quinta-feira, 20 de agosto de 2015

ENCRUZILHADA


Vivemos num mundo de complexidade crescente e distorções avassaladoras, onde forças potentes batalham pela hegemonia de países e de seus múltiplos agrupamentos sociais, tendo como máxima distinção seu apego, sem medida, ao poder, alimentado por seu desprezo aos interesses da maioria.

Muitos acreditam que estão presos a um sistema político, econômico e social que não entendem, não desejam e não acolhe suas expectativas. Consequentemente, precisa mudar. A grande dúvida é como mudar e para onde.

Num entorno de liberdade democrática temos que aceitar que no embate das forças contraditórias latentes em todo agrupamento social, por vezes marcam presença destacada aqueles que querem ver o circo pegar fogo, adeptos fieis da ideia do “quanto pior, melhor”. (Para quem?).

Não escapa para aqueles mais ajuizados que muitos, descrentes da possibilidade de tempos melhores, são induzidos à paralisação pela incapacidade, o comodismo e a preguiça de pensar por conta própria; outros, porque servem interesses. inconfessáveis; alguns, porque são geneticamente pessimistas convictos e, nesse agrupamento heterogêneo, não faltam aqueles mais afoitos, felizes de fazer parte de algo aparentemente grandioso, diferente e badalado pela mídia nossa de todos os dias, sempre ávida de novidades.

Em verdade, estamos vivendo, sofrendo e participando de um tempo onde é imperativo tentar seguir aquele inspirado refrão “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”. E, se isso serve para aguçar os ânimos e as esperanças de muitos, não está demais acrescentar doses generosas de grandeza e patriotismo, especialmente no caso de lideranças políticas, econômicas e de formadores de opinião.  Infelizmente, num ambiente perturbado, alguns esquecem suas responsabilidades e atiçam lenha na fogueira, evidentemente com finalidades pra lá de condenáveis.

 É muito importante, para o bem de todos, não cair no fácil pessimismo e no desanimo daqueles que acham que as negras nuvens que obscurecem o horizonte são o prelúdio de desastres maiores e não apenas signos dos eternos ciclos econômicos, de altos e baixos, que fustigam periodicamente os países. E suas empresas.

Nunca está demais recordar que vivemos num mundo onde todos, de uma forma ou outra, dependem de todos. E que, mais tarde ou mais cedo, com maior ou menor intensidade, recebemos os efeitos, positivos ou negativos, daquilo que acontece pelo mundo afora.

Mas, como sempre, depois da tempestade vem a calma. E depois das crises, sempre chegam tempos melhores, tal como a História teima em ensinar àqueles que se aferram a um presente complicado para espelhar os tempos que virão.

Vale registrar as palavras de Luiz Carlos Trabuco, presidente do Brasde4sco: "A crise política é mais forte que a econômica. Isso abala a confiança no país e retarda a retomada do crescimento.”.

O ex-presidente de Portugal, Mario Soarez, em recente conferencia no Clube de Madrid – think-tank espanhol que trabalha para um desenvolvimento de países emergentes sob inovadores conceitos de justiça social - assinala que “o neoliberalismo é responsável por estas sociedades sem valores onde florescem o egoísmo, o culto à violência e o princípio do salve-se quem puder: o dinheiro é o que mais conta”. E pergunta: “Será possível impor regras capazes de impedir essa epidemia de falta de ética que assola o mundo”.

Ressalta John K. Galbraith no seu clássico a Era da Incerteza que ”os governos não podem repetir os erros do passado e adotar medidas recessivas que possam contribuir para o aprofundamento da crise que pretendem combater. É importante injetar confiança nos mercados e buscar soluções que possam afastar a possibilidade de uma recessão”.



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