sábado, 11 de abril de 2009

CORAGEM

Na medida em que a “crise globalizada” faz pedaços os fundamentos da economia mundial, uma coisa está clara: para evitar outra tempestade financeira de tal magnitude, todas as partes com poder de decisão precisam contribuir para uma virada radical das posições que privilegiam o interesse de minorias, bastantes poderosas para influir diretamente na formulação de leis e regulamentos que protegem, de forma ardilosa, suas atividades.

Insistir em subterfúgios - como, por exemplo, usar o expediente mais que falacioso de jogar a culpa pela crise global nos países emergentes da Ásia lamentando seu ”excesso de poupança” -. é apenas uma mostra a mais do cinismo do “sistema”, que não assume –nem vai fazê-lo – sua responsabilidade pelo caos planetário.

Do lado de fora do muro de desculpas e argumentos erguidos para defender os “banqueiros brancos de olhos azuis”, na expressão do Presidente Lula, surgem dezenas de vozes com autoridade - e merece ficar registrado, com singular valentia - bastante para colocar tudo sob a luz da verdade, como nada menos que a do presidente da Reserva Federal dos EUA, Ben Bernake, que não vacila em afirmar que “os Estados Unidos e outros países industrializados carecem dos mecanismos de supervisão necessários para fiscalizar o setor financeiro”.

Ou, em outras palavras: não existem controles adequados para evitar a orgia desenfreada de irresponsabilidade na administração do fluxo, manejo e destino do dinheiro no mundo. Impera, com liberdade absoluta, a lei do mais forte (rico) em nome do “deus mercado” para competir sob a bandeira de “o que importa é ganhar mais, e mais, e mais".


Naturalmente, a ética, a honestidade e o interesse público não podem nem passar por perto e, não devemos esquecer, que aqui na terra tupiniquim temos alguns exemplos dignos de figurar num lugar de honra no registro de “os 1.000 mais desonestos e espertinhos do planeta”.

A rapidez de propagação e profundidade da crise também tem deixado sem pai e sem mãe a tese defendida a unhas e dentes pelo “sistema” de que “a mínima regulamentação é a melhor regulamentação”. Só em terra de anjos!!

Aqueles que apóiam um sistema estruturado sobre o “laissez-faire”- liberdade econômica sem intervenção do governo – deveriam aprender que as forças do mercado têm “um lado obscuro”, dominado pela cobiça, acobertado no egoísmo e turbinado pelo consumismo desenfreado.

E, em tempo de mudanças profundas, muitos países deveriam pôr as barbas de molho e fazer ajustes nas suas estruturas econômicas para fazê-las menos vulneráveis à crises num mundo onde a única certeza é que tudo muda.

Com a coragem necessária para enfrentar o custo político de decisões impopulares no curto prazo, para construir a muralha que defenderá o país das possíveis turbulências do futuro.

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