quarta-feira, 22 de julho de 2015

UMA CAUSA COMUM


Em Brasília, a reunião de cúpula dos Chefes de Estado dos cinco membros plenos do MERCOSUL – Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela – foi o palco ideal para reiterar as promessas de armonia, cooperação e objetivos comuns no esforço para garantir a solidez do bloco e a procura de um lugar mais destacado no concerto de nações democráticas.
Como demostração indiscuível de ter cumprido o dever de casa, assinaram o protocolo de adesão de Bolívia ao grupo – sujeito a uma avalanche de opiniões contraditórias, a favor ou contra – assim como promessas firmes de realizar estudos em profundidade para  recomendar medidas para eliminar os obstáculos burocráticos, operacionais e legais que dificultam e encarecem o crescimento  dos intercambios entre os sócios, reafirmando a intenção de criação de novos instrumentos para facilitar os negocios entre os membros do grupo, ao mesmo tempo que confirmam a importância do comércio internacional para o desenvolvimento do bloco.
Ênfase especial mereceram os esforços para acelerar o processo de formação de uma área de livre comércio com a UE (União Európeia), considerado como o acordo máximo para a consagração do MERCOSUL como um dos grandes protagonistas do comércio rntre as nações..
(Para muitos observadores, é o primeiro grande passo para acordos similares com China, EUA e o Pacto Andino).

Vale apontar que normalmente o sucesso do MERCOSUL é apenas medido nas cifras do intercâmbio comercial, as quais, nos seus altos e baixos, são consideradas o termômetro do andamento e do ânimo da integração. Por outra parte, é claro que as incertezas com relação à situação internacional, com seus reflexos indesejáveis na economia regional, assim como aspectos negativos da situação interna de cada sócio – os destaques são Brasil e Argentina - complicam as negociações e a velocidade do processo, prejudicado pelas urgências e angustias do momento que impedem avanços mais significativos para a consolidação de objetivos estratégicos antes acordados.

Isso, de certo modo, ofusca outras realizações não menos importantes e, sob muitos aspectos, imprescindíveis para a consolidação definitiva do bloco, como são as dezenas de acordos de cooperação e ação conjunta em áreas essenciais para o desenvolvimento e integração solidária dos membros, com forte presença nos campos de energia, comércio, agricultura, investimentos, transportes, formação de empresas conjuntas, segurança, pesquisa científica, educação, livre trânsito de pessoas e posições comuns em foros internacionais, por dizer o menos.

O dano de uma possível volta para trás no processo de integração e de futura formação de um Mercado Comum são substancialmente maiores que as diferenças existentes entre os sócios, bastando lembrar a importância de manter-se a unidade, força e credibilidade nas negociações vitais ora em andamento com a UE.

Esse ponto merece sempre atenção redobrada, desde que a visão externa pode sintetizar-se assim: Se um grupo de países da América Latina consegue, apesar de suas divergências históricas, negociar, formatar e consolidar mecanismos institucionais de integração entre si merece credibilidade, possui maturidade política e, a partir de seu crescente prestígio internacional, pode vir a ser considerado um parceiro importante e confiável na formação de uma nova aliança econômica Norte-Sul.



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