quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

LEMBRANDO A GRANDE DÍVIDA



Agonia
Muitos afirmam – provavelmente com razão – que os anos recentes, notadamente a partir de 2008, serão lembrados além de palco da primeira catástrofe econômica do Século XXI como o período do início do fim do capitalismo, pelo menos tal como o conhecemos hoje, dependente que é do poder anônimo, tirânico e absoluto do “deus mercado”, que dita as regras e a forma do “sistema”.

Até pode ser. Mas já não restam dúvidas: Está chegando a hora de questionar os antigos dogmas que ditam a forma de produzir e distribuir riquezas e que, de um modo ou outro, conseguiram entronizar nos últimos três séculos o “mercado” como a verdade suprema do saber e fazer econômico.
Em resumo, “coisas do sistema” – institucionalizado praticamente na segunda década do Século XX no fragor da 1ª Guerra Mundial – e que, queiramos ou não, gostemos ou não, governa a economia do Planeta, fielmente protegido por umas 5.000 grandes organizações internacionais. E, como é natural, por milhões de ingênuos, entremeados por aproveitadores e corruptos.

O efeito colateral
Em recente relatório, a Oxfam, organização líder mundial na sistematização e análise de informações sobre distribuição da riqueza globalizada e que assessora a ONU sobre o tema, publica dados que revelam claramente que vivemos num mundo profundamente desigual, donde apenas 1% da população mundial acumula 99% da riqueza planetária.

 Pior ainda: Entre esses privilegiados, menos de uma centena dos “mais mais”, concentra 50% dessa fortuna! O que, trocado a miúdos, possui um poder financeiro superior ao de qualquer país, inclusive os EUA!

 No seu informe anual (Uma economia a serviço de 1%) a entidade revela que essa concentração de riqueza não para de aumentar e que as crises que assolaram o mundo desde 1990 foram substancialmente favoráveis aos mais abastados. Ou, de outro modo: Num “sistema” que suporta 200 milhões de desempregados e cinco vezes mais de famintos e desamparados, nesses últimos 25 anos os mais endinheirados da Terra simplesmente duplicaram sua fortuna!

 Joseph Stiglitz,  Premio Nobel de Economia, afirmou em recente artigo no New York Times: “Desde os anos 80, o capitalismo foi fortemente desregulado ao estilo americano, logo imitado pelos demais países ricos. Na verdade, a promoção dessa ideologia trouxe bem-estar material para os ricos do mundo, enquanto os demais viram sua renda estagnar ou  diminuir ano após  ano.

 Tempo de mudança?

 Análises categorizadas patrocinadas pela Nações Unidas são unânimes em afirmar que o aumento das desigualdades de ingressos em todo o mundo é um dos fatores básicos que contribuem para ampliação do conjunto calamitoso das mazelas sociais – violência, consumo de drogas, prostituição, corrupção, impunidade, insegurança, racismo, descrença nos valores éticos, desemprego, etc. – que travam um desenvolvimento contínuo, sustentável e livre de crises, essencial para conservar uma condição de vida que mantenha viva a esperança de um futuro melhor.

 Quem sabe, numa reviravolta histórica e atropelados por essa cruel realidade, as lideranças planetárias concordem com a ideia que tem chegado o momento de dar início a uma mudança no modo de fazer e de distribuir riqueza nesse Século XXI.

 Para começar, podemos mudar para algo próximo à recomendação da ONU para uma economia sustentável, que é “aquela que resulta na melhoria do bem-estar humano e da igualdade social ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica. Sustenta-se sobre três pilares: é pouco intensiva em carbono; é eficiente no uso dos recursos naturais; é socialmente inclusiva”.

(Repito a lembrança. É importante!).

 

 

 

 

 

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