terça-feira, 6 de janeiro de 2009

LIÇÕES QUE A CRISE DEIXOU EM 2008

O vendaval financeiro que assolou nosso sofrido planeta em 2008, deixou algumas marcas e lições que, tais como feridas de guerra, não serão esquecidas tão cedo.

Em primeiro lugar, deixou bem claro que a globalização – fenômeno, econômico, político, social, planetário e perverso - trata os desiguais de forma igual e com sua força avassaladora não reconhece fronteiras, não deixa ninguém de fora e coloca grandes e pequenos no mesmo redemoinho.

Ou seja, ficou mais que evidente que, direta o indiretamente, no curto ou médio prazo, todos dependemos de todos. E que a desgraça de uns, tal como a bonança, é tão contagiosa como essas gripes repentinas que vêm, quem sabe de onde, para estropiar nosso bem estar.

Em tempo: o dito acima não se aplica só aos países, senão que também à empresas e pessoas.

Outra lição – e por favor, não vamos esquecer essa - é que o Brasil é uma peça muito importante (fundamental?) no futuro rearranjo da frágil arquitetura das finanças internacionais e no ordenamento mais justo das relações econômicas internacionais.

Depois, vale a pena lembrar que os badalados “gênios da administração” estão em forte baixa nas bolsas globalizadas de talentos empresariais. Para quem não lembra, são aqueles executivos que, em busca de melhores resultados, não vacilam em fechar fábricas, cortar empregos, desmontar organizações e pôr milhares de pessoas na rua da amargura. Mas tudo com classe, olhando de cima de seus vistosos títulos acadêmicos, com a soberba dos indiferentes às necessidades humanas. No fundo, no fundo mesmo, a maior habilidade de muitos desses ditos “salvadores da pátria” é de apenas deixar-se levar pela correnteza das circunstâncias, abraçados num excelente programa de promoção pessoal.

Outro interessante motivo para reflexão é analisar o papel da imprensa nessa estória toda. Sem dúvida, teve (e tem) um desempenho essencial para informar, questionar e analisar ainda que, de acordo com as declarações de muitos governantes, houve alguns exageros, do tipo “ um pouco de lenha na fogueira é sempre bom”. Quem sabe, nos tempos futuros, o eterno debate entre responsabilidade e liberdade seja enriquecido com novas idéias e conceitos.

Muitos afirmam – com razão, acho – que 2008 será lembrado também como o ano do início do fim do capitalismo, pelo menos tal como o conhecemos hoje, dependente que é do poder anônimo, tirânico e absoluto do “deus mercado”, que dita as regras e a forma do “sistema”.

Até pode ser. Será uma boa oportunidade para verificar-se o que tem de positivo um namoro (firme) de Karl Marx com Milton Friedman que, desde já, conta com o apóio incondicional de John K Glbraith.

De tudo essa baderna, os governos saíram por cima e o Estado ficou fortalecido. Tomara: não se tem memória de tantas e tão grandes empresas estendendo a mão para receber recursos oficiais, aparentemente inesgotáveis. Mas esse dinheiro público tem um custo nefasto, desde que significa ainda menos recursos – já insuficientes - para a infra-estrutura física e social dos países, a começar pelos pobres e os emergentes. Traduzindo: mais fome, mais doenças, mais miséria, menos esperanças, menos qualidade de vida, menos empregos, tudo alimentando o círculo vicioso do desespero.

Isso, em todo o mundo e de todos os modos imagináveis, seguindo um dos mandamentos imutáveis da história: os que mais precisam e menos têm vão pagar a maior parte dessa astronômica fatura.

Não é o fim do mundo. Tem saídas. Por agora, cabe lembrar que, apoiados na experiência de 5.000 anos de civilização, os chineses consideram as crises como o melhor adubo para o arvore da oportunidade e do empreendedorismo.

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