quinta-feira, 18 de junho de 2009

A OUTRA FACE

A globalização não tem pai nem mãe, não tem profetas nem fundadores, muito menos objetivos, compromissos ou responsabilidades. Tem, isso sim, vítimas e aproveitadores.

Simplesmente aconteceu em algum momento esquecido nos primórdios da humanidade quando os homens, sem saber bem porque, buscavam pela violência ou pelo convencimento, partilhar os bens que as circunstancias e a natureza colocava a seu alcance.

Como não tem regras nem códigos de ética para obedecer, é livre para fazer o bem ou criar o mal, favorecer uns ou prejudicar outros, impulsionar ondas destruidoras – vide “crise” atual – ou permitir que o mundo desfrute da bonança do crescimento, como aconteceu nos últimos anos.

É bem verdade que através dos séculos, na sombra de toda teoria econômica inventada pelo homem, esse fenômeno foi se fortalecendo e ganhando espaço num planeta cansado de tanta exploração e desatinos. Isso, até chegar ao ápice nas últimas décadas, quando os interesses dos que tudo podem encontraram o aliado ideal no casamento da tecnologia com os mercados.

Esses três – interesses, tecnologia e mercados - têm como padrinhos de honra o egoísmo, a cobiça, a indiferença e um materialismo desenfreado para assolar os recursos (finitos) do planeta.

Em tempo: analistas da UNCTAD calculam que se toda a humanidade tivesse o mesmo nível de consumo que aquele dos EE.UU. em 2007, seriam necessários 4-5 planetas Terra para atender essa fabulosa demanda!

Esse é o lado obscuro da globalização, em luta permanente com sua face radiante, que está (ou parece estar) orientada para a paz, a qualidade de vida, o desenvolvimento sustentável e a justa distribuição da riqueza universal.

O que fica meio difícil é tentar explicar a alguém que perdeu seu emprego ou seu negócio, em qualquer lugar do mundo, em função direta (ou indireta) da chamada “crise”, é que isso ocorreu em conseqüência dessa “tal globalização” que agora está mostrando um de seus aspectos mais sórdidos. E que muito provavelmente tudo começou porque dezenas de banqueiros – ou melhor, altos executivos do sistema, especialmente nos países ricos - deixaram que a ganância falasse mais alto que a prudência. E que tiveram a colaboração irresponsável de alguns milhões de consumidores afoitos, daqueles que gastam mais do que podem.

Claro, o descontrole e falta de regras adequadas por parte das instituições financeiras, tanto as nacionais como as internacionais, teoricamente criadas para controlar os excessos do sistema, também deram uma ”mãozinha”, cúmplices que são dos descalabros do "sistema".

E não deixa de ser justa a pergunta: “O que tenho eu com isso”?

Infelizmente, todos estamos no mesmo barco, ainda que alguns viagem na primeira classe e a maioria se amontoa nos frios porões da nau – agora sem rumo – da “globalização”.

Mas, o futuro ainda não foi escrito.

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