Uma economia exemplar
Sem dúvida, a China é uma das peças chaves na recomposição
da arquitetura financeiro-econômica global. E de um modo que eles conhecem bem:
crescendo de um modo contínuo,
sustentável e acelerado o que, trocado a miúdos, significa
mais demanda e mercado para o resto do mundo, ajudando a promover o avanço
estável da economia global.
Para isso, a China de hoje reserva alguns trunfos
importantes: investimentos garantidos de trilhões de dólares no seu mercado
interno em áreas chaves, como transporte, energia, meio-ambiente, habitação,
promoção social, etc.; reservas de quase quatro trilhões de dólares, a maior do
mundo e 10 vezes superior àquela do Brasil; sistema financeiro interno sólido,
com rígidos controles para manter a liquidez; atuação governamental firme e
competente para sustentar os rumos traçados; o maior comércio exterior do
planeta, com saldos positivos significativos; taxas de crescimento anual sempre
acima dos 7,5%; e, entre tantas outras diferenças respeitáveis, a vantagem de
albergar a maior população do planeta - 1.350.000 de chineses - que, num ritmo
alucinante, estão ingressando no mercado mundial de consumo para tudo o imaginável,
desde Ferraris de 500 mil dólares até balas de 10 centavos a dúzia.
É claro que a China tem também dificuldades a ser solucionadas,
proporcionais a seu tamanho fenomenal, mas que estão sendo vigorosamente
atacadas – e assim, criando novos mercados – sendo de assinalar, entre outros, o
problema ambiental, pesadelo maior da elite dirigente chinesa.
Um as na manga
Quando, em 1978, Deng Xiaoping iniciou a imensa tarefa de
construir uma nova economia com base num novo sistema de criação de riqueza que
bem revela a visão pragmática de seu criador
– capitalismo ao estilo chinês, como chamou - buscando incluir as vantagens
de cada um dos sistemas, capitalista e socialismo, rivais de cartelinha na
melhor tradição do “o meu é melhor”,
porém que, na alquimia do gigante asiático, ganhou os contornos de uma
ferramenta extraordinariamente eficiente para promover o desenvolvimento.
Essa nova forma de promover o incremento da economia, fartamente
comprovada nas últimas três décadas, provoca a inveja nem sempre declarada da
maioria dos países do mundo – como eles
podem? – num terreno onde fracassam outras grandes nações do planeta porque
– acreditem! – tem uma capacidade
extraordinária para distribuir os benefícios do crescimento entre a maioria da
população.
E que contribui para
a formação de uma classe media
crescente, dinâmica, jovem, com avidez por consumir coisas novas e diferentes e
que caminha - antes de 2020 - para constituir uma massa de consumidores de 500
milhões de pessoas, duas vezes mais numerosa que seu equivalente nos EUA e
cinco vezes maior que aquela assim denominada no Brasil.
E, o mais importante: cresce a um ritmo alucinantes de 6% ao
ano, podendo atingir quase um trilhão de pessoas logo depois de 2030. Ou 15% da
população mundial projetada para essa época!
Sem equívocos, esse segmento de consumidores é a grande
esperança da terra do dragão para mudar o seu perfil de crescimento, passando
do modelo atual que privilegia as exportações – a China já é o maior exportador
mundial, tendo já superado os EUA, vendendo nos mercados internacionais 1,78
trilhões de dólares em 2013 – para
enfatizar o mercado de consumo interno, cuja avidez e tamanho é um portal
aberto para criar e marcar os traços sobressalentes de um novo mapa do consumo
global.
No tocante ao Brasil, esse novo tempo oferece imensas
oportunidades para nossas empresas que não temem em avançar na trilha da
competitividade internacional e estão determinadas em conquistar parcelas desse
mercado fabuloso.
Contam desde já com
uma considerável vantagem: Os “novos” consumidores chineses apreciam e valoram
tudo o que provem do Brasil. O “Made in Brasil” tem fortes credenciais que
contribuem diretamente para o sucesso de nossos empreendedores-exportadores.
Muito bom reler tuas análises Miguel. Vou compartilhar.
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