Em Brasília, a
reunião de cúpula dos Chefes de Estado dos cinco membros plenos do MERCOSUL –
Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela – foi o palco ideal para
reiterar as promessas de armonia, cooperação e objetivos comuns no esforço para
garantir a solidez do bloco e a procura de um lugar mais destacado no concerto
de nações democráticas.
Como
demostração indiscuível de ter cumprido o dever de casa, assinaram o protocolo
de adesão de Bolívia ao grupo – sujeito a uma avalanche de opiniões
contraditórias, a favor ou contra – assim como promessas firmes de realizar
estudos em profundidade para recomendar
medidas para eliminar os obstáculos burocráticos, operacionais e legais que
dificultam e encarecem o crescimento dos
intercambios entre os sócios, reafirmando a intenção de criação de novos
instrumentos para facilitar os negocios entre os membros do grupo, ao mesmo
tempo que confirmam a importância do comércio internacional para o
desenvolvimento do bloco.
Ênfase
especial mereceram os esforços para acelerar o processo de formação de uma área
de livre comércio com a UE (União Európeia), considerado como o acordo máximo
para a consagração do MERCOSUL como um dos grandes protagonistas do comércio
rntre as nações..
(Para muitos observadores, é o primeiro grande passo
para acordos similares com China, EUA e o Pacto Andino).
Vale apontar que normalmente
o sucesso do MERCOSUL é apenas medido nas cifras do intercâmbio comercial, as
quais, nos seus altos e baixos, são consideradas o termômetro do andamento e do
ânimo da integração. Por outra parte, é claro que as incertezas com relação à
situação internacional, com seus reflexos indesejáveis na economia regional,
assim como aspectos negativos da situação interna de cada sócio – os destaques
são Brasil e Argentina - complicam as negociações e a velocidade do processo,
prejudicado pelas urgências e angustias do momento que impedem avanços mais
significativos para a consolidação de objetivos estratégicos antes acordados.
Isso, de certo modo, ofusca
outras realizações não menos importantes e, sob muitos aspectos,
imprescindíveis para a consolidação definitiva do bloco, como são as dezenas de
acordos de cooperação e ação conjunta em áreas essenciais para o
desenvolvimento e integração solidária dos membros, com forte presença nos campos
de energia, comércio, agricultura, investimentos, transportes, formação de
empresas conjuntas, segurança, pesquisa científica, educação, livre trânsito de
pessoas e posições
comuns em foros internacionais, por dizer o menos.
O dano de uma possível volta
para trás no processo de integração e de futura formação de um Mercado Comum
são substancialmente maiores que as diferenças existentes entre os sócios, bastando
lembrar a importância de manter-se a unidade, força e credibilidade nas
negociações vitais ora em andamento com a UE.
Esse ponto merece sempre
atenção redobrada, desde que a visão externa pode sintetizar-se assim: Se um grupo de países da América Latina
consegue, apesar de suas divergências históricas, negociar, formatar e
consolidar mecanismos institucionais de integração entre si merece
credibilidade, possui maturidade política e, a partir de seu crescente
prestígio internacional, pode vir a ser considerado um parceiro importante e
confiável na formação de uma nova aliança econômica Norte-Sul.
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