UMA LONGA LUTA
Em verdade, ainda que integrasse 51% da população
mundial, a mulher não comparte de forma proporcional os benefícios da educação,
da remuneração do trabalho, da condição social, do respeito e reconhecimento
pela importância de seu papel na sociedade, com extremos absurdos de desigualdade
em alguns países, ás vezes derivados de preceitos religiosos retrógrados.
Uma historia triste
O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 08 de
Março, foi instituído pelas Nações Unidas em 1975, numa tentativa (tardia) de
reconhecimento da importância do papel da mulher na imensa tarefa de erguer
nossa civilização.
A data lembra um infame episódio – foram milhares – no
caminho da industrialização e da riqueza do mundo ocidental quando em
08/03/1857, um grupo de valentes mulheres ousou entrar em greve por melhores
condições de trabalho numa tecelagem de Nova York, ocupando suas instalações.
Receberam como resposta de seus patrões o fechamento dos portões da fábrica,
que foi incendiada “para que aprendam quem manda”.
Em consequência, morreram carbonizadas 137
mulheres.
Foi um ato de crueldade incrível, em consonância com
os padrões da época que usava a mão de obra feminina e infantil sob condições
subumanas, em regimes beirando a escravidão.
Uma luta heroica
O uso da força, como expressão de superioridade, é o
melhor modo de explicar, desde tempos imemoriais, o longo predomínio do homem (gênero) sobre a mulher (gênero). É claro
que, para aqueles que sabem decifrar os resquícios pouco comentados
da História, isso também pode ser interpretado como uma das tantas aberrações
da passagem da humanidade pelo Planeta, ocupando um lugar destacado entre os
mais notórios exemplos de injustiça e preconceito, escorados em traços de
religião, ignorância e, muito especialmente, costumes de eras
remotas perdidas no tempo, quando a força física e os instintos sem freio
eram o simbolo indiscutível de uma posição de superioridade incontestável.
Através dos tempos, mais especificamente a partir da
segunda metade do Século XIX, a mulher iniciava outra etapa da longa luta – que
continua até hoje – para não ser um utensílio a mais num mundo dominado pelos
homens, tradicionalmente ciosos por manter-se no poder pela submissão daqueles
mais próximos, usando uma profusão de
artimanhas lapidadas desde os tempos do Gênese e incorporadas como verdades
absolutas ao saber convencional das sociedades.
Nessa caminhada pelos tempos, são milhares os exemplos
de mulheres que deixaram suas pegadas na Historia pelos feitos notáveis de sua
luta pela conquista de um espaço equitativo na sociedade. E outros milhões que
deixaram - e continuam incansáveis nos dias de hoje – a contribuir com sua
participação indispensável no dia-a-dia da marcha da Humanidade para seu
destino escrito nas estrelas.
São tantas, que trazem a lembrança que os oceanos são
formados por insignificantes gotas de água.
Um momento histórico, que pode considerar-se que como
um marco na luta pelos direitos femininos, aconteceu na Inglaterra em 1857,
quando foi promulgada a Lei Matrimonial que outorgava à mulher o direito ao
divórcio e a partilha dos bens do casal. “Muitos historiadores afirmam que isso
aconteceu por influência da Rainha Vitória (1837-1901), que comandava na época
o maior império da humanidade e cuja dimensão era sintetizada orgulhosamente na
famosa frase ‘‘no meu império jamais se
oculta o sol”, o que, direta ou
indiretamente, muito contribui para dar forma ao mundo no qual existimos.
Nessa extensa jornada, merece menção a assinatura da
Lei de Igual Salário para Igual Trabalho, assinada pelo Presidente Kennedy nos
EUA, em 1963, ao tempo que a russa Valentina Tereshkova era a primeira mulher a
permanecer quase três dias no espaço. Sozinha!
No Brasil
Numa sociedade construída a partir de ensinamentos e preceitos
notoriamente machistas, algumas dos tantas balizas que assinalam a quebra de
tabus seculares no Brasil merecem destaque as figuras de Maria Augusta Generosa Estrela,
que se formou em medicina em 1876 em Nova York, e Rita Lobato Velho Lopez, que recebeu
sua diplomação de medicina em 1887 pela Universidade da Bahia, ambas, sem
dúvida, corajosas pioneiras na luta das mulheres para ter acesso à educação
superior. Resultado: atualmente, elas já ocupam mais de 51% das vagas nas
universidades do País.
Também, entre as dezenas de milhares de mulheres
muitos especiais que fizeram e fazem a odisseia da trajetória feminina no
Brasil, podemos citar Maria
Helena Lourenço dos Santos,
fundadora e presidente da Cooperativa de Floricultores da Paraíba, que liderou
um grupo de 21 mulheres paraibanas, protagonistas de um dos tantos exemplos de
coragem, persistência e iniciativa que revelam um Brasil distante das mazelas sem
limites que poluem o ar de Brasília. Fundadoras e integrantes da Cooperativa,
receberam o Prêmio de Experiências Sociais Inovadoras outorgado pelo Banco
Mundial, e o Prêmio Sebrae Mulher Empreendedora da Região Nordeste.
E têm
milhões mais, conhecidas ou não, de todas as raças e credos, humildes, letradas
ou poderosas, tanto faz, são parte vital de nossa sociedade e nosso futuro.
Em tempo:
num interessante exercício de futurologia, analistas concluem que até
2050 as mulheres alcançaram a sonhada igualdade e que metade dos países do
mundo serão governados por mulheres.
Veremos. Se
outra coisa não é, isso será apenas um ato de justiça há muito devida
à maioria da Humanidade.
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