quarta-feira, 30 de março de 2016

O RUMO DO DRAGÃO


A China cresceu “apenas” 6,9% em 2015, a menor taxa desde 2001. Bem, um dos fatores relevantes nesse desempenho inferior àqueles já tradicionais exuberantes 10-12% com os quais o país asiático costumava assombrar o mundo, foi a brusca queda das exportações, especialmente para os parceiros mais representativos no comércio exterior chinês, como os EUA, a UE e o Japão.
Fascinados pelo crescimento espetacular da China nas últimas três décadas, fica difícil para os analistas ocidentais explicar esse voo rasante da segunda maior economia do planeta, abusando dos clichês pessimistas do tipo “o fim está próximo”.

Mas, de qualquer modo, o desempenho da economia da China nesse ano pode ser considerado “bom”, segundo Wang Qing, economista chefe do banco Morgan Stanley para Ásia, quando compara esse resultado “robusto” com os dados do FMI que estima 2,9% para o crescimento da economia global no período, assim como os 2,4% registrados pelos EUA e 0,9% para a cambaleante economia da União Europeia.

 (Do Brasil, é melhor nem lembrar).

Wang Xiaoguang, renomado especialista do Instituto Investigação Econômica de Pequim, comentando a redução do ritmo de crescimento da economia do gigante asiático, aponta um fato, geralmente despercebido, que merece a mais cuidadosa atenção: “Não pode olhar-se apenas para a taxa de crescimento de um país como um valor absoluto. Temos que considerar algo muito mais importante, que é como essa riqueza adicional é distribuída entre a população. Porque ai sim temos uma sólida base para avaliar até que ponto a evolução presente, contribui com o equilibro social e aumenta o poder de consumo da maioria, que é uma das metas críticas de nosso Plano Quinquenal de Desenvolvimento 2016-2020. Felizmente, nessa área, temos alcançado excelentes resultados”.

Uma visão mais apropriada é claramente destacada no XIII Plano Quinquenal, recentemente aprovado, diretriz básica que estabelece a política de China para o quinquênio 2016-2020, a qual, entre outros pontos, estabelece como meta “um crescimento médio alto, com ênfase total no desenvolvimento da gente”.

(Meio-alto pode também traduzir-se como qualquer ritmo de desenvolvimento anual entre 5% e 8%).

Assim, numa reviravolta estratégica crucial, o novo foco passa dos investimentos e as exportações, para as pessoas. Desse modo, a política oficial deixa um pouco de lado os pressupostos que nortearam os esforços do desenvolvimento desde1978 e que, sem duvida, foi um dos fundamentos para o admirável êxito econômico da terra do dragão.

Em tempo, vale lembrar que os 750 milhões de habitantes rurais usufruem de uma renda de apenas 33% daquela desfrutada alegremente pelos privilegiados habitantes urbanos, um mercado potencial quase 4 vezes maior que o brasileiro.

De outro modo, esse objetivo chave para definir o futuro da China pode ser melhor exemplificado nas palavras do presidente Xi Jinping: ”Queremos construir uma sociedade modestamente acomodada y materializar o rejuvenescimento da nação mediante um crescimento sustentável através do aprofundamento das reformas e a transformação do modelo de crescimento. È o sonho da fortaleza e da prosperidade”.

Bem, de qualquer modo, uma das consequências naturais dessa importante mudança é o aumento da demanda de bens de consumo, em níveis que certamente abrirão novas e promissoras oportunidades para nossos empresários-empreendedores.



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