sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

TEMPOS INCERTOS



Sem dúvida, participamos de um tempo de conflitos alucinantes, onde o entrechocar de ideologias, interesses e paixões assaltam nosso universo mental buscando o predomínio dessa ou daquela imagem psíquica que melhor represente o mundo no qual existimos.

Imagem que, de qualquer ponto de vista, é mutante, de vida transitória, sem raízes em nosso espírito e que, de modo implacável, é açoitada continuamente por um dilúvio de novas ideias, descobertas e mudanças incontroláveis que teimam em mergulhar o individuo em rios de águas que correm alocadas para mares de confusão, incredulidade e desamparo.

Isso ajuda, se para outra coisa não serve, na explicação para a proliferação de conflitos, a fragilização da família, o aumento do consumo de drogas, a banalização do sexo, a discriminação preconceituosa das diferenças, o uso crescente da violência, o desrespeito da ética, a promoção do consumismo, o esquecimento da solidariedade, enfim, a lista de buracos negros no tecido social parece aumentar na medida em que somos arrastados na busca desesperada de alguma coisa – qualquer coisa – que proporcione sustentação e guia crível no caminhar para um futuro que atenda nossos anseios e esperanças.

Nesse cenário caótico, os grandes atores - o ESTADO, as LEIS, a JUSTIÇA e o DIREITO – precisam urgentemente (desesperadamente¿) serem realmente acessíveis para as PESSOAS, essa massa de desconhecidos que, queiram ou não, aceitem ou não, é a razão primeira de toda a estrutura organizacional de uma Nação.

Às vezes, entre as tantas duvidas que assaltam nosso quotidiano, fica a interrogante das razões que impedem que a maioria das pessoas – seria pedir muito?- possam, se não entender, pelo menos acreditar no Sistema de Justiça, que mais se parece a uma torre de babel elevada para além da compreensão dos míseros mortais, apenas reconhecida pelo saber convencional como o castelo que guarnece os interesses dos poderosos, políticos e magnatas, de preferência.

É preciso, para que a democracia seja algo mais que uma palavra vazia para ser usada como muleta ou desculpa para explicar inverdades, simplificar. E, depois, simplificar. E continuar simplificando, até terminar com o anátema popular: Para que simplificar, se podemos complicar¿.

Essa simplificação – utopia? - seria muito importante para combater a corrupção, que entre seus aliados infalíveis e sempre dispostos a servir seus propósitos inconfessáveis, merecem destaque especial:  As leis, que esquecem a Justiça e o Interesse Público; a burocracia, em todos seus níveis e formas; a ambição, que destrói o caráter; as organizações, quando seus líderes carecem de firmeza moral; os costumes, que petrificam os maus hábitos no altar do “sempre foram assim”. Bem, vocês podem também descobrir muitas cabeças mais para esse monstro que, abertamente ou às escondidas, cobra uma parcela de nosso bem estar.

Será proveitoso refletirmos por um momento sobre a imensidão dos ensinamentos de Confúcio que, 2.500 anos atrás, conseguiu traduzir seus ensinamentos sobre ética, governança, sociedade, respeito, família, visão harmoniosa da vida, felicidade, relações humanas, amor, natureza, enfim, seus preceitos fluem como uma corrente luminosa de virtudes que dão origem a um mundo melhor.

E, pasmem, tudo simplificado em poucas centenas de frases!

Esculpida em jade sobre um mural emblemático no Templo do Céu próximo da encosta Sul do Himalaia, erigido em homenagem a Confúcio, brilham as palavras plenas de sabedoria do grande mestre refletidas nas cores douradas do pôr do sol: “Só os homens nobres (em termos morais) deve governar e, obrigatoriamente, devem rodear-se de homens virtuosos. As ações do homem nobre no estado e na sociedade são expressão de sua moral e de sua obediência filial, adquiridas mediante a prática constante”.

Pena que a sabedoria desses conceitos não encontre guarida nesse cenário louco onde transitam, geralmente impunes, os gestores máximos dos mais valiosos bens da Nação.

 

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