A recente gira do presidente da
China, XI Xinping por diversos países da América Latina, somado ao encontro com
lideres sul americanos na cúpula de Julho, em Fortaleza, contribuiu diretamente
para demonstrar o interesse manifesto nesta região do planeta, fazendo assim jus
a fama de excelentes jogadores do poker da geopolítica planetária que trabalham
com celeridade e eficácia para ganhar posições estratégicas no vazio
deixado pelos EUA e pela Europa e confirmam seu apetite por recursos naturais -
energia, minerais, alimentos – os quais são à base das exportações
latino-americanas para as terras do dragão.
.
Os grandes conquistadores do
Século XIX (Europa) e do Século XX (EUA), imersos na crise do sistema liberal &capitalista e
sem forças (recursos) para revidar a forte arremetida chinesa, apenas podem ser
espectadores ansiosos que sabem que estão começando a perder o jogo do poder
global para um adversário decidido, que luta para confirmar a
previsão feita na sessão inaugural da APEC, (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico),
em1989: “o Século XXI será o
Século do Pacífico”.
Nos últimos anos, quando uma
ventania tempestuosa sacudia as estruturas da economia globalizada, sem perdoar
nenhum pedaço do planeta, mas com fúria ainda mais destruidora nas nações
industriais mais ricas e poderosas, especialmente EUA, Japão, Alemanha, Reino
Unido e Franca, a China iniciou uma ofensiva mundial para ocupar os espaços
deixados pelos outrora “donos do mundo” e provar que é um país confiável, forte
e que busca a paz, a amizade e a harmonia entre as nações. E que
hoje, é a único que tem a bolsa cheia para investir, financiar e comprar.
E não se trata apenas do potencial das relações econômicas com o antigo Império do Médio que atrai governos, empresas e investidores, senão da realidade gritante da expansão de mais de 20 vezes do comércio bilateral, que já ultrapassou os duzentos bilhões de dólares, impulsionado por exportações de “commodities” e por importações de produtos industrializados a preços que fazem a alegria dos consumidores e que, por outra parte, obrigam às indústrias da região em cavar cada vez mais fundo na busca de suas vantagens competitivas, muitas vezes esquecidas na bonança dos mercados cativos.
O grande saldo inquestionável dessa
relação que, além do nascimento de novos mercados, é que esse intercambia foi
decisivo para equilibrar as contas externas da região e sua contribuição para
que as parcelas menos favorecidas da população tivessem acesso a produtos
reservados para as classes mais abastadas.
Dezenas de
acordos e convênios balizam as relações China-América Latina, cobrindo campos
como biotecnologia, energia, agricultura, educação, comércio, novos materiais,
transporte, turismo, etc.
Ao mesmo tempo,
os investimentos e as empresas chinesas não param de chegar, tanto aproveitando
as imensas oportunidades dos países emergentes da América Latina - que reúnem
600 milhões de pessoas e que se estende desde a fronteira sul dos EUA até a
Antártica - como abrindo novos caminhos na competição global por mercados e
negócios.
Claro, sem deixar
de cutucar os EUA, seu mais próximo adversário para ocupar o primeiro lugar
como potencia econômica e militar acenando, entre outros grandes projetos de
impacto, a possibilidade de colaborar intensivamente numa ligação
Atlântico-Pacífico através de Nicarágua, numa via férrea pela Amazônia Brasil-Perú
e numa ligação fluvial pelo Centro-Oeste entre os rios Amazonas e Prata.
Não deixa de
lembrar a gestação de um novo pacto para o desenvolvimento, repetindo na
prática os propósitos da “Aliança para o Progresso” da década dos 60,
idealizada pelo saudoso presidente John Kennedy.
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