em quatrilhões,
apenas comparável à hiperinflação alemã de 1920. Um absurdo de magnitude
inimaginável!
È claro que perdemos a noção disso porque realizamos quatro
reformas monetárias no período, cada uma devorando três dígitos da moeda nacional,
que perdeu qualquer condição de medir o valor real das coisas e servir de
referencia confiável para realizar negócios e estabelecer preços e propriedade.
Claro, para uma ínfima parcela da população restou, como pálida referencia, a
cotação do dólar.
Entre as distorções avassaladoras provocadas por essa
hiperinflação – chamada de “o mais
injusto de todos os impostos” por John K Galbraith – está seu efeito desastroso
sobre a renda da maioria das pessoas desde que, proporcionalmente, os que menos
ganham sofrem mais seus efeitos demolidores. Em resumo, os que menos têm ficam
mais pobres e, na contramão, os que mais
têm usam seu poder financeiro - propriedades, reservas em dólares, contas
no exterior, juros, etc. - para ampliar ou, pelo menos, manter sua fortuna.
De muitos modos, isso também ajuda explicar porque o Brasil
está posicionado no mundo entre os cinco
países de maior desigualdade na distribuição da riqueza.
O PLANO REAL
O ponto de partida pode situar-se em maio de 1993, quando o
então presidente Itamar Franco entregou o cargo de Ministro da Fazenda a
Fernando Henrique Cardozo, com a missão principal de eliminar a inflação ou,
pelo menos, reduzir-la substancialmente. O novo ministro reuniu um grupo de
destacados economistas para elaborar um plano com tal finalidade, onde eram
figuras de destaque Pércio Aruda, André Lara Resende, Gustavo Franco Rocha,
Pedro Malan, Edmar Bacha, Clóvis Carvalho e Wiston Fritsch que, com toda
justiça, ganharam depois o apodo de “Pais
do Plano Real”.
No fundo, tratava-se de vencer um inimigo muito poderoso
que, entre outras defesas, contava com o imenso poder dos grupos que lucravam
com o mercado de capitais; com a descrença derivada do fracasso de planos
anteriores; com as divergências sobre as causas e os remédios para curar esse
mal que ameaçava a própria existência da Nação; com a crença convencional resumida
em “o Brasil é assim mesmo”.
O primeiro grande passo para cumprir a meta de estabilização
foi estreado em Fevereiro de 1994 com a publicação da Medida Provisória No. 434
que instituía a Unidade Real de Valor (URV), assim como estabelecia regras de
conversão e uso de valores monetários iniciando a desindexação da economia e
determinando o próximo lançamento de uma nova moeda, o Real.
Pouco mais de quatro meses depois no seu lançamento como
moeda de uso corrente, o Real foi acompanhado de uma sólida e bem estruturada
série de medidas complementares que pretendiam servir de apoio ao programa de
combate contínuo e sem tréguas ao flagelo da inflação e contribuir para
acelerar o processo de desenvolvimento.
O Plano Real mostrou-se nos meses
e anos seguintes o plano de estabilização econômica mais eficaz da história, reduzindo
a inflação e colaborando, de forma decisiva, para modernizar a estrutura
economica e social. E, sem dúvida, contribuindo
para resgatar uma posição destacada do Brasil entre as principais nações desse
nosso mundo globalizado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário