
Na realidade, acho que o emprego estável só existe no setor público tradicional.
Bem, se a essa conjunção de forças que acuam os trabalhadores somamos os efeitos malignos da malfadada “crise” deste final de primeira década do Século XXI, temos sérios motivos para acelerar (já!) a implantação de novos mecanismos para gerar desenvolvimento sustentável, máxime que diariamente, o noticiário (sensacionalista às vezes, admitamos!) não deixa de registrar milhares de demissões, inclusive dentre aquelas empresas consideradas padrão de boa administração.
Os exemplos estão em todo o mundo, gerando conflitos inevitáveis de adaptação a uma nova ordem de relacionamentos entre o capital e o trabalho, ambos acuados por essa nova realidade que, numa face, estabelece a competitividade como símbolo máximo da excelência empresarial com sua implacável relação custo/benefício-máquina/homem; e noutra mostra a perversidade de uma equação nefasta: menos emprego, menos renda; menos renda, menos consumo; menos consumo, menos demanda; menos demanda, menos vendas; menos vendas, menos produção; menos produção, menos investimentos; menos investimentos, menos crescimento; menos crescimento, menos empresas, menos empresas, menos empregos.....
É assim por diante, num “modus perpetuo” , recomeça o círculo sinistro, cuja força de atração atrai de forma insensível para o desespero e a fome uma parcela significativa da sociedade.
É claro que existem mecanismos para solução desse paradoxo da sociedade moderna. Um deles, para aplicação imediata, seria a formação de exércitos de pequenos empresários – ex empregados - que, sob a égide do empreendedorismo encontram a motivação e os incentivos necessários para constituir pequenos empreendimentos para dar asas a sua vontade de sobreviver economicamente e gerar riquezas.
Sem esquecer que a pequena empresa tem, pelo menos, duas características especialmente positivas: a) a relação capital - empregos gerados é muito pequena, ou melhor, com pouco investimento são gerados muitos empregos, o que é a fórmula ideal para os países pobres e os emergentes, como o Brasil: b) sua inquestionável capacidade de distribuir renda.
Isso faz da pequena empresa uma fábrica de desenvolvimento economica e socialmente sustentável.
O mecanismo é muito simples: a) crédito abundante, a juros compatíveis com a função social do objetivo proposto, subsidiado se preciso; b) sistema eficaz de informação de negócios; c) menos burrocracia - com dois “rr” mesmo; d) lideranças, que em vez de gastar tempo e energia tentando achar bodes expiatórios, trabalhem com vigor e proclamem aos quatro ventos “nós podemos crescer mais, sim”.
Nada desses bem comportados 2,5% e similares - como muitos "analistas" teimam em estimar para 2009 - que mais servem para esconder incompetências que ações efetivas para fomentar o crescimento e a distribuição de renda.
(Por quaisquer dúvidas sobre crédito para pequenos empreendedores e receitas para o desenvolvimento, não ter receio em consultar ao Prêmio Nobel da Paz de 2006, Muhammad Yunus e o Banco Grameen, em Bangladesh).
Foto: Muhammad Yunus, um dos exemplos mundiais do novo capitalismo.