Sem dúvida, participamos de um tempo de conflitos
alucinantes, onde o entrechocar de ideologias, interesses e paixões assaltam
nosso universo mental buscando o predomínio dessa ou daquela imagem psíquica
que melhor represente o mundo no qual existimos.
Imagem que, de qualquer ponto de vista, é
mutante, de vida transitória, sem raízes em nosso espírito e que, de modo
implacável, é açoitada continuamente por um dilúvio de novas ideias,
descobertas e mudanças incontroláveis que teimam em mergulhar o individuo em
rios de águas que correm alocadas para mares de confusão, incredulidade e
desamparo.
Isso ajuda, se para outra coisa não serve, na
explicação para a proliferação de
conflitos, a fragilização da família, o aumento do consumo de drogas, a
banalização do sexo, a discriminação preconceituosa das diferenças, o uso
crescente da violência, o desrespeito da ética, a promoção do consumismo, o
esquecimento da solidariedade, enfim, a lista de buracos negros no tecido
social parece aumentar na medida em que somos arrastados na busca desesperada
de alguma coisa – qualquer coisa – que proporcione sustentação e guia crível no
caminhar para um futuro que atenda nossos anseios e esperanças.
Nesse cenário caótico, os grandes atores - o
ESTADO, as LEIS, a JUSTIÇA e o DIREITO – precisam urgentemente
(desesperadamente¿) serem realmente acessíveis para as PESSOAS, essa massa de
desconhecidos que, queiram ou não, aceitem ou não, é a razão primeira de toda a estrutura organizacional de uma Nação.
Às vezes, entre as tantas duvidas que assaltam
nosso quotidiano, fica a interrogante das razões que impedem que a maioria das
pessoas – seria pedir muito?- possam, se não entender, pelo menos acreditar no Sistema de Justiça, que mais se parece a
uma torre de babel elevada para além da compreensão dos míseros mortais, apenas
reconhecida pelo saber convencional como o castelo que guarnece os interesses
dos poderosos, políticos e magnatas, de preferência.
É preciso, para que a democracia seja algo mais
que uma palavra vazia para ser usada como muleta ou desculpa para explicar
inverdades, simplificar. E, depois, simplificar. E continuar simplificando, até
terminar com o anátema popular: Para que
simplificar, se podemos complicar¿.
Essa simplificação
– utopia? - seria muito importante para combater a corrupção, que entre seus aliados infalíveis e sempre
dispostos a servir seus propósitos inconfessáveis, merecem destaque especial: As leis, que esquecem a Justiça e o Interesse Público; a burocracia, em todos
seus níveis e formas; a
ambição, que destrói o
caráter; as organizações, quando seus líderes carecem de firmeza
moral; os costumes, que petrificam os maus hábitos no
altar do “sempre foram assim”. Bem, vocês podem também descobrir muitas cabeças
mais para esse monstro que, abertamente ou às escondidas, cobra uma parcela de
nosso bem estar.
Será proveitoso refletirmos por um momento sobre
a imensidão dos ensinamentos de Confúcio que, 2.500 anos atrás, conseguiu
traduzir seus ensinamentos sobre ética,
governança, sociedade, respeito, família,
visão harmoniosa da vida, felicidade, relações humanas, amor, natureza,
enfim, seus preceitos fluem como uma corrente luminosa de virtudes que dão
origem a um mundo melhor.
E, pasmem, tudo simplificado em poucas centenas
de frases!
Esculpida em jade sobre um mural emblemático no Templo do Céu
próximo da encosta Sul do Himalaia, erigido em homenagem a Confúcio, brilham as
palavras plenas de sabedoria do grande mestre refletidas nas cores douradas do
pôr do sol: “Só os homens nobres (em
termos morais) deve governar e, obrigatoriamente, devem rodear-se de homens
virtuosos. As ações do homem nobre no estado e na sociedade são expressão de
sua moral e de sua obediência filial, adquiridas mediante a prática constante”.
Pena que a sabedoria desses conceitos não encontre guarida
nesse cenário louco onde transitam, geralmente impunes, os gestores máximos dos
mais valiosos bens da Nação.
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