
Para a imensa maioria dos campesinos chineses o passado de fome e penúrias ficou para trás e, muito possivelmente, seja justamente aí onde seja mais visível a verdadeira natureza do desenvolvimento na Nova China: este não é apenas econômico, mas tem um forte componente de equidade social, o que é um fator essencial para a sustentabilidade de sua pujante economia.
Mas esse resultado não é produto das forças incontroláveis dos mercados: toda essa reforma é fruto de uma longa reflexão dos dirigentes chineses, que perceberam muito bem a inviabilidade de um país com uma massa virtualmente explosiva de 800 milhões de campesinos quase sem nada para perder, o que corresponde à 60% de sua população de 1.350 milhões de habitantes. O que, simplesmente, poderia acender a fogueira que consumiria a China em algum momento nos próximos anos e levaria rajadas de destruição sobre toda Ásia. E poderia estender-se através dos mares e gerar ondas de instabilidade no mundo num efeito dominó incontrolável.
È claro que ainda persiste uma desigualdade muito grande entre a renda dos habitantes do campo e aqueles das cidades, que desfrutam de um poder de consumo individual três vezes maior. Mas existem planos, ora em pleno andamento, para duplicar o poder de compra dos campesinos nos próximos 12 anos, assim como um esforço muito grande para diminuir a brecha cidade-campo.
O que também acelera a necessidade da indústria chinesa em aumentar drasticamente a produção de bens de consumo de baixo preço com qualidade, o que vai exigir um formidável esforço de tecnologia, design, inovação e gestão.
O que, na opinião do influente pensador indiano, C.K. Prahalad, daria à China a liderança inquestionável no mercado mundial formado pelos integrantes da base da pirâmide social, que hoje podem ser estimados em fabulosos 5 bilhões de ansiosos futuros consumidores!
Esse deve ser o maior negócio do mercado real da segunda metade do Século XXI!
Foto: Povo Zhaoxing da étnia Dong numa zona rural da China.
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