DESIGUALDADE
& GLOBALIZAÇÃO
Não é de
hoje que renomadas instituições pelo
mundo afora divulgam advertências avisando do perigo do impacto negativo da globalização sobre países do
terceiro mundo, onde esse sistema de relacionamento econômico entre as nações –
admitamos, de virtudes inegáveis - parece ser, de modo direto ou indireto, a
causa do surgimento de um novo
colonialismo, evidenciado no aumento da supremacia dos países ricos sobre os menos afortunados, o que, de certo modo, lembra aziagos
tempos que deixaram uma longa sequela de
desgraças em boa parte do Planeta.
É
claro que o termo “globalização” suscita embates eletrizantes entre os que
estão a favor - que apontam os resultados positivos - derivados do crescimento espetacular do
comércio, do turismo e dos investimentos internacionais - com aqueles
preocupados com a concentração crescente da riqueza, o aumento do desemprego, o
escasso dinamismo do crescimento em dois de cada três países do Planeta e a
falta de respostas contundentes para as disparidades sociais.
Ou colocado sob outro ponto de vista: Ganha
espaço nas mesas de discussão a ideia de que a globalização não favorece os
povos, muito menos os países pobres e, pelo contrario, de forma intensiva,
privilegia discriminadamente os países ricos e seus rebentos mais festejados,
as grandes corporações, essas sim as grandes beneficiárias da
internacionalização da economia mundial.
E não apenas
os países da periferia são incluídos como prejudicados, senão que também uma
parte importante da população das nações ricas sofre com os resultados desse
processo, que Antonio Guterrez, novo Secretário-geral da Organização das Nações
Unidas (ONU), classifica como “os
perdedores da globalização”.
De muitos
modos, eles se sentem ignorados pelos políticos, o que aumentou o apoio a
agendas nacionalistas, como nas eleições dos Estados Unidos e no referendo para
saída do Reino Unido da União Europeia, exemplo que tem um alto potencial para
alastrar-se por outras nações do Velho Continente.
Temos que
aceitar que não se pode mais escapar à comunidade global, embora nossa vida fosse
(quem sabe) provavelmente mais fácil se
o mundo deixasse de interferir em nosso caminho. Mas já que isso não é
possível, teremos pela frente, queiramos ou não, a inevitabilidade de
compartilhar mais riscos de flutuações indesejáveis da economia globalizada e haverá sempre uma boa chance de
que algo saia errado em alguma parte do mundo e venha atrapalhar nossa
“tranquilidade”.
Nas últimas
décadas, os exemplos são claros em deixar a descoberto essa dependência e
confirmar que todos dependemos de todos, para o pior ou o melhor.
Agora,
parece mais que evidente que nesse garimpar de um caminho novo – seja lá o que
isso venha significar nesse entrechocar de mundos em colisão – não pode ficar
nenhuma dúvida que, de todos os modos imagináveis, é fundamental para as nações
que pretendem sobreviver nos séculos vindouros investir pesadamente e perseverar continuamente na busca de mais
conhecimento, amparado na inovação e na
modelagem do espírito com princípios
éticos e morais, sem os quais as grandes construções humanas não passam de
gigantes com pés de barro.
Aqui, na
terra descoberta por Cabral, temos um imenso desafio para transformar o Brasil
em uma nas nações de vanguarda – no mais amplo sentido do termo – nas próximas
décadas desse Século XXI que, ainda que pleno de incertezas, não deixa de
oferecer a oportunidade de atender os anseios de um tempo cada vez melhor.
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