quarta-feira, 10 de junho de 2009

OS CÚMPLICES


O impacto devastador do cataclismo das finanças mundiais – e de sua irmã gêmea, a economia global – vai antecipar a mudança da arquitetura do “sistema” - aqui definido como o "grande arranjo entre os amigos que monopolizam o poder ” - que teve início, nos tempos modernos, quando Adam Smith - sem dúvida, uma das mentes mais lúcidas que enriqueceram o saber econômico da humanidade – publicou sua mais que famosa “Riqueza das Nações”, em 1776, proporcionando às minorias dominantes da época a base teórica do modelo capitalista&liberal, instrumento ideal para geração de riquezas........ás custas da maioria! Isso, sob a justificativa infalível de que “o fim justifica os meios”.


Nada de novo, porque o mundo sempre foi moldado pela força - ou pela ameaça de se uso – e aqueles que, de um modo ou outro, detinham poder econômico (nações, grupos, corporações) também tinham farto acesso e controle das armas e de seu poder coercitivo.


O que causa espanto – e muita desconfiança, diga-se de passo – são as dimensões do caos internacional, o envolvimento ruinoso das maiores empresas do mundo numa roda viva efeito-causa-efeito e a incapacidade (ou, quem sabe, também a prova de incompetência descomunal?) para antecipar dificuldades por parte dos executivos que integram os círculos dirigentes das empresas transnacionais – exemplo triste, General Motors - das grandes instituições mundiais – como o Fundo Monetário Internacional – e os Estados do Primeiro Mundo e seus Bancos Centrais.


As vezes até parece que na luta para manter cargos – e seus benefícios extraordinários – as elites dirigentes optaram por ignorar (esconder?) a real dimensão dos problemas. E que, individualmente, não é de bom tom comentar possíveis catástrofes e correr o risco de ser tachado como pessimista, imagem incompatível com a postura tradicional do executivo bem sucedido. Bem, é claro que podem existir outros motivos condenáveis os quais, em certos casos, poderão vir à luz no futuro.


Mas, o que é muito difícil de engolir é que, de uma hora para outra, instituições financeiras e empresas, tidas entre as mais sólidas, respeitadas e confiáveis do planeta, apareçam de joelhos pedindo – pelo amor de Deus! – auxílio aos governos, ou vendendo seus ativos ao preço da desesperação ou simplesmente, entrando em falência.


E tem mais:esse dinheiro salvador, não tenham dúvida, sairá do bolso dos consumidores (contribuintes), tanto de forma de mais impostos como, o que é muito pior, na redução de serviços e de obras essenciais para a qualidade de vida da população, lembrando que na vida real sempre a fatura maior é paga pela maioria que menos têm.


E não devemos esquecer que se têm uns vilões que merecem paredão são as “famosas-infalíveis- respeitadas-temidas-poderosas” agencias de classificação de riscos - leia-se Standard & Poors, Moody`s, Fitch e congêneres as quais, por dever de ofício, deveriam ter emitido os sinais de alerta em

tempo hábil, o que ajudaria a reduzir os estragos. Ao final das contas, servem para quê mesmo?


Essas, têm culpa no cartório que registra as falcatruas do “sistema”.

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