Normalmente, o sucesso do MERCOSUL
é apenas medido nas cifras do intercâmbio comercial entre seus membros, as
quais, com seus altos e baixos, são consideradas o termômetro do andamento do processo de integração. Mas é
importante não esquecer que o crescimento espetacular do comércio nos últimos
20 anos ofusca outras realizações não menos respeitáveis e, sob certos
aspectos, imprescindíveis para a consolidação definitiva do bloco.
É claro que as incertezas com relação
à situação internacional e seus reflexos por inércia na economia regional,
assim como aspectos indesejáveis da situação interna de cada sócio, complicam o
andamento e a velocidade do processo de integração, porque as urgências e
angustias do momento impedem a consolidação de objetivos estratégicos que
precisam ser apreciados no longo prazo.
Como por exemplo, por conta de
sua alquebrada situação e de suas posições controversas, Argentina tem sido uma
pedra no sapato de seus sócios do MERCOSUL, pondo em risco a continuidade da
aliança e dando argumentos para seus detratores deitar e rolar na sua cruzada
pelo fim do “Grande Pacto do Sul das Américas”.
Conjuntura que, entre outras
coisas, serve para dar asas às críticas da “turma do contra” – veladamente
apoiada pelos EUA - a começar pela incapacidade (?) do bloco em acompanhar as
vertiginosas mudanças da era da globalização, assim como as dificuldades em
alcançar um consenso em temas críticos, como a possibilidade de efetivar
acordos de livre comércio de acordo com os interesses de cada país. E para
jogar lenha na fogueira, interpretações isoladas de acordos que dão sustentação
ao pacto ao vaivém dos interesses e circunstancias do momento.
Entretanto não podem ignorar-se
avanços da maior importância como, por exemplo, o forte interesse da União
Européia (EU) – que já engloba 29 nações que juntas representam um poder
econômico equivalente àquele dos EUA - em finalizar os acordos de integração
com o MERCOSUL, desde e quando permaneça unido como bloco. Fato
que merece sempre atenção redobrada, desde que a visão externa pode
sintetizar-se assim: “Se um grupo de
países da América Latina consegue, apesar de suas divergências históricas, negociarem,
formatar e consolidar mecanismos institucionais de integração entre si merece
credibilidade, possui maturidade política e, a partir de seu crescente
prestígio internacional, pode vir a ser
considerado um parceiro importante e confiável na formação de uma nova grande
aliança econômica no Atlântico”.
De qualquer modo, temos que
concordar que na prática predomina o bom senso - que tem um forte aval nos
interesses comuns - no relacionamento dos “companheiros”, muito bem sintetizado
na frase de um negociador experiente: Se
não existisse o MERCOSUL, onde estaríamos agora? “Pode não ser o ideal, mais
juntos podemos mais, negociamos melhor, temos mais credibilidade e ganhamos em
escala num mundo onde predominam interesses gigantescos” Lembrete: as 10
maiores multinacionais do planeta têm um faturamento conjunto maior que o PIB
somado dos sócios do bloco!
Foi um diplomata - sem
preconceitos - quem sintetizou como resultados concretos do MERCOSUL: “A ampliação dos fluxos de comércio – que
cresceram mais de 1.000% – a expansão de joint-ventures, os investimentos, os
acordos de integração em áreas estratégicas – energia, transportes, intercambio
tecnológico e segurança são exemplos notáveis - o avanço na criação de normas
comuns em áreas de interesse direto, como justiça, educação, saúde, emprego e
meio ambiente. E o mais importante, a garantia de democracia na região,
patrimônio de cooperação e solidariedade, fator de paz, de estabilidade e de
estímulo ao crescimento”.
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