sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A ÀGUIA E O DRAGÃO


As altas autoridades dos EUA e da China não vacilam em destacar que um bom relacionamento entre os dois gigantes será crucial para acelerar a recuperação da economia mundial, que por um bom tempo sofrerá as conseqüências dos desatinos dos gestores das finanças internacionais, sempre ávidos em aumentar suas ganâncias “duela a quién duela”.


Antecipando sua primeira visita oficial ao “Império do Meio”, a Secretária de Estado, Hillary Clinton, destacou que “os EUA esperam aprofundar seus laços com China e melhorar os meios para expandir uma cooperação que é vital para ultrapassar, no menor tempo possível, a crise que nos afeta a todos”.


Ë que nas últimas décadas, a China confirmou, ano após ano, paciente e persistentemente, sua vocação e sua capacidade para vir a exercer um papel de protagonista no cenário internacional. Pragmaticamente, além de fazer parte do seletíssimo clube das potências atômicas e do trio de nações que monopolizam a exploração espacial – o que traduz excelência tecnológica e científica nas principais áreas do conhecimento – tem assombrado o mundo com taxas de desenvolvimento econômico inigualáveis nos últimos 30 anos, nunca antes verificadas na historia conhecida por nenhuma nação ou região do planeta.


Deixando de lado as conturbadas relações e as inimizades de tempos passados, numa jogada estratégica absolutamente inacreditável no

xadrez da “guerra fria” foi a visita de Nixon à Beijing, em Fevereiro de 1972, que iniciou o caminhada de aproximação China-EUA, distanciados e adversários declarados desde que os exércitos vitoriosos de Mao, em1949, expulsaram para Formosa (Taiwan) as derrotadas tropas de Chan-Kai-Sek, apoiado pelos EUA. Nixon, numa rara antecipação do futuro, qualificou o período de sua visita como “a semana que mudou o mundo”.


Foi, realmente. E de um modo que só historiados futuros, numa perspectiva mais pragmática e sem a influência das paixões do momento, poderão avaliar.


Hoje, uma densa teia de interesses une os dois países e contribui diretamente para manter o equilíbrio entre as duas potências, apesar de seus arranca-rabo com relação à Taiwan, Tibet, direitos humanos, trabalho escravo, direitos autorais, patentes, cotação do yen, eleições livres, sistema de governo, limitação de exportações para os EUA, dumping, e por aí vai. Na vida real, os dois países são os maiores sócios comerciais do planeta; os baixos preços dos produtos chineses ajudam a controlar a inflação nos EUA e aumentam o poder de compra dos americanos; os EUA, que são, disparados, o maiores inversores de capital privado na China, têm participação em mais de 12.000 empresas no país, inclusive muitas de tecnologia de ponta, somando investimentos diretos de mais de US$ 500 bilhões; a China, por sua vez, tem mais de US$ 600 bilhões de suas reservas aplicados em bônus do Tesouro Americano; empresas e instituições de ambos países fazem trabalhos conjuntos de pesquisa em dezenas de áreas estratégicas; o intercambio tecnológico, científico, educacional e cultural atinge níveis impressionantes e cresce aceleradamente


A lista de interesses comuns é longa. Felizmente!

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