sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O QUINTO CAVALEIRO

Lições

Com poucas ainda que expressivas exceções, as grandes empresas, pelo planeta afora, seguem um determinado instinto de rebanho correndo atropeladamente para ganhar tempo ao tempo na velocidade das demissões, na redução do ritmo de atividades e na suspensão apressada de quaisquer investimentos.

Ou, em outras palavras, ajudam a cavar mais fundo e mais rápido o buraco de uma provável depressão global, que de virtual, vem se transformado em fato real e consumado. E ainda, para piorar as coisas e jogar uma pá de cal sobre o túmulo do agora desdenhado “desenvolvimento” – seja aquele sustentável, seja o tradicional e conhecido predador, tanto faz – deixam a triste impressão que está chegando – ou já chegou?- a hora do “salve-se quem puder”.

Será que não está faltando uma boa dose de bom senso empresarial? E que esse tipo de atitude – “não existe outra solução” afirmou um conhecido economista inglês, defensor acérrimo do sistema capitalista&liberal – apenas serve para agravar a crise na medida em que acelera a rapidez da depressão, puxada agora pelos quatro cavaleiros (*) do final dos tempos da prosperidade: menos emprego, menos renda, menos consumo, menos produção.

Realmente, depois de quase oito décadas de estudos, teorias avançadas, tecnologias de ponta, consultorias pós-modernas, computadores, inovações, badalados executivos de ouro, enfim, era de esperar-se que as lições dos anos 30 fossem melhor aproveitadas e os erros daquela época sombria não voltassem a estender seus tentáculos para afundar - outra vez !- as esperanças de uma vida melhor para a maioria das pessoas deste planeta azul.

Protecionismo

Dirigentes, estadistas, líderes, diplomatas, estudiosos, historiadores e todos aqueles que se debruçam sobre a realidade com isenção, são unânimes em afirmar de que o avanço do comércio internacional é uma formidável alavanca para o crescimento da economia globalizada. Ainda mais: esse comércio além fronteiras é um dos principais fiadores da paz mundial!

Ainda assim, o monstro do protecionismo está tentando sair da cova e cavalgar, renda solta, entre as boas relações das naçoes do globo!

O perigo é que, no avanço das águas turbulentas da crise sem rumo, as lideranças políticas – essas sim temerosas e sem referências históricas - tentem reduzir os contatos comerciais (e outros!) com os demais países, ainda que às custas de um pouco de inflação.

Em tempo: o próprio Departamento do Comércio dos EUA reconhece que a importação de produtos mais baratos que os similares nacionais têm ajudado a combater a inflação, aumentado o poder de consumo dos americanos e transferindo renda (e empregos!) para o setor de serviços.

Então, para reduzir ao mínimo os contatos com o exterior são erguidas as mais altas e sólidas muralhas, construídas com a promoção do consumo exclusivo de produtos nacionais; aumento de tarifas de importação; todo tipo imaginável (e por imaginar) de restrições à entrada de produtos estrangeiros; incentivo a atuação da “burrocracia” (com dois erres, mesmo) para “fechar” as fronteiras para tudo o que vem de fora. E muito mais!

¨É natural que do outro lado vem a resposta em forma de retaliações e contramedidas. São mais de 200 países que vão ser tentados a seguir o exemplo dos “grandes”! Em 5/6 anos a peste estará globalizada! Depois.....

Felizmente, têm vozes esclarecidas que advertem os perigos de uma epidemia de protecionismo, como as do presidente da Reserva Federal de Dallas, Richard Fisher, que pintou com cores fortes sua opinião em entrevista no canal C-Span: "O protecionismo é o crack da cocaína na economia”. E, no Fórum Econômico de Davos, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown, mais comedido, afirmou: “Os países não devem recorrer ao protecionismo e sim unir-se para combater a crise financeira global”.

Cuidado! É a vez para que lideranças esclarecidas evitem que os interesses inconfessáveis de alguns aumentem os efeitos nocivos da doença da economia globalizada neste ano de 2009.

(*) Os Quatro Cavaleiros da Revelação ou Apocalipse são personagens bíblicos descritos na terceira visão profética do Apóstolo João.

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