quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

UM NOVO GRANDE MERCADO

Em 2009, ano crucial para demarcar o límite da maior crise econômico-financeira dos últimos 80 anos, foram aplicadas muitas soluções inovadoras para reduzir o choque das ondas destrutivas geradas pelo aumento do desemprego, a queda do consumo, a falta de perspectivas e a paralisia causada pelo medo às imagens sombrias que antecipavam tempos futuros de muito sofrimento. Era preciso soluções urgentes para evitar o pior e, pelo menos, evitar o efeito dominó disseminado pela convulsão do aparelho liberal-capitalista que, agora sim, expunha sua execrável face oculta. De maneira especial, era necessário reduzir o impacto negativo da crise nas camadas da população que menos têm e que, sob qualquer ponto de vista, mais pagam pelas falhas dos “senhores do sistema”.
Grandes países, como o Brasil, Índia e China – que, juntos, reunem 2,7 bilhões de pessoas, 40% do total mundial – empregaram, com muita eficiência, um arsenal de medidas para aumentar o consumo interno, principalmente entre os grupos de menor renda. Assim, usaram mecanismos de lógica econômica para tal finalidade, como redução de juros, eliminação de impostos, aumento da disponibilidade de financiamento e facilidades de crédito. E o sucesso estava garantido, pois tinham como aliados indispensáveis a indústria – que reduziu margens e lançou milhares de novos produtos ajustados a essa classe de consumidores – e o comércio – que acreditando nesse novo mercado, não deixou de investir e de disseminar seus pontos de venda.
Esse “ás na manga” suavizou o efeito da queda média de 22% das exportações nesses países – algo como US 300 bilhões – e abriu um espaço imenso para novas empresas, assim como deu sustentabilidade às existentes, entre as quais são destaque as pequenas e médias (P&M) de capital nacional e que atendem, preferencialmente, os mercados locais e regionais. Bem, o efeito positivo disso no tempo tem, pelo menos, o impacto de uma revolução sócio-econômica-mercadológica de consequências benêficas impressionante nas relações entre produtores & comerciantes & consumidores, assim como, não menos importante, amplia o leque de oportunidades para uma real democratização da matriz econômica, tradicionalmente dependente de grupos poderosos com interesses nem sempre voltados para as classes que formam a base da pirâmide social.
Guardadas as diferenças conceituais e técnicas para sua definição em cada país, esses “consumidores especiais do Século XXI”, agrupam números impressionantes, com 980 milhões em China; quase 900 milhões na ìndia; e 140 milhões no Brasil.
Coimbatore Krishnarao Prahalad, economista indiano e afamado consultor internacional, em seu livro “A Riqueza na Base da Pirâmide” desvendou as tremendas oportunidades de mercado oferecidas pelos “pobres do planeta”, destacando o imenso desafio que tem que ser enfrentado pelas nações e as empresas que, para ganhar posições nesse imenso mercado, precisam produzir em novos patamares de quantidade, preço e qualidade, fortemente ajustados a esse novo perfil de consumidor-cliente.
Não está demais lembrar que, nessa corrida, os asiáticos estão na dianteira, liderados por seus dois grandes expoentes: China e Índia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário